Problemas após as chuvas

Moradores do Papagaio vão à prefeitura cobrar providências após prejuízos: "Nosso sonho da casa própria virou um pesadelo"

Muitas pessoas tiveram as residências invadidas pelas fortes chuvas nos dias 26 de janeiro e 20 de fevereiro.

Moradores do bairro Papagaio
Foto: Paulo José/Acorda Cidade

Uma comissão de moradores do bairro Papagaio em Feira de Santana, se reuniu na tarde desta segunda-feira (26) em frente à Prefeitura Municipal com faixas e cartazes, com dizeres “Não comprem casas no Papagaio” e “O Papagaio pede socorro”.

Moradores do bairro Papagaio
Foto: Paulo José/Acorda Cidade

As insatisfações por parte dos moradores, são provocadas pela estrutura na região que não está suportando as fortes chuvas que caem no município. Exemplo da situação, foi o que ocorreu na madrugada do dia 27 de janeiro, assim como no último dia 20 de fevereiro. Muitos motoristas ficaram sem alternativas para atravessar e seguir os percursos.

Moradores do bairro Papagaio
Foto: Paulo José/Acorda Cidade

Os moradores conversaram com o chefe de gabinete Fanael Ribeiro. Segundo Ana Paula Duarte, o gestor informou que algumas ações já estão sendo realizadas, como é o caso do córrego.

Moradores do bairro Papagaio
Foto: Paulo José/Acorda Cidade

“Nós fomos recebidos pelo chefe de gabinete, eu e mais duas pessoas, dialogamos primeiro sobre esse nosso medo, esse nosso desespero de vivenciar mais uma vez essa tragédia ali no Papagaio. Ele já falou sobre as limpezas que começaram, e eu preciso dizer, tardiamente a serem feitas ali. Pelo que a gente vê, tinha muito entulho de carroceiros, de pessoas que jogam os seus lixos ali, mas a gente percebe esse abandono dos canais, é preciso que haja uma manutenção. Então, da nossa conversa, pelo menos da minha parte e da parte das pessoas que estavam, a nossa grande questão é, a gente quer instituir um cronograma dessa manutenção. Pra quê? Pra que a gente tenha segurança de que não vai acontecer novamente. Porque aconteceu a primeira vez no dia 27 de janeiro, e a vazão de água já foi grande. Na segunda vez, ela foi muito pior, então quem já tinha perdido, perdeu ainda mais. As pessoas ficaram ilhadas, a água chegou em determinados lugares a bater na nossa cintura”, declarou ao Acorda Cidade.

Moradores do bairro Papagaio
Foto: Paulo José/Acorda Cidade

De acordo com Ana Paula, o Papagaio é um dos principais bairros de Feira de Santana, onde há a presença da construção de diversos condomínios. Segundo ela, por ser um vetor de crescimento, a situação deveria ser diferente.

Moradores do bairro Papagaio
Foto: Paulo José/Acorda Cidade

“Nós moramos em um bairro que está em exponente crescente. É um dos bairros que tem o IPTU mais caro do município. É um dos bairros em que a especulação imobiliária tem crescido muito. Quantos condomínios estão sendo feitos no papagaio? E por que isso aconteceu? A gente quer ter segurança, inclusive, se a gente está em um lugar que é irregular, esse lugar onde a gente mora, que é em grande maioria, se não em todos os condomínios, condomínios do programa Minha Casa Minha Vida, que é o convênio entre as construtoras, com a Caixa Econômica Federal e também com o aval da prefeitura, como é que foi essa terraplanagem? A gente precisa de um estudo daquele solo, dessa região, porque em uma pesquisa básica que eu fiz, o nível topográfico da minha casa é o mesmo da lagoa ali do Parque Linear. Então, eu estou com medo de não só perder mais, mas de perder a estrutura da minha casa, de perder a vida. A minha casa, hoje, vale zero real, vale nada. Aliás, todas as casas ali, depois dessas enchentes, foram desvalorizadas. A gente encontrou peixes no meio do condomínio. Então, foi uma tragédia muito grande”, desabafou.

Moradores do bairro Papagaio
Foto: Paulo José/Acorda Cidade

Ao Acorda Cidade, Ana Paula também destacou que se for preciso, o Ministério Público deverá investigar as tragédias que foram registradas no bairro.

“A gente sabe que em toda a região de Feira de Santana foram várias tragédias que aconteceram. E a gente se reuniu aqui para se mobilizar, porque a gente não pode acomodar o que incomoda, a gente não pode aceitar que isso aconteça, a gente não pode culpar a chuva. A gente sabe que existe uma grande falta de infraestrutura, um plano diretor que contempla inclusive essas questões de drenagem, de macrodrenagem na cidade, de saneamento básico, uma série de coisas relacionadas à infraestrutura. A gente não quer prejudicar ninguém, mas a gente não vai aceitar ser prejudicado, porque já fomos por duas vezes. E a gente precisa que os órgãos públicos tomem providência. A gente precisa, inclusive, que o Ministério Público faça as averiguações necessárias para que a gente volte a ter paz. Porque como eu disse, eu vou repetir novamente, o sonho da casa própria se tornou um pesadelo para nós, um pesadelo. E a gente precisa voltar a viver”, afirmou.

Parque Linear

Segundo Ana Paula Duarte, não há manutenção no local por parte da prefeitura.

“A gente tem aquele Parque Linear lá que a gente olha, não parece um Parque Linear, está abandonado, não tem manutenção. Quem faz a manutenção lá é Seu Zanata, que tem uma luta ali no Papagaio, que é uma luta que todos nós respeitamos, porque é a pessoa que cuida do Parque Linear, que consegue gente para levar mudas, conseguiu até uma pessoa para limpar o parque, para plantar as árvores. Isso a sociedade civil está fazendo, sendo que o poder público poderia fazer. Então, mais uma vez, eu quero chamar aqui a responsabilização, a Caixa Econômica Federal, nós precisamos dialogar com a Superintendência Regional da Caixa Econômica Federal, nós precisamos dialogar com a construtora R. Carvalho, precisamos desse diálogo, ninguém apareceu para dialogar conosco, e também a gente veio aqui para dialogar com a prefeitura. Espero que com essa conversa, com o chefe de gabinete e com esse ato político que a gente fez aqui também, a gente possa começar a ter diálogos que são importantes para resolução da questão”, concluiu.

O que diz a Caixa

Ao Acorda Cidade a Caixa Econômica Federal informou que o residencial Villaggio Papagaio, localizado em Feira de Santana, teve suas obras financiadas pela Construtora RCarvalho Construções e Empreendimentos Ltda, em 2017, contando com alvará, licença ambiental, Habite-se e projeto de drenagem aprovado pela Prefeitura Municipal. O banco atuou na condição de agente financeiro da operação.

A caixa informou também que, diante dos relatos, acionou a construtora para análise da situação e manifestação técnica.

O banco ressaltou que a manutenção de infraestrutura externa aos empreendimentos, como serviços de drenagem e limpeza, bem como avaliação da necessidade de novos investimentos na rede, é de responsabilidade do ente público local.

O Acorda Cidade também entrou em contato com a Superintendência de Obras e Manutenção (Soma) e com a Estação 1, construtora responsável pelos condomínios, e aguarda retorno.

Com informações do repórter Paulo José do Acorda Cidade

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