Feira de Santana

Médica infectologista alerta sobre os perigos causados pelo vírus da dengue

Caso seja infectado, uma das recomendações é que o paciente possa ingerir bastante líquido.

Foto: Divulgação/Secom
Foto: Divulgação/Secom

Foi iniciada na última quinta-feira (15), em Feira de Santana, a vacinação contra a dengue para crianças entre 10 e 11 anos de idade. A imunização começou na Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e no Centro de Saúde Especializado Dr. Leone Coelho (CSE).

Para combater a dengue, o Sistema Único de Saúde (SUS) está disponibilizando gratuitamente aos municípios a vacina Qdenga do laboratório japonês Takeda Pharma. A imunização das crianças segue a orientação do Ministério da Saúde.

Para orientar a população, a reportagem do Acorda Cidade conversou com a médica infectologista Melissa Falcão, que alertou os cuidados que todos devem tomar.

Segundo ela, caso a pessoa seja contraída pelo vírus, o mais recomendado neste momento é manter o corpo hidratado e evitar medicamentos anti-inflamatórios.

Melissa Falcão
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

“O melhor tratamento para Dengue continua sendo a hidratação, fluidoterapia, tomar água, suco, qualquer tipo de líquido é benéfico quando se está com a infecção pela dengue. Esse é o melhor tratamento, barato, eficaz e seguro. Se você tem dor ao redor dos olhos, febre, dor no corpo, a sensação de corpo quebrado, de fadiga, de cansaço, pode aparecer manchas vermelhas com coceira, enjoo, dor de cabeça, sempre que tiver com algum desses sintomas, nesse período principalmente que estamos vivendo de aumento do número de casos de dengue, eu tenho que pensar que pode ser dengue, não posso usar anti-inflamatório, porque o uso de qualquer anti-inflamatório, na vigência de dengue, aumenta o risco de complicação, de sangramento, de dengue grave. Começo a me hidratar e procuro um atendimento médico para que possa ser feito o diagnóstico correto e a orientação do melhor tratamento”, informou.

De acordo com a infectologista, o paciente só deve tomar algum medicamento, caso seja prescrito por algum médico.

“A prescrição é pelos sintomas, medicamentos sintomáticos, se eu tenho febre, se eu tenho dor, eu vou tomar dipirona, vou tomar paracetamol e o líquido que continua sendo sempre a parte mais importante na dengue. Eu volto a frisar pela importância de não usar Ácido Acetilsalicílico (AAS), não usar Ibuprofeno, Nimesulida, nenhum medicamento considerado como anti-inflamatório”, declarou.

Mitos e verdades sobre a dengue

Ao Acorda Cidade, Melissa Falcão enfatizou que, além de secar aquele ambiente que estava com água parada, é necessário limpar para que todos os ovos que ali estavam possam ser eliminados.

“Não basta apenas secar, pois os ovos podem ficar secos no local por até um ano. E quando bota água de novo no local, ele reemerge e vem a larva e depois um mosquito. Então, além de tirar a água, precisa passar uma bucha com sabão, lavar o recipiente que continha essa água. O mosquito da dengue costuma picar mais durante o período diurno, durante o dia, principalmente no início da manhã, final da tarde, mas não quer dizer que ele não vá picar à noite”, informou.

Segundo a médica infectologista, apenas o mosquito fêmea pode transmitir o vírus para o ser humano, pois se alimenta de sangue e assim coloca os ovos para proliferar. Já o mosquito macho se alimenta de seiva, plantas e outros produtos.

Melissa Falcão aproveitou para comentar sobre as técnicas utilizadas pelas pessoas para repelir o mosquito.

“O cheiro da citronela pode ajudar a repelir o mosquito, mas não é 100% de forma segura. A melhor maneira de se prevenir é realmente utilizando repelente de maneira individual, repassando de acordo com a orientação do fabricante, quantas vezes for necessária. A primeira diferença da muriçoca comum para o Aedes, que transmite a dengue, é a zoada. Então quando escutamos aquele típico barulho da muriçoca, não é o Aedes, pois ele não faz barulho, tem um voo silencioso, e a picada do Aedes costuma ser menos indolor do que a picada da muriçoca. Outra técnica é o cheiro da borra de café queimado, ajuda um pouco a afastar os insetos, como moscas, muriçocas, mas isso não vai impedir sempre”, explicou.

Reprodução do mosquito acontece mais no verão ou no inverno?

Segundo a médica infectologista, o calor faz acelerar o processo de reprodução dos mosquitos.

“Acreditamos que essa situação que estamos vivenciando agora pela dengue seja principalmente por conta do clima atípico que temos vivenciado. Muito calor, seguido de muita chuva, muita água acumulada, faz com que a fase de vida do mosquito seja mais rápida, então ele vira de ovo a mosquito de uma maneira muito mais rápida que no período de inverno. Essa junção de clima quente com chuva é o que faz com que tenha uma explosão de número de casos e que aumente o número de mosquitos associado com a falta de cuidado da população que não procura eliminar suas fontes em casa. E, claro, coleta de lixo, saneamento básico, que precisam também estar muito bem organizados numa cidade para que não possa haver possibilidade dessa proliferação”, disse.

“Não estamos livres em nenhum momento. O uso de repelente, a proteção deve ser incentivada sempre. Mesmo aquelas pessoas que estão vacinadas, agora já temos uma vacina liberada no país, já começou a ser aplicada aqui na nossa cidade, inicialmente para as crianças de 10 a 11 anos, daqui a pouco vai chegar até as crianças de 14 anos, mas mesmo as pessoas vacinadas precisam usar o seu repelente e se prevenir, verão, inverno, primavera, outono, qualquer estação do ano. A dengue é sazonal. Ela aumenta nesse período, principalmente do verão, mas ela está presente durante todo o ano”, concluiu.

Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade

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