O frio realmente chegou?

Inverno 2024: geógrafo aborda condições meteorológicas para a estação mais fria do ano  

O São João no interior, a exemplo de Feira de Santana e região, teve pouca chuva, com aquela garoa fina em alguns momentos da segunda-feira.

Frio, inverno
Foto: Ricardo Wolffenbütte/Secom

O São João passou e deixou o friozinho do inverno na região de Feira de Santana. O Acorda Cidade conversou com o professor e doutor em Geografia, Jémison Santos, coordenador do grupo de Pesquisa, Ciência, Tecnologia em Evolução da Paisagem, Solos e Planejamento da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs) para comentar sobre como pretende ser o inverno na região este ano.

O São João no interior, a exemplo de Feira de Santana e região, teve pouca chuva, com aquela garoa fina em alguns momentos da segunda-feira (24), mas nada para deixar as pessoas sem aproveitar os festejos juninos.

Jémison Santos |
Jémison Santos | Foto: Arquivo Pessoal

“O que acontece de fato é que nós temos uma atmosfera que está mais quente. Nós saímos do período do El Niño, estamos agora na fase neutra, de transição, o Oceano Pacífico está se resfriando até rapidamente, mas não podemos esquecer que ainda estamos no contexto de mudanças climáticas e, precisamos compreender que passamos 12 meses de temperaturas elevadas em termos globais. A gente entra no inverno com essas temperaturas elevadas”, declarou. 

Umidade

A umidade do ar em Feira de Santana pode variar entre 39% e 89%, com uma média prevista de 76% nos próximos dias. Embora Jémison não seja especialista da área de saúde, ele afirma que altos níveis de umidade podem causar transtornos de saúde, por isso, é importante ficar alerta aos sintomas gripais e ao morfo dentro de casa.

Temperaturas 

Em relação às temperaturas mínimas e máximas previstas para o inverno em Feira de Santana, deve variar em torno de 28ºC e 17ºC, como explicou o geógrafo.

“Então esses primeiros dias do inverno, essa variação vai estar dentro dessa casa, importante está bem agasalhado”, aconselhou.

alagamentos em Feira de Santana
Ilustrativa | Foto: Andrews Pedra Branca

Vai chover no inverno?

Segundo o geógrafo, em comparação a 2023, deve haver mais dias frios, embora ainda prevaleçam os dias quentes. O inverno passado foi atípico devido ao El Niño, que aqueceu no Atlântico Norte e afetou a costa brasileira, incluindo, o interior da Bahia. No ano passado, julho teve o mês mais quente desde 1961, segundo Jémison.

De acordo com ele, vai haver pancadas rápidas de chuva, geralmente à tarde e no período da madrugada, mas com baixa frequência. Este ano, o inverno terá características de primavera.

“De modo geral, o que podemos dizer é que a previsão no número de dias quentes seja maior que de dias frios. Então se fizermos uma analogia, vamos ter mais dias de frio do que em 2023, porque em 2023 estávamos com uma influência do El Niño. Mas precisamos lembrar que não tivemos um inverno característico em 2023. Julho foi o mais quente desde 1961, estava sobre influência do El Niño, ou seja, aquecimento das águas do Atlântico Norte afetava a costa brasileira, a costa nordestina, o interior da Bahia”, explicou.

Comparando o período atual com o São João anterior, o geógrafo pontuou que é interessante notar algumas mudanças. Em 2023, os dados mostraram um inverno com volumes de chuva irregulares, sem uma tendência clara de chuvas abaixo ou acima da média, um fenômeno conhecido como anomalia de precipitação.

Historicamente, o inverno foi sinônimo de clima seco, especialmente na região central e parte do nordeste do Brasil. No entanto, o verão e outono de 2023 foram extremamente quentes, e o inverno começou com temperaturas elevadas. Em julho de 2023, houve um aumento de chuvas na parte centro-leste da Bahia, mas em agosto, a extensão das áreas com chuva diminuiu em comparação com julho, com chuvas elevadas apenas em uma pequena parte do sul e sudeste do estado.

O geógrafo explicou que em um cenário comparativo entre 2023 e 2024, existe uma tendência de chuvas abaixo da média em grande parte do país.

“Para 2024, a característica é outra. Espera-se um cenário de chuva abaixo da média em grande parte do país. No Nordeste, especificamente na Bahia, a tendência é de chuvas dentro da média nas regiões leste, sudeste, noroeste e oeste do estado. Em Feira de Santana, a previsão indica uma faixa estreita que se estende do nordeste da Bahia até o Sul e Sudeste do Brasil, com chuvas um pouco abaixo da média”, disse.

Vai haver surpresas climáticas?

Depois do El Niño no ano passado, Jémison afirmou que o inverno de 2024 já começa com temperaturas pouco elevadas. Vai haver mais chuvas no litoral, especialmente na costa leste do Brasil, incluindo o litoral baiano, devido ao aquecimento das águas do Oceano Atlântico. Isso resultará em um inverno mais chuvoso no litoral e seco e frio no interior da Bahia, embora não com muitos dias seguidos de frio.

No Sul, como no Rio Grande do Sul, há previsão de temperaturas mínimas de cerca de 5ºC, como em Dom Pedrito, e no Sudeste, como em Itapeva, mínimas de 10ºC. No Centro-Oeste, no Mato Grosso do Sul, ocorrerão pulsos de ar frio de curta duração, possivelmente dois dias de frio.

“As ondas de frio comumente ocorrem no Rio Grande do Sul. Então há uma característica que pode ocorrer geada, mas há um baixo risco da ocorrência de geadas, mas o que é curioso que são poucos dias de frio, a gente não vai ter aqueles dias suscetíveis, 10 dias de frio em que a gente pode tirar o casaco e usufruir desse frio, então essa gangorra, essa oscilação de temperaturas que variam de 4ºC e depois de dois dias volta para 33ºC”, explicou sobre outras regiões.

Essas oscilações incluem dias de frio seguidos de dias quentes, mas a atmosfera é dinâmica e previsões de longo prazo podem sofrer alterações.

Vai ter ondas de calor no inverno?

Ondas de calor também foram registradas em diversos momentos de 2023. Para o geógrafo, o El Niño continua influenciando as temperaturas, inclusive, no início deste inverno com temperaturas mais elevadas.

Ele explicou que as ondas de calor são quando registram temperaturas acima do normal por cinco dias consecutivos.

“É isso que a gente diz que é onda de calor quando as temperaturas variam acima do normal. Ou seja, quando a gente tem cinco dias seguidos de temperatura. Com temperatura de 5ºC acima da média. Então, necessariamente eu não preciso ter valores de 37ºC para falar que é onda de calor, até mesmo porque no inverno as temperaturas são mais baixas”, concluiu.

Com informações da jornalista Iasmim Santos do Acorda Cidade

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