Nesta segunda-feira, 8 de abril, é celebrado o Dia Mundial de Combate ao Câncer. Doença, também chamada de CA, associada a uma mutação genética no interior das células. A data tem como principal objetivo a conscientização para um problema que afeta milhões de pessoas no mundo. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), são esperados no Brasil em média 700 mil novos casos este ano.
A médica oncologista Hyrlana Passos explicou em entrevista ao Acorda Cidade como as células cancerosas se comportam no corpo humano.
“A célula deixa de assumir a sua função normal que ela tinha antes e se torna uma célula anormal. Começa a se multiplicar desordenadamente, crescendo e formando tecidos neoplásicos malignos. Estes tecidos podem avançar e causar transtornos tanto no local de origem da célula quanto circulando pelo corpo, provocando tumores em outras partes, as conhecidas metástases.”
Existem diversos tipos de cânceres que afetam a população brasileira. A oncologista afirmou que, em números absolutos, o mais comum é o câncer de pele não melanoma. O câncer de colorretal no intestino e o câncer de pulmão também têm uma forte incidência. Entretanto, quando é feito um recorte por gênero, outros tipos aparecem nas primeiras posições.
“Entre as mulheres, o câncer de mama é o mais comum, seguido dos tumores ginecológicos. Infelizmente, a gente ainda tem uma alta incidência do câncer do colo do útero, que é um câncer que pode ser combatido com a vacina contra o HPV, que está disponível nas unidades de saúde, em dose única, para meninos e meninas entre 9 e 14 anos. Nos homens, o mais comum é o câncer de próstata”, explicou a médica.
O câncer é multifatorial, ou seja, existem diversas variáveis que estão associadas ao surgimento da doença. Alguns fatores não são possíveis de serem modificados, como, por exemplo, o histórico genético, idade, data da primeira ou da última menstruação. Mas, segundo a médica, existem várias outras medidas que podem ser adotadas para diminuir o risco de ter algum tipo de câncer.
“Praticar regularmente atividade física reduz o desenvolvimento de obesidade, que é um fator determinante de risco de câncer. Evitar o consumo de bebidas alcoólicas. Ter uma alimentação adequada, rica em frutas e vegetais. Evitar alimentos processados e ultraprocessados. Outra medida muito importante é a utilização das vacinas. Não fumar e ter um estilo de vida mais saudável”, informou a Hyrlana Passos.
O diagnóstico na fase inicial da doença e o tratamento adequado são fatores primordiais na cura do câncer. “É muito importante que a gente assuma o protagonismo do cuidado do nosso corpo. Devemos ficar atentos a qualquer tipo de sinal negativo que ela dá e procurar ajuda médica o quanto antes. Quanto mais cedo se tem um diagnóstico, maiores são as chances de cura. É fundamental que as pessoas entendam que o diagnóstico de câncer não é uma sentença de morte”, concluiu a oncologista.
Histórias que inspiram
O pequeno João Gabriel Rebouças, de 8 anos, conquistou ainda muito cedo o título de campeão. Gabriel venceu a luta contra um câncer na laringe, considerado raro em crianças. O diagnóstico veio em 2022, quando ele tinha 6 anos. A mãe de Gabriel, a recepcionista Gláucia Machado, de 39 anos, contou ao Acorda Cidade, que a doença foi descoberta logo no início, o que contribui para a cura.
“A quimioterapia é fantástica, tem seus efeitos negativos, mas é importante. O câncer mexe com muitas áreas da nossa vida. Mexe com o emocional e com o financeiro porque são várias idas e vindas ao ambulatório, mas graças a Deus, nós conseguimos cumprir tudo certinho.”
A recepcionista declarou que o sentimento após saírem vitoriosos da luta contra o câncer é de gratidão. “Estamos na remissão total. Agradeço a Deus, a Nossa Senhora Aparecida. Aos meus familiares e amigos, a toda a minha rede de apoio, à empresa em que eu trabalho, que foi muito compreensiva naquele momento difícil. Seguimos em frente. O Gabriel estuda, brinca e nós continuamos a cada três meses fazendo consultas de rotina”, finalizou a mãe.
A faturista Jaciane Trindade, de 42 anos, descobriu um câncer enquanto amamentava. A faturista foi diagnosticada com um câncer de mama do tipo triplo negativo, considerado muito agressivo. Ela detalhou como foi o processo de descoberta.
“Em uma das massagens mamárias, eu notei que havia um caroço na minha mama direita. Eu fiquei bastante preocupada, marquei uma consulta com uma mastologista – médica especializada em alterações na mama – e após a realização de exames foi constatado o câncer.”
O tratamento durou cerca de um ano. Jaciane descreveu a sensação após receber a notícia da cura. “E como se eu tivesse quebrado as algemas. Porque a gente se sente muito preso, depende de muitos tipos de ajudas. É como ter chegado em terra firme. É como se eu estivesse flutuando em um mar e de repente alguém dissesse: terra à vista. Eu recebi um presente de Deus. Eu recebi a cura”, finalizou.
Casados há mais de 56 anos, os aposentados Aristeu e Angelina estão juntos na luta contra o câncer. Eles são moradores de Tucano, cidade que fica a cerca de 270 km de Salvador. Angelina contou que se curou de um câncer de mama diagnosticado há seis anos. Durante todo o processo, o marido esteve presente, agora ela quer retribuir o companheirismo.
Aristeu foi diagnosticado há um ano e meio com câncer de intestino. Ele contou que está otimista para, assim como a esposa, vencer o câncer. “Eu tinha um pouco de vômito, mas nem esquentava a cabeça. Minha filha, que é enfermeira, falou: pai, faz uns exames. Aí detectou o CA. Mas, graças a Deus, eu estou me cuidando. Quando a gente está com um problema, tem que lutar e chamar por Deus. Acima do medo, coragem”, finalizou o aposentado.
Reportagem produzida pelo estagiário de jornalismo Jefferson Araújo sob supervisão da jornalista Andrea Trindade
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