O Abril Azul é o mês dedicado à conscientização do transtorno do espectro autista (TEA). E, como forma de evidenciar a importância da sociedade para esta deficiência, mães de autistas se reuniram e realizarão no dia 7 de abril (domingo) a Caminhada “Vamos falar sobre autismo?”. O evento, que acontecerá na Avenida Noide Cerqueira, em Feira de Santana, a partir das 7h, é aberto ao público de todas as idades.
O Acorda Cidade conversou com a coordenadora e psicóloga do instituto Papillon, um dos patrocinadores do evento, Carolline Medeiros, que deu mais detalhes sobre a Caminhada que tem o objetivo de sensibilizar a população do município.
“Dia 7 de abril iremos movimentar uma caminhada em prol da conscientização do autismo. O mês de abril é um mês que nos chama. A gente recomenda levar protetor solar, água mineral. Não há critérios de participação, temos camisas que estaremos vendendo, mas não é critério de exclusão, se não desejar a camisa, pode ir mesmo assim, a presença é mais importante que tudo. Espero que as pessoas se sensibilizem pela causa, diminuam o julgamento, tenham um olhar diferente para uma criança que tenha uma crise em qualquer local e entender que não é falta de educação, e sim que a família precisa de suporte. O olhar de julgamento pesa muito nas famílias e precisamos vencer ainda mais isso”, disse.
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um distúrbio do neurodesenvolvimento caracterizado por comportamentos repetitivos que geram dificuldade na interação social. Crises também são sinais que a deficiência pode apresentar, e em determinados locais, podem também causar julgamentos por parte da sociedade. Por isso, é imprescindível o apoio da sociedade na inclusão de pacientes no cotidiano.
“É primordial estarmos convidando a população a conhecer e a ver que há uma quantidade imensa desse público aqui conosco, às vezes os autistas são excluídos, guardados em casa, em seus locais comuns e a gente não visualiza isso no nosso dia a dia. É importante trabalhar com essas crianças, conhecer as famílias atípicas e começar a ver que isso é muito mais real do que parece. A campanha também serve para isso, a visualização do povo. Não é uma causa só das famílias e dos profissionais que trabalham com essas pessoas, é uma causa social também. Os autistas estão para a sociedade e a sociedade está para os autistas. O autismo não é fácil, nem para quem tem e nem para quem convive. Muitas vezes, ele é vendido como algo mágico, mas, na verdade, diariamente a gente precisa fazer um pouquinho. A inclusão é quando a gente tolera certas situações, quando a gente apoia uma família, a inclusão acontece no dia a dia mesmo, é entender que o barulho incomoda, é entender esse universo”, disse a psicóloga.
Atuante no acolhimento e apoio a crianças com autismo no instituto, Carolline Medeiros também relatou ao Acorda Cidade como decidiu atuar na área. Para ela, a inclusão é quando a sociedade entende que cada um é diferente.
“O autismo veio para mim como um convite, para cada vez mais entender que existem mais diferenças do que parece. A gente tenta encontrar um padrão, mas independente do diagnóstico, somos diferentes. Isso me fez visualizar como ser humano que a gente tem uma missão nessa terra e, quando eu entrei em contato com o autismo, eu entendi essa missão que é criar caminhos para as crianças e adolescentes com os futuros adultos. Quando você busca conhecimento, você vê as coisas de uma forma diferente. Inclusão não só se pratica no meio escolar, mas no dia a dia e com todas as diferenças”.
Papillon Hospital Dia Infantojuvenil
Implantado com o objetivo de desenvolver e acolher crianças com autismo, o Instituto Papillon, mesmo que atue exclusivamente de forma particular, também realiza várias ações em prol da população que necessita deste apoio. Além de uma criança atendida de forma totalmente gratuita na unidade, Carolline Medeiros destacou que há um projeto com diversos serviços às famílias carentes de Feira de Santana e que mais uma ação será realizada em breve.
“Somos uma instituição que atende um público via plano de saúde e particular, a gente tem uma criança que foi adotada dentro de um projeto que realizamos solidário para tratamento gratuito. Temos um projeto que vamos acontecer esse mês também onde prestamos atendimento a comunidade carente e vai estar aberto ao público de Feira de Santana e distritos onde todos os nossos médicos vão estar atendendo, dando suporte, relatórios e a nossa equipe vai estar orientando, dando dicas de como manejar certas situações para que as famílias sejam um pouco supridas. Não é muito ainda, mas é um passo para nos aproximar da comunidade”, contou.
Elisângela dos Anjos Santos, mãe de uma criança autista, também expressou ao Acorda Cidade a empolgação ao proporcionar um evento como a caminhada, garantindo às crianças autistas de Feira de Santana um momento de socialização.
“Aqui na instituição estamos há cerca de um ano, mas ele faz tratamento desde os 4 anos. O evento é importante para conscientizar a população, já que o nome da caminhada é “Vamos falar sobre o autismo?” Queremos que a população esteja presente, levem seus filhos autistas e não autistas para conhecer sobre o autismo em si, para nos ajudar a socializar nossos filhos também”.
Ampa
A Ampa, Associação de Mães e Pais de Autistas, localizada no bairro George Américo, será beneficiada com o apoio financeiro a partir da venda das camisas da caminhada e de alimentos doados no evento. Este apoio, segundo Elisângela, tem o objetivo de garantir às famílias que não possuem melhores condições financeiras a realizarem os tratamentos necessários.
“A caminhada em si foi iniciada por um grupo de mães e, no fim, vamos ajudar uma instituição que se chama Ampa. Vendemos camisas e arrecadamos um quilo de alimento para ajudar a associação. Lá vamos ajudar mães carentes que não têm condições de custear um tratamento para seus filhos. A população, se quiser doar mais, estaremos recebendo. As outras mães não têm o apoio que nós temos. Ajudando, nós também seremos ajudados”.
Além da caminhada, Elisângela Anjos também chamou a atenção sobre a importância da conscientização da população e principalmente das autoridades públicas no sentido de garantir um acolhimento de crianças com TEA, principalmente no contexto educacional.
“O dia a dia de uma atípica não é fácil e ninguém pode imaginar o quanto uma mãe sofre porque são altos e baixos, os nossos filhos têm crises, manias, um pensar diferente e às vezes a população não está preparada para isso. Meu filho hoje é um adolescente e há uma certa descriminação até na escola, a gente sente uma falta de preparação dos professores e de políticas para entender e lidar com o autismo, então queremos mesmo conscientizar”, concluiu.
Para quem tem interesse em ajudar as mães na Caminhada através de patrocínio, financeiramente ou deseja comprar a camisa, basta entrar em contato com Elisa Vela, através do número (75) 99114-8094 (WhatsApp).
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade
Siga o Acorda Cidade no Google Notícias e receba os principais destaques do dia. Participe também dos nossos grupos no WhatsApp e Telegram