Desenvolvimento

Cufa lança Agenda FSA 2030 para promover ações estratégicas de promoção das favelas em Feira de Santana

Com o objetivo de abordar o desenvolvimento da cidade, o evento propõe a discussão em torno da produção por dentro das favelas da região.

Cufa - Lançamento da Agenda FSA 2030 - ft Ed santos acorda cidade -
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

A Central Única das Favelas (Cufa) lançou em Feira de Santana, nesta quinta-feira (21), a Agenda FSA 2030, que acontece de 3 a 4 de abril. Com o objetivo de abordar o desenvolvimento da cidade, o evento propõe a discussão em torno da produção das favelas da região, seja através do empreendedorismo, da mobilidade urbana, da educação, ciência, tecnologia, agricultura e emprego, entre outros papéis fundamentais para o crescimento sustentável, social e humano da sociedade. 

Participaram do evento empresários, gestores, políticos, representantes sindicais e de favelas, além de integrantes da sociedade civil no Hotel Atmosfera, no bairro Santa Mônica.

O coordenador da Cufa em Feira de Santana, Evaldo Alves, destacou a importância das instituições promoverem a discussão, principalmente na segunda maior cidade do estado, que está em constante desenvolvimento. Na cidade, a central atua em mais de 20 favelas, que abarcam a sede e a zona rural.  

Cufa - Lançamento da Agenda FSA 2030 - ft Ed santos acorda cidade -
Evaldo Alves | Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

“Feira de Santana é o maior entroncamento rodoviário do Norte e Nordeste. Então, precisamos produzir e escoar essa produção. Precisamos gerar emprego e renda, trabalhar a educação em termos de capacitar profissionalmente através do Sistema S, que temos diversas escolas do Sistema S aqui. Está vindo agora essa escola gigante do Senar. Então, precisamos trabalhar na zona rural, e isso com diversos parceiros, porque sozinho ninguém é capaz”, informou.

O evento tem o apoio dos parceiros do Sistema S (participam o Senai, Sesi, Sesc, Senar, Senac, Sescoop e Sest), além da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Sindicato do Comércio, de Bares, Hotéis e Restaurantes, a TV Subaé e a Risma Produção, todos com o objetivo capacitar por meio desses sistemas, criando uma cadeia de empreendedorismo, geração de emprego, educação, ciência e tecnologia para a região. 

O empresário Juscelino Brito, presidente da CDL, pontuou a importância da iniciativa a níveis regional e nacional. 

Cufa - Lançamento da Agenda FSA 2030 - ft Ed santos acorda cidade -
Juscelino Brito | Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

“Aquele trabalho de cestas básicas, de estar distribuindo, ele começa a partir disso e vai passando a fazer um trabalho mais macro, amplo, indo à comunidade, participando, então esse lançamento mostra a grandeza da Cufa e nós estamos apoiando 100% porque temos certeza que é um trabalho de dignidade para a população, fazer um trabalho de apoio ao emprego, chegando com a sociedade, isso é muito bonito e a gente tem que apoiar”, ressaltou Juscelino Brito. 

Além disso, o empresário ainda falou sobre a necessidade da sociedade planejar o futuro e isso se dá através do mapeamento das informações a fim de gerar políticas eficientes que serão benéficas para todos.

Evaldo Alves citou como exemplo a Avenida Iguatemi, que se tornou um polo comercial, justamente por conta da infraestrutura que foi investida na região. Portanto, as entidades vão atuar juntas também para fortalecer os pequenos empreendedores que já atuam em suas comunidades. 

“Com a geração de emprego e renda as pessoas vivem melhor, o dinheiro circula e a cidade começa a crescer. Então há essa necessidade de nós, juntos, pensarmos a cidade em 2030”.

Segundo o coordenador, um dos principais desafios da cidade é a capacitação profissional, porque muitas vezes há vagas, mas as pessoas não estão capacitadas. Para fazer valer a Agenda FSA 2030, serão realizadas diversas ações nas favelas com os parceiros, conversando com as pessoas, ouvindo e trazendo um diagnóstico do que já foi estudado pela Cufa. Um cronograma de trabalho será implementado com planejamento estratégico dividido por datas e por localidades. 

Cufa - Lançamento da Agenda FSA 2030 - ft Ed santos acorda cidade -
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

“Você vai unir quem está tocando a cidade com quem verdadeiramente está na base e elevar o nível da base. Porque numa cidade como Feira de Santana, é importante que todos estejam vivendo bem. Quando você entra com a educação, com capacitação profissional, geração de emprego, essas famílias passam a consumir, a subir para o comércio, para um shopping, têm um lazer, têm dignidade. O nosso objetivo é dar dignidade ao pai, à mãe de família, ao seu filho, para poder verdadeiramente viver em paz”, pontuou. 

Além disso, Evaldo reforçou o trabalho que a Cufa regional já tem desenvolvido em Feira de Santana e pontuou as ações estratégicas realizadas na pandemia, como a distribuição de cestas básicas, de chips para crianças terem acesso à internet para estudar, de máscaras, produtos de higiene, entre outras atividades educacionais que foram imprescindíveis.  

Onde estão as favelas?

Márcio Lima dos Santos, presidente estadual da Cufa Bahia e vice-presidente da Cufa Brasil, explicou ao Acorda Cidade como se constitui o conceito de favela com o passar dos anos. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) usava o termo desde 1950, mas em 2007 o nome foi substituído por comunidades urbanas, e voltou novamente a ser reintegrado este ano. 

Cufa - Lançamento da Agenda FSA 2030 - ft Ed santos acorda cidade -
Márcio Lima | Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

“É muito importante a gente lembrar como o IBGE identificava o que era uma favela, acima de 50 residências aglomeradas subnormais. Existe ocupação, existia invasão das pessoas que adentravam territórios que tinham donos, mas também existe a organização dessas pessoas para sobrevivência porque não tinham como pagar aluguel e adentravam esses espaços e surgiam essas comunidades. O nome favela é da Guerra de Canudos, quando os soldados voltaram para o seu território de origem, eles esperavam a indenização e foram para o Morro da Providência esperar até o recuso chegar”, explicou. 

A Cufa tem o trabalho de mapear as favelas do país. Hoje a instituição se faz presente em mais cinco mil comunidades, são mais de 18 milhões de pessoas que moram nesses conglomerados que movimentam mais de 200 milhões por ano. Além disso, Márcio revela que a maior favela do Brasil fica em Brasília, seguida de Tancredo Neves, em Salvador. 

Em Feira de Santana, o presidente destacou alguns bairros em que as pessoas podem considerar favelas, como Baraúnas, Queimadinha, Aviário e Expansão do Conjunto Feira IX. Ele ainda ressaltou que esta denominação não acontece por um estereótipo de pobreza, mas sim sobre a origem que esses espaços foram criados.  

“Quando você ver o termo favela não pense em carência, pense em potência, potência econômica, social, em negócios, principalmente de profissionais, então repense o termo favela”. 

Além disso, nas palavras do presidente, o termo ‘favela’, de forma pejorativa, foi um problema intensificado pelas grandes mídias, porque quando havia ocorrências de violências, como homicídios, chamava-se assim, mas em ações sociais, por exemplo, essas localidades eram vistas como comunidades. Essas, são os territórios indígenas, quilombolas, de marisqueiras entre outras.

Vale ainda pontuar os enormes talentos do país que saíram das favelas, são atores, atletas, empreendedores, artistas em geral, enfim, pessoas que tiveram oportunidades de ultrapassar as barreiras sociais e raciais que cercavam esse espaço. 

Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade

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