Polícia

Desabafo de tatuadora agredida em tentativa de assalto ganha repercussão no Facebook

A PM orienta que, em casos de assalto, a vítima não reaja e acione o órgão pelo 190.

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 “Bora, passa essa p..!”. Diante da sentença do ladrão, o que você faz? A) Entrega tudo; B) Corre ou grita; C) Resolve não levar desaforo para casa e vai pra cima do bandido? A primeira escolha da tatuadora Paloza Cersosimo, 30 anos, foi a alternativa C— considerada a incorreta pela Polícia Militar.

A reação a uma tentativa de assalto, sábado à tarde, na praia de Amaralina, resultou em uma marca no  rosto e um desabafo no Facebook, que até a noite de ontem foi compartilhado por mais de 700 internautas da rede social.

Em São Paulo, a reação da adolescente Caroline Silva Lee, 15, foi fatal: ela foi morta com dois tiros durante assalto na madrugada de domingo por não entregar de imediato a mochila e o celular exigidos por três bandidos, em Higienópolis, bairro nobre da cidade. “É o que acontece com quem reage”, afirmou, em depoimento à polícia, o acusado de ser o autor dos disparos.

De tocaia
Em Salvador, Paloza estava sentada, conversando com uma amiga, quando um casal de adolescentes tentou levar o celular. “A gente se deu conta de que estavam nos olhando, mas achei que não aconteceria nada. Cinco minutos depois, tentaram segurar meu celular e eu disse que não ia dar”, lembra.

Na luta para não entregar o aparelho, ela chutou o ladrão, que caiu, enquanto a comparsa correu. O que Paloza não esperava era que uma galera surgisse na praia para agredi-la.

“Corri pra pegar a menina e recebi um murro com uma pedra. Não vi quem foi, sei que tinha mais umas cinco pessoas. Ainda assim fui pra cima deles e todos correram”. Paloza procurou a polícia e, segundo ela, não encontrou. “Entrei num táxi para não perder de vista os ladrões que seguiam em direção ao Largo das Baianas. Rodei procurando a polícia, mas não encontrei uma viatura”, lamentou.

A tatuadora confessa que agiu por impulso. “Eles estavam de mãos vazias. Não parei pra pensar. Achei muita cara de pau um pivete querer tirar o que é meu”, relatou. Hoje, de cabeça fria, diz que faria diferente. “Não reagiria novamente, mas estou muito desacreditada de proteção em Salvador. Semana passada, vi um desfile de viaturas novas, mas quando precisei de uma não encontrei em lugar nenhum”, criticou Paloza, referindo-se às 250 viaturas entregues semana passada pelo governo do estado. Ela garantiu que ainda ligou para o 190, mas não recebeu atendimento eficaz.

“Em Amaralina, apesar de ser movimentado, é muito perigoso. Deveria ter policiamento constante. O jeito foi agir por mim mesma”, relatou.

De acordo com o coronel Ivanildo Castro, diretor operacional da Superintendência de Telecomunicações (Stelecom) da Secretaria da Segurança Pública (SSP), quem tiver reclamações relacionadas ao serviço 190 pode procurar a sede do órgão no Quartel da PM, no Centro Administrativo da Bahia (CAB). “Desconheço o fato, mas estamos dispostos a apurar a reclamação e tomar as medidas disciplinares cabíveis. Esse tipo de reclamação não é comum”, assegurou.

óculos quebrados Com o mesmo entendimento da tatuadora, o gestor de redes sociais Raoni Ferreira, 23, acabou “saindo na mão” com um assaltante em pleno feriado do Dois de Julho. Sem acatar a ordem do bandido para entregar o celular, Raoni colocou o aparelho no bolso. “Falei que não ia entregar e ele veio pra cima. Tomei dois murros e dei um. Além de perder o celular, tive os óculos quebrados”.

Mesmo tendo sido vítima de diversas abordagens, Raoni admitiu que reagiria novamente. “Não gostei de me sentir vítima da violência e encarei. Se perceber que o ladrão não está armado, nem adianta. Do contrário, recuo”.

E para quem acha que a atitude impensada é reservada aos jovens, a jornalista Ana Virgínia Oliveira, 28, conta que a mãe dela já partiu para cima de um bandido que encostou na janela do veículo com um caco de vidro.

“Ele queria minha bolsa e o celular. Minha mãe olhou feio pra ele, abriu a porta do carro e saiu com a bolsa como se fosse bater nele”, disse. O caso aconteceu na Chapada do Rio Vermelho, perto da Corregedoria da Polícia Civil.

Com a fuga do ladrão, as duas caíram na risada. “Ele deve ter achado que ela era policial, que estava armada, ou era frouxo mesmo. Minha mãe se acabou de rir da situação”. Depois do susto e da brincadeira, Ana diz que a ação foi impensada. “Não se deve reagir a assaltos, porque não se sabe a disposição e o estado psicológico do criminoso”.

A PM orienta que, em casos de assalto, a vítima não reaja e acione o órgão pelo 190.

Fonte: Correio

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