Um grupo de mães esteve na manhã de terça-feira (20) na Secretaria Municipal de Educação (Seduc) e reclamaram da falta de professores na Escola Municipal Antônio Alves Lopes, no conjunto Viveiros, em Feira de Santana.
Segundo elas, desde o último ano, os alunos da unidade escolar sofrem com a falta de profissionais. O objetivo da visita foi uma conversa com a secretária Anaci Paim, para resolver o problema. O Acorda Cidade também esteve no local e conversou com algumas das mães.
Naiara de Jesus Silva, que é mãe de um aluno do sexto ano, contou as principais dificuldades sofridas por ela e demais responsáveis para terem seus filhos estudando. Além da falta de professores, ela também reclamou sobre a falta de materiais e de fardamento na escola do bairro Viveiros.
“O 6º ano não tem professor, além de que toda a escola está com deficiência de professores, estão fazendo revezamento. Ano passado foi todo assim, um dia as crianças tinham aula, no outro dia, não. Esse ano, o sexto ano está pior, porque o ano letivo começou, mas não tem professor. Tivemos reuniões com a secretária no final de janeiro e ela não deu garantia de que teria professor, que a nossa obrigação era ir à escola e fazer a matrícula. Temos deficiência em espaço, a diretora é excelente, fez um esforço, mas não tem material, não tem fardamento, então é uma cobrança que é o direito dos nossos filhos”, disse.
Indignada, Naiara de Jesus frisou que, no último ano, alguns alunos da Escola Municipal Antônio Alves Lopes foram transferidos para outro bairro, para que pudessem estudar devido à falta de profissionais. Porém, muitas crianças estudavam com alunos de outras idades e reclamavam do ensino.
“Estamos falando de crianças, de 10, 11 anos, que jogaram em outro colégio em outro bairro no ano passado, que era misturado com muitos alunos de outras idades. Algumas crianças foram agredidas, ficaram sem estudar porque as mães não tinham confiança mais, então a gente vai passar por isso de novo? Nos dizem que os professores não querem trabalhar lá, mas que eu saiba, professor é igual a médico, onde tem doente, onde tem aluno, eles têm que estar lá. Não são eles que escolhem aonde querem ir não. São duas turmas, cada uma com mais 30 alunos e até agora nada. A gente vai permitir que nossos filhos passem por isso? Tem aluno que se vacilar, não sabe fazer o nome porque não tem professor, já que é apenas um professor para revezar todas as matérias”.
Mociane Santos também é mãe de dois filhos matriculados na escola. Ela relatou à reportagem sobre a falta de profissionais da educação.
“Tenho dois filhos, um está no 1º e outro no 6º ano. Já os matriculei, porém, meus dois filhos estão sem professor. É uma dificuldade muito grande. A diretora informou que ia fazer o possível, mas até o momento não teve professor pra dar aula. No ano passado também teve, os alunos tiveram que ser transferidos para outra unidade”.
Já Ivonete Silva, disse que a falta de professores na localidade tem impactado no ensino-aprendizagem dos alunos, e que muitos deles são aprovados no fim do ano sem aprender.
“Tenho muita dificuldade, o 6º ano é uma aprendizagem maior, se a gente não tiver condições de colocar em um reforço, como vai ser, sem professor? A qualidade do ensino nunca foi boa, as crianças passam de série sem aprender. Não adianta passar de ano sem aprender a ler, quando ela está no 1º ano? O ensinamento é zero”.
O que diz a Seduc
A secretária Municipal de Educação, Anaci Bispo Paim, recebeu as mães em sua sala e também a reportagem do Acorda Cidade para dar retorno à comunidade. Ela destacou que a falta de professores já é uma demanda resolvida, desde que cerca de 170 professores foram convocados para suprir a necessidade de algumas escolas.
“Já foi resolvido. A partir do momento em que ofertamos a matrícula, porque não havia oferta naquela localidade, a situação foi resolvida. Estamos alocando professores, foi uma definição que saiu do reordenamento da rede, ou seja, do planejamento e nós assumimos esse compromisso atendendo a necessidade dos alunos a partir da demanda apresentada pelas famílias. As vagas foram ofertadas, preenchidas no final do mês de janeiro, está sendo alocado os professores porque chamamos cerca de 170 professores aprovados no último concurso, todos os aprovados estão assumindo, essa semana já irão fazer os exames médicos para serem designados. Lá está na prioridade, foi um compromisso que fiz com as mães no momento em que estávamos abrindo a oferta”, frisou.
Questionada sobre o comentário de que professores estariam se ‘recusando’ a ensinar em escolas de diversos bairros pela distância, a secretária negou qualquer possibilidade de escolha e disse que os profissionais cumprem com suas atividades, independentemente da localidade.
“Tudo é distante, depende de onde você mora. Tem escola na Asa Branca, no Parque Ipê, nos distritos, no Aviário, Mangabeira, depende de onde a pessoa mora. E sempre o professor busca estar desenvolvendo as atividades onde fique próximo da sua residência. Não existe isso de perto e longe. As escolas, estamos colocando onde a população reside, então não vou trazer alunos do Aviário, Viveiros, Asa Branca para vir aqui para a sede, porque a sede, teoricamente é central. A escola tem que ir para os bairros periféricos, onde o povo está. Não existe o conceito de perto ou longe”.
Sobre a falta de uniformes, Anaci Paim concluiu que o material será entregue o mais rápido possível.
“Estamos com um contrato sendo assinado. Tivemos inúmeras empresas neste processo, foi fechado e estamos articulando para que a empresa os entregue o mais rápido possível”, concluiu.
Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade
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