Saúde

O impacto do uso excessivo de smartphones no desenvolvimento infantil

Estudos recentes mostram que, enquanto os smartphones podem facilitar a aprendizagem em contextos específicos.

uso de telas por crianças ft freepik rawpixel
Foto: Rawpixel.com/Freepik

O uso excessivo de smartphones entre crianças tem sido identificado como um problema significativo que afeta negativamente o desenvolvimento cognitivo e comportamental. Estudos recentes mostram que, enquanto os smartphones podem facilitar a aprendizagem em contextos específicos, seu uso predominante para fins recreativos, como redes sociais e jogos, está prejudicando a aquisição de habilidades essenciais.

📲 NOTÍCIAS: siga o canal do Acorda Cidade no WhatsApp

Impacto no desenvolvimento linguístico e comportamental

Rosina Fransisca J. Lekawael, em 2017 demonstrou que, embora os smartphones possam ser ferramentas úteis para a aprendizagem da língua inglesa, a maioria das crianças os utiliza principalmente para acessar redes sociais e jogos, em vez de recursos educativos. “Esse comportamento não só compromete o desenvolvimento de habilidades linguísticas, como leitura e escrita, mas também desvia a atenção das atividades acadêmicas, essencial para um aprendizado eficaz”, afirma Lekawael.

Yulia Rachmawati Hasanah e Alwin Widhiyanto (2023) descobriram uma forte correlação entre padrões parentais permissivos e o uso excessivo de smartphones por crianças de 4 a 5 anos. A falta de restrição e acompanhamento pelos pais amplifica os efeitos negativos, resultando em comportamentos desajustados e dificuldades de atenção.

Consequências durante a pandemia de Covid-19

Durante a pandemia de covid-19, pesquisa conduzida por Tri Yuni Hendrowati e Miftachul Huda publicada em 2022 destacou que o uso contínuo de smartphones teve impactos negativos significativos no comportamento das crianças. As crianças passaram a depender dos smartphones não apenas para aprendizagem, mas também para entretenimento, resultando em um aumento de comportamentos problemáticos e diminuição da interação social e física.

“Esse uso excessivo pode levar a alterações na morfologia cerebral, como sugerido por diversos estudos, aumentando a predisposição para distúrbios de ansiedade e dificuldades de foco, muitas vezes confundidos com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH)”, explica a pesquisa.

A internet está tornando as pessoas menos inteligente

Dr. Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues em seu artigo publicado em 2018, argumenta que a internet está tornando as pessoas menos inteligentes.

Dr. Fabiano de Abreu Agrela
Foto: Divulgação / MF Press Global

“As crianças de hoje enfrentam maiores dificuldades em tarefas básicas como leitura ou pesquisa, sendo viciadas no mundo online que garante uma alta dose de dopamina a cada clique. Esse ciclo vicioso de conquistas fáceis e imediatas gera mais ansiedade e cansaço devido à liberação de cortisol e outros hormônios, resultando em fadiga. Esse comportamento prejudica a atenção e a memorização, essenciais para a aquisição de conhecimento”, argumenta Rodrigues.

Interações pai-filho e desenvolvimento emocional

Finalmente, uma revisão sistemática realizada por Aleksandra Novakov Mikic e Annette M. Klein publicada em 2022 revelou que o uso de dispositivos digitais pelos pais na presença de crianças pequenas afeta negativamente a qualidade da interação pai-filho, prejudicando o desenvolvimento afetivo e cognitivo das crianças. Esses resultados indicam a necessidade urgente de estratégias educativas que minimizem o tempo de tela e incentivem atividades mais interativas e físicas, promovendo um desenvolvimento mais saudável e equilibrado.

Debate e conclusão

O uso excessivo de dispositivos móveis e a falta de regulamentação institucional são os grandes desafios da atualidade, impactando significativamente o desenvolvimento cerebral, especialmente em crianças e adolescentes. Proibir os celulares em escolas é crucial, já que o uso descontrolado desses dispositivos interfere na neuroplasticidade, essencial para o aprendizado e amadurecimento cerebral.

“As redes sociais, com suas recompensas imediatas e conteúdo superficial, sobreestimulam o sistema de recompensa do cérebro, liberando dopamina em excesso. Essa sobreestimulação compromete o córtex pré-frontal, responsável pelas funções executivas como atenção, planejamento e controle de impulsos. O resultado é um ciclo vicioso de busca por gratificação instantânea, prejudicando a capacidade de concentração e o aprendizado profundo”, alerta o neurocientista.

“Em longo prazo, esse uso descontrolado pode levar a alterações na morfologia cerebral, como a redução da massa cinzenta em áreas cruciais para o desenvolvimento cognitivo e emocional. A solução para um futuro promissor reside em resgatar hábitos do passado, incentivando atividades ao ar livre, contato com a natureza e interações sociais saudáveis, que estimulam a produção de serotonina e outros neurotransmissores essenciais para o bem-estar e a saúde mental”. Finaliza o Dr. Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues.

Siga o Acorda Cidade no Google Notícias e receba os principais destaques do dia. Participe também dos nossos grupos no WhatsApp e Telegram

Inscrever-se
Notificar de
0 Comentários
mais recentes
mais antigos Mais votado
Feedbacks embutidos
Ver todos os comentários