A Associação Atlética Feirense, academia de artes marciais de Feira de Santana fundada há mais de 70 anos, está enfrentando problemas financeiros. O baixo número de alunos representa a principal dificuldade da instituição. O professor Renato Pereira, faixa preta em karatê e responsável pela academia, detalhou a situação em entrevista ao portal Acorda Cidade.
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“Infelizmente, a academia ficou fechada durante 3 anos, eu perdi 90% dos alunos. Eu tinha diariamente treinando 250 atletas, entre judô, jiu-jitsu e karatê. Hoje eu estou dando aula a 15 alunos. Então, automaticamente foram 92% o prejuízo. A gente está tentando recuperar os pouquinhos, eu estou trabalhando no vermelho, mas a gente vai levando para ver se dá certo”, contou.
Pereira afirmou que o atual momento econômico do país pode estar influenciando nas matrículas. ”A situação do povo não é boa, porque ninguém tem dinheiro, as coisas estão todas caras, terrivelmente e, os pais pensam duas vezes para colocar a criança, o adolescente ou o juvenil para treinar. Então, está muito difícil, são três filiações: Federação Baiana de Judô, Federação Baiana de Karatê, Federação Baiana de Jiu-Jitsu, tudo isso é caro, uma mensalidade hoje dessas federações na Bahia é R$ 200”, afirmou.
Aluguel
A Associação Atlética Feirense funciona há muitas décadas no mesmo prédio, localizada na Rua Intendente Rui, no centro de Feira de Santana. Apesar deste tempo de atuação, o professor Renato Pereira revelou que não é o proprietário do espaço.
“Infelizmente, pago aluguel, se estivesse pagando seria uns R$ 10 mil por mês, não estou pagando recentemente porque está na justiça, porque o que diz que é dono, que não é dono, entrou na justiça pedindo usucapião. Em 1947, aqui foi construído para um albergue noturno. Inclusive, o pai do que diz que é dono fazia parte da comitiva que fundou o albergue noturno. Em 1948, a prefeitura desapropriou o albergue noturno e passou a ser uma academia profissional. Ele, na realidade, não tem uma prova, não tem escritura, não tem nada. A Associação Atlética Feirense é de utilidade pública. Ele tinha que pedir do lado de lá que pertence a ele, mas aqui não, aqui está no registro, em nome da Associação”, afirmou o professor ao Acorda Cidade.
Novo Karatê
Ao longo de mais de sete décadas à frente da Associação Atlética Feirense, o faixa preta Renato Pereira pode acompanhar de perto a evolução do Karatê, uma arte marcial japonesa. Ele revelou que não considera como positivas todas as mudanças que a modalidade sofreu com o passar dos anos.
“O Karatê mudou muito, antigamente era arte marcial mesmo, era combate. Hoje, com o Karatê Olímpico, pré-olímpico, mudou muito as normas, dificultou muito para nós que somos mestres de artes marciais, por isso eu acho que o público caiu muito. Hoje, numa competição de Karatê, o cara toca no peito, é ponto, é Ippon, é Waza-ari, é Yuko. Antigamente não era assim. Você tinha o ponto, tinha que ser ponto mesmo”, afirmou o mestre.
Mas o professor considera que a modalidade também passou por mudanças significativas. “Por outro lado, o Karatê Olímpico melhorou, porque hoje você tem que usar protetor bucal, tem que usar luvas, tem que usar também a botinha nos pés, para evitar acidentes. Para esse lado, melhorou”, finalizou Renato, afirmando que medidas que visam à segurança dos atletas são sempre positivas.
Com informações do repórter Paulo José do Acorda Cidade
Reportagem escrita pelo estudante de jornalismo Jefferson Araújo sob supervisão do jornalista Gabriel Gonçalves
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