O líder da oposição no Senado Federal, Rogério Marinho (PL-RN), enviou representação ao Tribunal de Contas da União (TCU) nesta quarta-feira (12), pedindo a investigação de um suposto “gabinete da ousadia”, criado com a missão de divulgar notícias falsas que beneficiem o governo federal e prejudiquem adversários políticos.
No texto, o senador pede que o TCU apure suposta utilização indevida de recursos públicos pela Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom), chefiada pelo ministro Paulo Pimenta.
“Chama a atenção a demonstração da utilização da máquina pública em desvio de finalidade, em especial confundindo as esferas pública e a privada, incluindo a utilização de marqueteira contratada pelo PT, que cumpre expediente no Palácio do Planalto, numa verdadeira usurpação de função pública”.
Nesta tarde, parlamentares da oposição fizeram uma manifestação no Salão Verde da Câmara dos Deputados cobrando investigações sobre o tema.
A existência do gabinete começou a ser comentada em Brasília após reportagem do jornal “Estado de S. Paulo”, divulgada na terça-feira (11), que cita a suposta atuação de um criador de conteúdo ligado ao PT para reproduzir desinformação e ataques a adversários políticos do partido, reproduzindo a fórmula do “gabinete do ódio”, na gestão Bolsonarista (relembre mais abaixo).
De acordo com a publicação, integrantes da Secom e representantes do partido teriam “reuniões de pauta” com o influenciador, para criar e debater o conteúdo dos disparos em massa. A matéria também destaca que não há financiamento da Secom.
Em outra frente, a senadora Damares Alves (Republicanos-DF) procurou o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), solicitando que ele inclua o influenciador petista citado no texto, identificado como Thiago dos Reis, como investigado no inquérito das milícias digitais.
“Ao manter o presente inquérito ativo, pretende atuar no combate a todo tipo de conduta eivada de desinformação nas redes sociais e, de forma imparcial, deve apurar a situação descrita na matéria jornalística indicada e inibir qualquer tipo de desinformação, que fere as liberdades democráticas ao induzirem o público a formarem opiniões, positivas ou negativas, muitas vezes, influência de falsas premissas conscientemente propagadas, como rotineiramente ocorre com o denunciado”, diz o pedido enviado a Moraes.
‘Gabinete do ódio’
Durante o mandato do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que chefiou o Planalto entre 2018 e 2022, foi divulgada a existência de uma rede bolsonarista para a disseminação em massa nas redes sociais de informações falsas em favor do então chefe do Executivo e contra opositores do governo, conhecida como “gabinete do ódio”.
Em delação à Polícia Federal (PF) o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Barbosa Cid, confirmou que e três assessores presidenciais utilizavam a estrutura do governo, em uma sala do Palácio do Planalto, para produzir parte do conteúdo que o então presidente difundia para seus contatos e nas redes sociais.
Segundo a investigação da PF, o material continha ataques às instituições democráticas, como o Supremo Tribunal Federal (STF).
O depoimento de Cid foi prestado em 28 de agosto como parte de seu acordo de delação premiada – firmado com a PF e homologado em 9 de setembro pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo. A íntegra do material ainda não foi tornada pública.
As informações dadas pelo militar reforçaram a principal suspeita da PF no inquérito das milícias digitais, de que Bolsonaro e aliados usaram a estrutura do governo para atacar e tentar fragilizar as instituições.
O chamado “gabinete do ódio”, segundo o relato de Cid, era formado por Tércio Arnaud Tomaz, José Matheus Sales Gomes e Mateus Matos Diniz — referidos no depoimento apenas por seus primeiros nomes.
Tomaz e Gomes foram nomeados assessores especiais do gabinete pessoal do presidente em janeiro de 2019, no início do governo Bolsonaro. Diniz ocupava um cargo na Secretaria de Comunicação.
Acusações em comissão
O ministro da Secom, Paulo Pimenta, foi ouvido na terça-feira (11) em reunião da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados. O chefe da pasta foi convidado a falar sobre um pedido de investigação feito por ele a respeito de notícias falsas divulgadas sobre as enchentes no Rio Grande do Sul.
A reunião acabou marcada por embates e acusações entre governistas e a oposição e, em alguns momentos, fugiu do tema proposto. Deputados polemizaram sobre o caso da Boate Kiss, rachadinhas, Lava Jato e milícia.
Fonte: G1
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