Feira de Santana

Santa Casa de Feira de Santana atinge marca de 400 transplantes renais realizados no município

O procedimento é realizado desde o ano de 2015 na cidade

Hospital Dom Pedro de Alcântara
Foto: Paulo José/Acorda Cidade

A Santa Casa de Misericórdia de Feira de Santana, alcançou a marca de 400 transplantes renais realizados no município. O serviço é oferecido desde o ano de 2015 e beneficia pacientes de mais de 100 cidades.

Como forma de celebrar esta conquista, a direção da Santa Casa realizou na manhã desta quinta-feira (8), uma coletiva de imprensa, onde foram apresentados o paciente ‘número 1’ e o paciente ‘número 400’.

José Paulo Albert de Souza Freitas foi o paciente de número 400. Ao Acorda Cidade, ele relembrou os momentos difíceis que passou durante a vida e até imaginou que poderia não resistir.

Hospital Dom Pedro de Alcântara
Foto: Paulo José/Acorda Cidade

“Eu tive muitos desafios, o primeiro foi a tristeza, porque a saúde mental ficou bem abalada. Eu nunca tinha ido no médico, a primeira vez que eu fui, fiquei um mês internado. A hemodiálise é muito cansativa, exaustiva, tentava ter um futuro, mas ao mesmo tempo retraía, porque pensava que iria morrer logo em seguida. Mas graças a Deus fui chamado na última segunda-feira da semana passada, cheguei aqui, fiz todos os exames certinho, fui muito bem tratado por todos aqui, do copeiro ao maqueiro, médicos, enfermeiras, porque além de serem ótimos profissionais, eles são muito humanos, acreditem, eu já tive em outros hospitais e o daqui, o tratamento é diferente, o pessoal é muito humano e a gente precisa disso”, declarou.

Após o transplante, José Paulo contou que a partir de agora, tem um novo pensamento, uma nova expectativa de vida.

“Eu estou muito bem, estou muito feliz, estou com pensamento de futuro, coisa que eu não tinha antes, eu tentava pensar no futuro, mas logo em seguida vinha um pensamento triste de que poderia morrer a qualquer momento, eu sabia que o meu tratamento estava me mantendo vivo, mas ele estava me matando aos poucos. Isso me deixava bem para baixo, mas graças a Deus agora eu estou com meta, vou botar minha empresa para crescer, não vou depender tanto de outras pessoas, eu estava muito dependente, e aí só futuro agora, agradecer a Deus, a família que permitiu a doação dos órgãos, isso me permitiu voltar a sonhar, voltar a ter um futuro”, afirmou em entrevista ao Acorda Cidade.

Considerada como paciente ‘número 1’, Luciane Dias Carneiro realizou o procedimento do transplante no ano de 2015. Hoje com 29 anos, a paciente contou que a vida mudou completamente e nenhum tipo de incômodo sente mais.

Hospital Dom Pedro de Alcântara
Foto: Paulo José/Acorda Cidade

“Tenho 8 anos que eu fui transplantada, eu transplantei no ano de 2015 e depois do transplante a minha vida mudou muito, graças a Deus. Não tenho do que reclamar. O pessoal aqui do hospital, da Santa Casa, abriu as portas para esse transplante, foi maravilhoso porque mudou literalmente a minha vida. Quando eu soube que eu estava com insuficiência renal, foi muito triste, não só para mim como para minha família, porque afetou a todos também. Mas, graças a Deus, depois que eu fiquei sabendo dessa oportunidade que Feira de Santana estava proporcionando, junto com o hospital e a Santa Casa, eu vim, não perdi tempo também, fiz todos os meus exames e consegui chegar. Depois do transplante não sinto mais nada, graças a Deus. Só vitórias e me cuidar”, afirmou.

Santa Casa de Misericórdia
Foto: Assessoria

Mesmo após realizar o procedimento de transplante, Luciane explicou que precisa dá continuidade com o acompanhamento.

“Eu tomo remédio, a gente precisa tomar imunossupressores e vamos tomando para o resto das nossas vidas. Eu trabalho normalmente, sou confeiteira, sou microempreendedora também, pois antes do transplante eu não tinha essa oportunidade de trabalhar, além de ser muito cansativo, eu tinha muito sofrimento, mas o transplante mudou a minha vida, foi 100%, a Santa Casa está de parabéns”, disse.

O médico cardiologista Edval Gomes, diretor técnico da Santa Casa, também comemorou a marca de 400 transplantes realizados na unidade hospitalar. Segundo ele, são quase 10 anos de muita batalha, salvando vidas.

Hospital Dom Pedro de Alcântara
Foto: Paulo José/Acorda Cidade

“É uma comemoração, uma marca extremamente importante, 400 transplantes são muitos transplantes, hoje a nossa instituição é uma das mais importantes, mais relevantes em transplante renal no estado, é uma história longa que a gente precisa divulgar, são quase 10 anos de batalha, então é uma comemoração da gente poder manter um serviço com essa qualidade e com essa relevância para a nossa cidade, para a nossa região e para o nosso estado”, informou.

Como acontece o processo de transplante?

De acordo com o médico, é necessário avaliar o perfil do paciente, quanto ao doador para que seja compatível.

Santa Casa de Misericórdia
Foto: Assessoria

“Uma vez havendo um órgão, esse órgão pode ter origem em um paciente vivo, um doador vivo, um irmão pode doar para outro irmão ou pode ser um doador falecido, uma pessoa que, por exemplo, teve um acidente, um traumatismo craniano, a morte encefálica e é um doador, esse órgão é doado, ele entra dentro de um processo do estado, dentro de uma fila única e é visto ali dentro daquela relação de pacientes quem é que tem o perfil para poder receber aquele órgão. Uma vez identificado esse paciente, esse órgão é encaminhado para a nossa instituição e a nossa equipe de cirurgia urológica, faz uma avaliação, eles participam na verdade o tempo inteiro desse processo junto com os nefrologistas, vêm e fazem essa cirurgia, a colocação desse órgão nesse paciente. É uma cirurgia complexa, precisa de pessoas capacitadas, não é qualquer urologista que executa, não é qualquer nefrologista que acompanha, é algo extremamente delicado e precisa de uma equipe muito capacitada, especializada”, explicou.

O médico Rodrigo Matos, provedor da Santa Casa de Misericórdia fez uma avalição para reportagem do Acorda Cidade sobre o trabalho dos transplantes. Segundo ele, a ideia é que a unidade tenha a capacidade de realizar inúmeros procedimentos.

Hospital Dom Pedro de Alcântara
Foto: Paulo José/Acorda Cidade

“Primeiro eu agradeço a oportunidade de estar falando e levando esperança através das histórias da primeira transplantada e do número 400 que não é o último, é o atual, porque a gente não tem último transplantado, porque a gente quer aumentar, a gente quer ter 800, quer ter 1.200, enfim. Queremos dizer que nós temos um serviço de muita qualidade, de muita complexidade, mas que atinge números expressivos. Então, dizer que a gente está muito feliz de transformar 400 famílias através do serviço que a gente presta aqui”, destacou.

O provedor também explicou quais critérios são avaliados para que um transplante possa ser realizado.

“Existe uma avaliação técnica, então o paciente que tem insuficiência renal, ou seja, o rim não está funcionando direito, ele é acompanhado por um nefrologista. Esse nefrologista entende qual o quadro desse paciente e aí vê se ele pode ser encaminhado para uma avaliação no nosso ambulatório, que é um ambulatório especializado em transplante, que é só para transplante renal, para que ele possa passar para uma avaliação de uma equipe multidisciplinar, de nutrição, enfermagem médica, para ver se aquele paciente é elegível. Tem condições clínicas, técnicas que dizem se ele é elegível ou não. A partir do momento que ele é elegível, ele passa a ser acompanhado e monitorado para que quando apareça um rim disponível para esse paciente, ele possa ser chamado, ser transplantado e a partir daí fica com a gente para o resto da vida. É um vínculo eterno, enquanto houver vida, há o acompanhamento desse paciente pós-transplante”, disse ao Acorda Cidade.

Como é a vida pós-transplante?

Segundo o médico Rodrigo Matos, é necessário que o paciente tenha total acompanhamento para evitar qualquer tipo de rejeição do órgão.

“Os pacientes, a partir do momento que fazem o transplante, são acompanhados pelo o resto da vida dentro da nossa instituição, acompanhados como? Acompanhados por uma equipe especializada. É um nefrologista com formação específica em transplante renal. O nefrologista é o grande maestro desse processo e por isso que precisa ser um nefrologista que tenha formação em transplante renal. Ele é acompanhado inicialmente todos os dias, depois é semanal, depois é quinzenal, depois é mensal até ficar pelo menos uma vez por ano. Por quê? Porque a gente precisa garantir que essa cirurgia, que esse transplante de rim seja efetivamente garantido para que esse paciente não volte a passar pelo que ele passava, que eram as terapias hemodialíticas, que são três vezes por semana”, explicou.

Ainda de acordo com o provedor, o paciente deixando de realizar tratamentos como a hemodiálise, o custo se torna mais baixo para o Sistema Único de Saúde (SUS).

“Existe também uma coisa que é importante ressaltar do ponto de vista de saúde pública. Nós temos o SUS, que é universal, e que existe um investimento, eu não gosto de falar em custo, quando a gente fala em saúde, mas existe um investimento muito grande estatal de um país que está em desenvolvimento. A partir do momento que ele faz a cirurgia, ele deixa de o quê? De ter a necessidade de fazer a hemodiálise três vezes por semana, que é caro. Então quando você deixa de fazer três vezes por semana, você tem o quê? Uma economia financeira, e no país que optou por fazer um sistema universal, integral, ele pode investir agora esse dinheiro em outras políticas públicas de saúde. Então o transplante renal é o ganha-ganha, ganha o paciente, ganha a família, ganha o Estado, e ganha a instituição que consegue cumprir a sua missão, que é cuidar de pessoas”, concluiu.

Com informações do repórter Paulo José do Acorda Cidade

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