Em muitos interiores que compõem os extensos tecidos geográficos que são os Territórios de Identidade da Bahia, um tipo de comunicação persiste, anunciando informações em alto-falantes: os famosos carros de som, que giram pela cidade, despertando curiosidades. Nesta semana, uma notícia, circulada também, desta maneira, convocou a população de Antônio Cardoso, no Portal do Sertão, para a Caravana de Direitos Humanos, que desembarcou no município na terça-feira (5) e seguiu até sexta-feira (7), totalizando 1.555 atendimentos em serviço gratuitos de cidadania.
Era ainda cedo, na manhã de sexta-feira, na comunidade quilombola Fazenda Girau, quando Tamara dos Santos Silva saiu de casa decidida a emitir a segunda via do seu RG, a primeira de sua filha, e o Passe Livre do seu irmão, Felipe dos Santos Silva, jovem com Síndrome de Down. Tamara nos contou que esse documento é indispensável para que Felipe consiga acessar atendimentos de saúde em cidades como Feira de Santana e Salvador.
“Já é uma economia, né? A gente vai a Feira, roda os bairros, vai a Salvador. Precisa de médico. Também vai ajudar nos passeios da escola, que antes ele precisaria pagar, e agora com o passe livre na mão a gente mostra, né? A gente já queria fazer, mas viajar era mais difícil. Aqui foi rapidinho”, relatou Tamara.
Figurando entre as 10 cidades brasileiras que registram maior percentual de população autodeclarada preta, Antônio Cardoso, município de mais de 11 mil habitantes, é um “celeiro cultural”, como registrou a professora, educadora e cantadora Raimunda Mascarenhas, maestrina popular de um espetáculo de ancestralidade e reconhecimento de identidade coletiva, de “ser eu sendo nós”: a vibrante homenagem que o grupo de samba de roda ‘Raízes Culturais’ dedicou, no segundo dia de Caravana (6), a um de seus grandes mestres, o cardosense Bule-Bule, artista que se destaca entre os mais celebrados nomes da cultura nacional.
E por falar em cardosenses, uma delas é integrante das nossas equipes, a ouvidora da Secretaria Estadual de Justiça e Direitos Humanos, Luciete Duarte. Luciete, inclusive, foi professora no Colégio Genivaldo de Almeida Brandão, instituição que acolheu e contribuiu ativamente com a ação, oferecendo o seu quadro de funcionárias e funcionários para colaborar com os diversos parceiros.
Avaliando a Caravana, ela nos explica que a iniciativa é importantíssima para Antônio Cardoso, e que a SJDH “acerta quando focaliza os lugares em que residem as pessoas mais vulneráveis (com recorte para grupos historicamente excluídos) da Bahia para essa ação”.
“Um fator que merece destaque é que o município figura no Estado da Bahia como o quarto mais pobre. E garantir aos cardosenses acesso à justiça social é imprescindível para a emancipação dos mesmos”, completa a Ouvidora.
Serviços que empoderam e emancipam a comunidade
Diversos serviços foram ofertados gratuitamente à população de Antônio Cardoso nestes três dias. Emissão de documentação civil, CIPTEA, orientações da Embasa e Procon, CAF e outros, levaram milhares de pessoas para o Colégio. Mas, não menos importante, as formações em temas relacionados aos direitos humanos, como combate ao racismo religioso e ao bullyng, envolveram centenas de estudantes do ensino público em discussões sobre o cotidiano de cada um deles, tanto em suas comunidades, quanto na escola e nos demais espaços de sociabilidade.
Dentro em breve, novas datas e territórios que receberão a Caravana de Direitos Humanos serão anunciados.
Parceiros
Nesta edição, os parceiros institucionais da SJDH são Associação dos Registradores Civis das Pessoas Naturais do Estado da Bahia (Arpen-BA); Instituto de Identificação Pedro Mello (IIPM/SSP-BA); Empresa Baiana de Águas e Saneamento S.A (Embasa); e Secretaria Estadual de Desenvolvimento Rural (SDR-BA).
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