Moradores da Comunidade Vila Feliz, distrito de Tiquaruçu, em Feira de Santana, realizaram na manhã desta quarta-feira (12) uma manifestação, para chamar atenção do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) diante do fechamento de parte da BR-324, trecho do ligamento do Posto Trevo ao município de Tanquinho.
De acordo com os moradores, após a criação de uma via alternativa que liga a BR-116 Norte diretamente com a BR-324, a comunidade foi prejudicada, com a suspensão da passagem de veículos.
O Acorda Cidade acompanhou a manifestação e conversou com alguns destes moradores para saber quais são os prejuízos enfrentados. Segundo Jucidalva Lima de Cerqueira, que é presidente da Associação de Vila Feliz e que possui uma lanchonete, com o fechamento de parte da via, muitos caminhoneiros deixaram de passar pelo local e as vendas também tiveram uma redução significativa.
“Eu vendo café da manhã, almoço e estou sendo prejudicada, é daqui que eu tiro minha renda para assumir meus compromissos e agora eu vou tirar o dinheiro de onde? Os caminhoneiros não passam mais por aqui e agora estamos fazendo o apelo em nome da comunidade para que as autoridades venham ver a nossa situação porque aqui é uma comunidade com muita gente e agora vamos ficar isolados. O que nos informaram é que não iria fechar, então ficamos na esperança de que não iria ser fechado mas aconteceu, não tiveram diálogo com a comunidade e agora estamos no prejuízo”, disse.
Elane também tem um restaurante que fica na BR-324. Ela contou que desde a última segunda-feira (10) quando a pista foi interditada, as vendas no empreendimento reduziram quase em sua totalidade.
“Está complicado para tirarmos nossa renda, nosso sustento, pagar as nossas contas. Os motoristas estavam acostumados a parar aqui e agora, de repente parou tudo, como vamos fazer para sobreviver? Pelo menos precisamos de um acesso livre para que a gente não fique isolado de tudo. O fechamento aconteceu na segunda e pegou a gente de surpresa. Não temos condições de fazer comida para uma ou duas pessoas”, comentou.
Ana Luzia é mãe de uma jovem que estuda em Feira de Santana no período da noite. Além dos prejuízos comerciais na comunidade, ela reforçou que o ônibus que passava pelo local está impossibilitado de trafegar e os estudantes agora precisam atravessar a BR-116 para conseguir o transporte escolar. Conforme Ana Luzia, muitas pessoas estão arriscando suas vidas após o fechamento da BR-324.
“Ela vai no ônibus escolar de Tanquinho e agora o ônibus não está conseguindo entrar, minha filha está indo para a pista para pegar o ônibus e meia noite ela desce no posto Trevo para vir andando, o que é um perigo”, frisou.
Conceição Borges, coordenadora do Polo Sindical da Região de Feira de Santana e presidente do Movimento de Organização Comunitária (MOC) também reside na comunidade de Vila Feliz. Ela também conversou com o Acorda Cidade e relatou as insatisfações da população que alterou a sua rotina devido ao fechamento de parte da BR-324.
Ainda conforme Conceição Borges, a necessidade da comunidade, atualmente, é uma reunião com o Dnit para que todos os prejuízos sejam abordados.
“A situação nos deixa revoltados, estamos a favor do desenvolvimento desde que não comprometa a vida das pessoas e o que eles fizeram aqui é lamentável. Uma comunidade com mais de 200 pessoas, temos crianças que precisam ir para o viaduto para buscar o transporte, então não se avalia nenhum tipo de risco. O que nós estamos fazendo aqui na comunidade com a associação, moradores, mães é uma reunião com o Dnit. Estamos fazendo um movimento pacífico e eles vão ter que descer aqui e nos ouvir, aqui não vai ter prejuízo, vai ser uma opção de quem quiser transitar por essa via e quem não quiser, utilizar o viaduto. Eles ameaçaram as pessoas que aqui vivem, motoristas, que caso aconteça um acidente, todas as pessoas serão responsabilizadas. As mulheres, mães sofrem para encontrar os filhos na BR. O que queremos é mostrar a nossa indignação, eles cometeram muita injustiça. Não tem placa de sinalização, nada”, concluiu.
O Acorda Cidade entrou em contato com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e aguarda o retorno.
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade
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