Neste domingo (3), a sociedade de Feira de Santana, principalmente a classe artística, abre a semana com uma grande novidade. Uma nova exposição no Museu Regional de Arte (MRA) volta a reabrir os portões pela Rua Conselheiro Franco, no centro da cidade. A conquista veio após a manifestação de mais de 300 artistas da terra, que reivindicavam a reabertura desde o ano passado.
O museu é um órgão ligado ao Centro Universitário de Cultura e Arte (Cuca) da Universidade Estadual de Feira de Santana. Desde 2014, o acesso à unidade foi fechado para uma reforma e com o retorno em 2015, a entrada ficou sendo realizada pelo Cuca. Segundo a administração do MRA, os portões da frente permaneceram fechados por um longo período, por falta de agentes de segurança.
A coordenadora do MRA, Flávia Borges, falou sobre a importância de ter esse acesso frontal aberto para instigar as pessoas a entrarem no museu. Além de dar visibilidade e reconhecimento a cultura e a arte, os portões abertos convidam a população e disponibiliza para que o acesso seja cada vez mais incentivado.
“Daqui para frente estaremos com a nossa casa aberta também pela Rua Conselheiro Franco e isso foi uma vitória. Na verdade, uma solicitação para a nossa universidade e com a campanha dos artistas feirenses, isso potencializou essa conquista. E quem ganha com isso é o povo que tem o acesso mais completo para adentrar e contemplar a arte da nossa cidade”, declarou ao Acorda Cidade.
Muitos artistas compareceram para a reabertura dos portões frontais nesta manhã. O artista plástico e professor José Arcanjo, que encabeçou o movimento, também foi prestigiar o lançamento.
Nova Exposição
O primeiro lançamento de 2024 traz a Mostra Tríade – Um Passeio pelas Representações Femininas no MRA. Grandes nomes entre artistas regionais e nacionais estão marcados na exposição, como Tomie Ohtake, Eliana Kertész e Graça Ramos.
“Nessa mostra, nós estamos fazendo uma homenagem às mulheres, já que estamos no mês da mulher, apresentando a coleção inglesa doada pelo comunicador Assis Chateaubriand na fundação do museu, onde também podemos contemplar muitas representações femininas nesta grande coleção. Além disso, estamos apresentando um recorte feminino nas coleções modernas e contemporâneas do museu, com obras de artistas nacionais, baianas e feirenses”, completou Flávia Borges.
Criado na década de 60 por Assis Chateaubriand, o MRA tem um acervo com aproximadamente 300 obras doadas por ele na fundação do museu. O comunicador também criou o Masp em São Paulo e o Museu de Arte Contemporânea de Recife. Seu objetivo era democratizar a arte no interior do país.
Além disso, teve visitação no anexo do museu, na Galeria Carlo Barbosa, com a Exposição “Mandalas Conexão e Natureza”, com intervenção da artista, Nanda Brito.
O Museu aberto, ativo e pulsante traz diversas opções de cultura e lazer para a sociedade que está em seu entorno. Após a pandemia, em que o isolamento social freou essa vivência social, tornar a arte cada vez mais visível é indispensável para que a população ocupe esses lugares.
A artista plástica, Tatiana Alves, falou ao Acorda Cidade sobre a necessidade que a cidade ainda tem para incentivar a ocupação desses espaços.
“A cidade é muito carente ainda de espaços para artes, apesar do número grande de artistas que temos. A gente vê que em um domingo a população tem acesso a um espaço como esse, democrático, um espaço de arte, um espaço de cultura. Muitas vezes, as famílias não conhecem. Pessoas que nunca foram ao museu do Cuca, não sabem nem da existência”.
Ela ainda pontuou que muito dessa ausência se dá pelo fato de que muitas pessoas não conseguem ter acesso no meio da semana por conta da carga horária de trabalho. Por isso, também, a importância do portão principal está aberto. É em um momento despretensioso e momentâneo em que muitos entram e contemplam a beleza que há ali.
Na era digital, da velocidade do mundo e das relações, a arte convida a pensar, refletir e enxergar de diversas formas. Para Tatiana, o museu é um lugar primordial da interpretação humana, sobretudo da manutenção da sua história e legado.
O contato presencial em um espaço artístico enriquece a forma de perceber e de se conectar às obras e seus autores. Em muitos casos, a obra pode conter memórias que também são suas. Essa interação física pode ser difícil de replicar no ambiente digital, onde a experiência muitas vezes é mais distante.
“No digital a gente tem apenas um ponto de vista, uma perspectiva dessa arte. No presencial, a gente tem a possibilidade de analisar uma obra, de fazer a leitura dessa imagem de diversos pontos de vista, de diversos ângulos; eu posso estar observando uma arte de costas inclusive. Se eu me viro para essa obra de costas, eu tenho outro ponto de vista; eu tenho outra perspectiva diferente daquilo que está pronto no digital; que permite apenas uma forma de leitura”, pontuou a artista plástica.
O Museu Regional de Arte é gratuito e fica aberto de segunda a sexta, das 8h às 12h e das 14h às 18h. Agora, também, com os portões da frente abertos. Faça uma visita!
Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade
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