Dia Nacional do Livro Infantil

Psicólogo destaca principais estímulos para que crianças tenham interesse pela leitura

Além do conhecimento, a prática da leitura também envolve produção de hormônios.

Leitura Infantil
Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

Nesta quinta-feira, 18 de abril, é celebrado o Dia Nacional do Livro Infantil, uma data também conhecida como Dia de Monteiro Lobato, considerado um dos mais importantes escritores da literatura brasileira.

Mas afinal, diante das tecnologias, as crianças ainda possuem estímulo para ler os livros infantis?

Diante desta dúvida, a reportagem do Acorda Cidade conversou com o psicólogo Alfredo de Morais Neto (CRP 03/6951), que destacou as principais fórmulas para incentivar as crianças criarem um hábito de leitura.

Psicólogo
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

“O que você tem que entender é que a criança, principalmente na primeira fase, ela usa imitação. Então, o primeiro contorno psicológico que a gente faz sobre essa criança que vai ser uma boa leitora é aquele que vai imitar a particularidade da sua casa. Seus pais, seus avós, seus irmãos, a sua forma de leitura. Só que, para a didática da criança, é interessante que os pais ou tutores, mostrem para ela que a leitura é extremamente interessante. Mas uma leitura que seja voltada para a idade da criança. O que é que ela percebe disso, da forma que ela percebe, ela se interessa pela leitura. O bom leitor é aquele que é induzido à leitura através dos exemplos inicialmente e através do gosto da leitura, da ludicidade da leitura. Ou seja, os pais que leem para essa criança, os pais que presenteiam um livro para a criança e que fazem com que a dissociação do que é absolutamente eletrônico volte-se para aquilo que é mais usual. As brincadeiras, as dinâmicas, amostragem só facilitam que essa criança vire um excelente leitor”, explicou.

De acordo com o psicólogo, a prática da leitura feita por adultos dentro da casa, também pode despertar uma curiosidade na criança.

“Quando você vê que seu pai, sua mãe, seus tutores são interessados no mote da leitura, logo, isso de uma forma tranquila e natural, a criança também vai se interessar pela leitura. Porque ele está vendo ali, todo mundo lê, e eu não estou lendo? Não tem isso da limitação, eu não estou lendo? Aí vai querer, eu quero um livro, eu quero um livrinho, um estímulo também na primeira fase de alfabetização, essa mobilização junto com a escola, os clubes de leitura, e isso facilita muito que essa criança se torne uma pessoa voltada para aquilo que é didaticamente correto no campo da leitura”, destacou.

Além do conhecimento, a prática da leitura também envolve produção de hormônios, como explica o psicólogo Alfredo Morais.

Psicólogo
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

“Os hormônios envolvidos no processo da leitura são os hormônios da alegria, são os quatro grandes hormônios da alegria, endorfina, dopamina, ocitocina e serotonina. Quando você induz que esses hormônios sejam produzidos em um bom sono, e isso tem que regular o sono da criança e do adolescente para que haja a produção de serotonina e o gosto, a alegria, então esses quatro hormônios são que compõem a harmonia para que a pessoa seja feliz. Mas isso, ele tem que conviver num ambiente de felicidade. Um ambiente de reclamação não vai conseguir nunca fazer com que sejam produzidos esses quatro hormônios da alegria”, enfatizou.

Por qual motivo algumas pessoas apresentam maiores interesses na leitura, do que outras?

Ao Acorda Cidade, Alfredo Morais reforçou que sempre vai depender do estímulo, do incentivo desde cedo.

“Você vê que as coisas ficaram muito dinâmicas com a internet, com o celular, e os pais preferem muito mais que a babá celular, cuide das crianças. Então a criança vai ter interesse para aquilo que é estimulado. Se você estimular televisão, filmes e um contato com outra coisa, quando seja leitura, não tem como transformar isso na vida adulta como algo bom. Então ele vai continuar nos aplicativos e vão esquecer do aplicativo mágico que é exatamente o livro. Inclusive, eu sempre fui um excelente leitor desde quando pequeno, por causa do incentivo da minha família. E hoje eu sou escritor por conta disso. Dia 28 estou lançando na Bienal do livro um novo livro exatamente para crianças e adultos poderem ler”, afirmou.

Mesmo quando não há um ponto de incentivo dentro de casa, o psicólogo chamou a atenção para as escolas, que podem também ajudar neste papel.

“Eu tenho um ambiente favorável para isso? A escola tem esse ambiente favorável? Tem um clube de leitura na escola? Uma salinha para o desenvolvimento de leitura? Tem uma pessoa que possa ser o leitor ativo? O contador de histórias? A contação de histórias é importantíssima para a nossa criação. Desde a nossa época, alusiva aos 1.500, descoberta no Brasil. A leitura traz essa ludicidade esse interesse em absoluto pelo aquilo que está para fora do eixo da internet. Então, aquilo que está de incentivo, em clube de leitura, em salas preparadas para isso, ludicidade, contadores de histórias, isso faz com que se transforme a vida de uma criança, de um adolescente e de um adulto”, declarou.

Durante entrevista ao Acorda Cidade, o psicólogo também deixou um recado para os adultos que ainda não possuem um estímulo de leitura.

“Para os adultos que não foram estimulados para a leitura, é necessário que eles conduzam para aquilo que é sua fonte de interesse. Não adianta eu mandar uma pessoa que é voltada extremamente para a economia do país ou então para valores e eu botar uma coisa lúdica para ele. Ele tem que aprender essa condução, porque o livro tem que ser prazeroso. Eu vou dar a leitura de Carlos Drummond de Andrade para uma pessoa que é extremamente monetária? Não, eu vou fazer algo como, por exemplo, um livro que fale sobre a descoberta do ouro. Um livro que fale sobre aventuras ligadas a ganhos. Isso o cérebro vai entender como algo que ele conhece internamente. Isso pode fazer com que essa pessoa, mesmo na vida adulta, surja interesse. Sendo ela religioso, por exemplo, eu vou pegar e botar dentro de uma religião qualquer e coloco uma coisa que seja contra o desenvolvimento dessa religião? A pessoa não vai se interessar. Mas se eu falo e se eu foco nesse movimento, aí sim tudo muda”, concluiu.

Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade

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