Feira de Santana

Dia do gari: conheça a história do menino que sonhava em se tornar um agente de limpeza

Carlos André é agente de limpeza há mais de dez anos e contou as principais dificuldades da vida, além das conquistas que adquiriu através do trabalho.

O Dia do Gari é um dia especial. Comemorado anualmente no dia 16 de maio, a data, em que celebra a profissão indispensável na manutenção e limpeza da cidade, também ressalta o esforço e comprometimento destes profissionais no dia a dia da cidade.

Em comemoração ao Dia Nacional do Gari, o Acorda Cidade bateu um papo especial com um agente de limpeza experiente, e que tem muito orgulho da profissão no qual faz parte. Carlos André Dias de Oliveira, é natural de Feira de Santana e nasceu em 13 de julho de 1978.

Desde pequeno, sonhava em se tornar um gari e compartilhava deste objetivo com a sua mãe. Trabalhando diariamente pelas ruas de Feira de Santana, ele contou que o segredo para trabalhar feliz, é fazer o que gosta.

Carlos André
Foto: Ed Santos/ Acorda Cidade

“Eu sempre falava com a minha mãe que eu tinha um sonho de ir trabalhar de gari, tinha outras profissões, mas o desejo do meu coração é estar nesse ramo. Se eu passar e ver outro emprego, eu digo que não é para mim porque eu amo trabalhar nessa área, eu trabalho com amor. Eu falei a Deus que tinha um sonho e Deus, pela misericórdia Dele, realizou esse sonho. Hoje eu estou aqui, trabalhando pela Sustentare pela honra e glória de Nossa Senhora e trabalho com amor, alegre e feliz, eu trabalho e limpo como se fosse a minha casa”, disse.

Carlos André
Foto: Arquivo Pessoal

Além de atuar como gari, há cerca de dez anos, Carlos passou por dificuldades em sua trajetória de vida, onde não teve o apoio do pai na infância e adolescência, e chegou a morar na rua. Porém, honesto e determinado, ele acumulou experiências em outros ambientes, o que fez com que somasse o conhecimento para se tornar um grande agente.

“A minha infância foi uma luta, já cheguei até a dormir na rua. Eu não tive carinho de pai. Como meus pais se separaram, eu fui morar com o meu pai. E com isso eu passei por muita luta. Graças a Deus, eu nunca fui de pegar nada dos outros, nunca usei drogas, nada. Quando eu queria comer, quando me dava fome, eu perguntava pro pessoal se queriam que eu limpasse a frente do passeio, tirar uns matinhos, aí eu ganhava o alimento e com isso fui seguindo. Muita gente chegou para me aconselhar dizendo esse ritmo que eu estava, estava lindo demais, que eu continuasse desse jeito. Fui pegando conhecimento com as pessoas, já trabalhei em bar, trabalhava na casa do dono do bar e no bar, já trabalhei com o diretor do Fluminense, que se chama Luizinho, e em vários outros lugares e aí eu fui adquirindo experiência”.

Carlos André
Foto: Ed Santos/ Acorda Cidade

Incentivo

Diante da importância da profissão, Carlos também contou com um ponto crucial para a execução do seu trabalho, que é o apoio da família, além, do ambiente acolhedor de trabalho, a empresa Sustentare, em que o agente atua há mais de uma década.

Carlos André
Foto: Arquivo Pessoal

Sobre a adaptação ao trabalho, a área em que mais gosta de atuar e até as pessoas que encontra ao seu redor no bairro da Queimadinha, onde está lotado, Carlos também falou ao Acorda Cidade.

“A minha mãe mora próximo a mim, meus irmãos. A minha mãe me apoia bastante. Ela fala, ‘meu filho, eu vejo a alegria, o brilho em seu trabalho’. Eu não cheguei a concluir os estudos, então foi a partir do conhecimento que eu tive, que eu consegui essa vaga na limpeza. E o ingresso na Sustentare para mim foi nota 10, me receberam muito bem, só posso agradecer a Deus, pela empresa Sustentare. No início foi um pouquinho difícil, para se habituar a empresa, nós temos de obedecer os nossos fiscais, a nossa empresa, e fomos se habituando naquele ritmo de trabalho. O que eu mais gosto aqui é a varrição, eu já trabalhei na capinação, já trabalhei em outras áreas, mas na varrição eu trabalho alegre, né. Sou popular com todo mundo, eu não olho se a pessoa é bonita, se é feia, se ele não tem nada, se está sujo. Gosto de praticar o que diz a palavra, que é amar os meus próximos. Então, eu falo para todo mundo, eu não quero que ninguém veja Carlos em primeiro lugar, eu quero que me veja em Deus. Eu quero transmitir o amor, a alegria”, contou.

Experiência

Carlos André
Foto: Arquivo Pessoal

Além de conhecer muitas pessoas da cidade, que compartilham a rotina no bairro onde trabalha, o agente também acumulou experiências, o que colocou à prova a sua lealdade pelo o que faz. Carlos André contou que já encontrou diversos objetos e documentos, e que todos foram devolvidos aos seus proprietários.

“Eu já achei carteiras de muita gente, eu cheguei a procurar as pessoas, e entreguei. Teve uma moça que foi roubada, que é da guarda municipal de Santos Estevão. Fui atrás dela, procurei todos os contatos dela e liguei. Quando eu liguei, ela falou que tinha sido roubada. Aí eu disse que eu era Carlos e trabalho de gari, que se ela quisesse, eu guardava os documentos para entregar a ela. Ela pediu para eu deixar com um porteiro da Câmara e assim eu fiz. Teve outro que eu achei no Centro de Abastecimento. A mulher mora aqui na Queimadinha, entreguei o documento. Ela falou que ia me dar uma gratificação, mas eu disse que não importava, porque eu já perdi documentos e sei o trabalho que é para tirar novamente”.

Objetivos

Além de se destacar como um bom agente de limpeza, Carlos André também teve a oportunidade de celebrar conquistas com o fruto do seu trabalho.

Carlos André
Foto: Ed Santos/ Acorda Cidade

“Conheço muita gente, dia a dia. Em cada trecho que a empresa me coloca, eu faço de tudo para agradar aquele setor de trabalho e agradar aquelas pessoas para dar nota 10 para o meu trabalho. Eu conquistei a minha casa, graças a Deus. Quando me separei, eu deixei tudo para a família, para a mãe do meu filho e comecei a trabalhar e conquistei outra casa. Já tenho o meu transporte, a minha moto, e eu trabalho assim, com um sorriso no rosto, porque pode ter o problema que for, mas isso não significa nada”, contou Carlos André.

Carlos André
Foto: Arquivo Pessoal

Questionado sobre os planos para o futuro, o gari completou que planeja montar o próprio negócio, para complementar a renda. Carlos André também enfatizou que para evoluir, seja no trabalho ou qualquer área da vida, é preciso pensar positivo e ajudar o próximo.

“Eu tenho um plano de montar um comércio, trabalhar para mim mesmo e fazer os planos para meu filho, mas é tudo no tempo de Deus. Eu enxergo o futuro, mas como o mundo hoje está, você tem que pensar positivo. Você tem que pensar como é que você vai agir em cima do que o mundo está. Você tem que pedir a Deus, colocar Ele em primeiro lugar. Botando Deus em primeiro lugar, eu sei que você vai avançar. E o que você conquistar, se for para você ajudar o seu próximo, ajude, não importa quem ele seja”, concluiu.

Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade

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