Uma ação social está sendo realizada na manhã deste domingo (4), na Igreja Adventista do bairro Panorama, em Feira de Santana, para trazer um pouco de conforto às pessoas afetadas pelas inundações causadas pelas chuvas que caíram desde o dia 25 na cidade. Somente na localidade, muitos moradores perderam tudo, ficaram desalojados e assustados. Após o trauma, eles encontram bastante dificuldade para se recuperar.
Pensando nisso, a psicóloga Ravena Cerqueira Leite encontrou uma maneira de ajudar. Ela, que também é moradora do bairro, percebeu a necessidade e organizou um grupo de profissionais da psicologia para atender gratuitamente quem está precisando.
“Conversando com alguns moradores, muitos relataram que estavam sem conseguir dormir, por conta do trauma. Crianças que estavam tão traumatizadas ao ponto de acordar durante a madrugada, colocando a mão do lado da cama para ver se a água estava subindo. Então, era um medo muito grande e, sempre que o tempo fechava, essas pessoas estavam imaginando que pudesse chover novamente, que pudessem ter suas casas inundadas porque a gente sabe que o dano material foi grave. Afinal, é a história de muitas pessoas. Mas o dano psicológico também fica”, relatou ao Acorda Cidade.
Quatro psicólogas estão atendendo na ação, que é destinada apenas para o público afetado pelas enchentes. Ravena Leite, Emanuella Lopes, Jéssica Matos e Mykaella Santos se disponibilizaram voluntariamente em solidariedade as pessoas prejudicadas.
Até o momento, os atendimentos contam com o voluntariado dos profissionais e da Igreja Adventista, que cedeu o espaço. Pessoas de todas as idades podem participar.
“A igreja é próxima das ruas que foram afetadas. Então, por ser uma igreja grande e que estava aberta para essa ação, acredito que não tinha outro local que pudéssemos realizar que comtemplasse muito bem”.
Foi mostrado no Acorda Cidade o drama de muitos moradores que perderam móveis e eletrodomésticos na Rua Adriano Araújo. Por lá, a água invadiu em cheio as casas. Entre as 17h do dia (26) até às 5h da manhã, foram registrados 120mm de chuva.
Situação essa enfrentada por Josineide Santana de Jesus, de 43 anos. Dos bens materiais, ela só conseguiu salvar a cama e a geladeira.
“Perdemos roupa, tudo. Agora, no momento mesmo, eu estou com roupa de praia porque não tive roupas para vir”.
Na sexta-feira (26), dia da inundação, Josineide precisou sair de casa, pois estavam com duas crianças. Ela buscou abrigo na casa do pai. A moradora já retornou para sua residência, mas ainda enfrenta dificuldades para superar os estragos materiais e mentais vividos naquele dia.
“Eu estou péssima. Porque eu entro em casa e não acho as coisas. Está tudo fora do lugar. As roupas que consegui recuperar estão em trouxas, que eu lavei no decorrer da semana. Eu continuo muito assustada e chorando também, muito chorosa”, falou Josineide, explicando os motivos que a levaram a buscar o atendimento.
Para a psicóloga, os benefícios principais da ação são a redução dos danos para minimizar os traumas. Apesar de ser apenas um atendimento, levar um pouco de conforto nessas horas é fundamental para a reabilitação dessas pessoas.
“A gente está contribuindo para que um morador consiga dormir um pouco melhor, para conseguir ter uma noite de sono um pouco mais tranquila, isso já vale bastante”, declarou.
Os atendimentos seguiram até o meio-dia, mas a previsão é conseguir realizar as sessões, pelo menos uma vez por mês.
“Pretendemos nos estender mais, fazer pelo menos uma ação por mês. Muitas famílias foram afetadas. Na minha rua mesmo, foram mais de 20 famílias afetadas. Inclusive, no domingo, 8 dias hoje, o cenário era um cenário terrível, porque muitas pessoas com seus móveis nas frentes das casas, colocando ali para jogar no lixo, então era um volume muito grande de móveis, pessoas que perderam realmente muitos dos seus bens, então era um cenário de destruição”, relatou.
Ainda segundo Ravena, muitos moradores abandonaram suas casas e foram morar em outro lugar com medo de que as inundações acontecessem novamente.
Além disso, a psicóloga cobra atenção do poder público para que resolvam os problemas da rede de esgoto que encontra-se entupida.
“A gente aguarda pelo poder público para que olhe também para essas ruas, para essas pessoas para que venha minimizar esse medo, esse pavor de que isso aconteça novamente. As regiões que foram afetadas não têm costume de alagar, somente uma parte. A minha casa mesmo nunca alagou. Tem um vizinho que mora há 22 anos no bairro e ele nunca teve sua casa alagada, essa foi a primeira vez”, finalizou.
Leia também:
Feira de Santana registra 120mm de chuva; prefeito pede cautela
Chuva deixa ruas alagadas em Feira de Santana
SMT recomenda atenção redobrada no trânsito em períodos chuvosos
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade
Siga o Acorda Cidade no Google Notícias e receba os principais destaques do dia. Participe também dos nossos grupos no WhatsApp e Telegram