A quadrilha é um símbolo muito forte das festas juninas e um dos elementos culturais mais emblemáticos do Nordeste brasileiro. Carregada de elementos típicos como figurino colorido e trilha sonora embalada pelo “anarriê”, as apresentações costumam ser bem animadas, o que garante diversão para um público de diversas idades.
Feira de Santana tem 25 quadrilhas catalogadas, sendo 20 tradicionais e cinco estilizadas, algumas quadrilhas tem mais de quatro décadas de atuação. Apesar do número significativo e da longevidade, para o coordenador de quadrilhas Galdino Oliveira, o popular ‘Guda Quixabeira’, a tradição precisa de incentivo. “Tinha um festival com um palco exclusivo para as quadrilhas. A gente precisa retomar isso, mudar esse cenário das quadrilhas juninas de Feira, porque é um potencial grande”, disse.
Guda coordena a Quadrilha Forró da Alegria, que faz apresentações com passos bem sincronizados há 53 anos. Ele destacou em entrevista ao Acorda Cidade que manter viva a tradição das quadrilhas traz benefícios para o comércio local. “Dá um impacto econômico, financeiro, porque ela movimenta todas as questões do figurino, chapéu, tudo isso é um impacto econômico que também chega para a gente, para a sociedade feirense. São mais de 24 pares de pessoas, é um impacto grandioso”, declarou.
A conselheira de cultura Mari Falcão concorda que as quadrilhas feirenses precisam de mais incentivo, ela contou quais são os principais eventos no calendário das atrações. “O Arraiá de Sant’Ana era o ponto forte em Feira de Santana e ele se perdeu por causa da falta de apoio político do estado e do município. A gente tem a federação de quadrilhas, que é a Febaq [Federação Baiana de Quadrilhas Junina], porém, neste concurso, somente as quadrilhas estilizadas e afiliadas participam. Tem outros concursos também que ocorrem fora, mas é pouco”, destacou.
A conselheira destacou quais medidas que estão sendo adotadas visando a valorização das quadrilhas. “Desde o ano passado, as quadrilhas dançam no São João em São José e o São Pedro em Humildes. Porém, ainda não temos esse palco separado, que é a nossa grande intenção, ter uma arena só de quadrilheiros e voltar, sim, com o grande festival aqui em Feira”, afirmou Mari, destacando que grupos participam do Arraiá do Comércio com o apoio do Sesc.
Guda Quixabeira contou que participou recentemente de um festival de quadrilhas no município de Coração de Maria, que fica cerca de 113km da capital baiana. Ele afirmou que ficou encantado com as apresentações de 19 equipes. De forma esperançosa, o coordenador aguarda que um evento semelhante aconteça em Feira de Santana.
“Esperamos que a gente consiga fazer um festival grandioso em Feira de Santana que encontre todas essas quadrilhas tradicionais, estilizadas, para que eles tenham esse momento lindo. É importante que a gente traga isso para Feira de Santana, e isso seja marcado, porque a gente tem 25 quadrilhas. Imagine aí, essas 25 quadrilhas juntando todo mundo e com o público que vem assistir, para você ver o tamanho do festival que vai ser?” finalizou.
Tradicionais e Estilizadas
Apesar de toda tradição cultural que as quadrilhas carregam, o ambiente também comporta inovações. Para atender às necessidades, as quadrilhas dividem-se em tradicionais e estilizadas. A conselheira de Cultura Mari Falcão explicou a diferença entre os estilos.
“As quadrilhas tradicionais vão trazer as vestimentas mais características, mantendo mesmo essa cultura como era antes. Trazendo também um marcador, sinalizando o que os bailarinos vão fazer, olha a cobra, olha a chuva, caminho da roça, faz a roda do casamento. Enquanto as quadrilhas estilizadas estão tentando trazer de uma forma mais elaborada, traz o cenário, teatro, cria-se um tema, traz também uma luxuosidade maior nos figurinos”, disse a conselheira.
Com informações do repórter Paulo José do Acorda Cidade
Reportagem escrita pelo estudante de jornalismo Jefferson Araújo sob supervisão do jornalista Gabriel Gonçalves
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