O câncer de pele representa o tumor mais incidente entre a população brasileira, com 220.490 novos registros para cada ano do triênio 2023-2025, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca). Apesar dos números alarmantes, a doença pode ser prevenida com medidas simples, começando pelo uso correto do filtro solar.
“Independentemente do tipo de pele, é crucial aplicar uma quantidade adequada de protetor solar e reaplicá-lo regularmente, especialmente após nadar ou transpirar. Além disso, é importante considerar produtos com proteção contra os raios UVA e UVB, que têm amplo espectro”, destaca Francielli Brito, professora do curso de Biomedicina da Estácio.
Quanto à escolha do índice de proteção (FPS), a profissional recomenda considerar o tipo de pele, a intensidade da exposição solar e a geografia do local.
“Não há uma regra única, mas indivíduos com pele mais clara têm menos melanina – pigmento que fornece alguma proteção natural contra os raios UV –, por isso recomenda-se um FPS mínimo de 30 para uso diário e PPD acima de 13; se fizer atividades prolongadas ao ar livre ou sob sol intenso, deve-se considerar um FPS 50 ou mais e PPD acima de 20. Pessoas com fototipo mais alto naturalmente têm mais melanina, mas têm um risco de sofrer queimadura solar, ainda que reduzido, e não são imunes aos danos causados pelos raios UV. Recomenda-se um FPS 15 e PPD 13 para o dia a dia; e um FPS a partir de 30 e PPD 16, se for exposto ao sol intenso ou realizar tarefas ao ar livre”, elucida.
Dúvida bastante frequente, o momento certo de aplicar o filtro solar deve ser 15 a 30 minutos antes de se expor ao sol para que o produto seja absorvido e entre em ação, como explica a professora.
“Use uma quantidade generosa para cobrir todas as áreas expostas da pele – cerca de 2 miligramas por centímetro quadrado de pele. Se você estiver nadando ou suando, reaplique o filtro solar imediatamente, independentemente do tempo recomendado entre as aplicações normais. Certifique-se de aplicar o produto em áreas frequentemente esquecidas, como orelhas, pés, pescoço e parte de trás das mãos. Use protetor labial com FPS para se proteger dos efeitos nocivos do sol”, orienta.
Outra dica da especialista é entender as diferenças entre filtros químicos e físicos para uma escolha mais assertiva.
“Em geral, o uso de um ou outro se resume às preferências pessoais, tipo de pele e atividades planejadas. O protetor solar químico contém compostos orgânicos que absorvem a radiação UV e a convertem em calor, que é liberado pela pele. Geralmente oferece uma proteção mais ampla contra os raios UVA e UVB, sua textura é leve, o que facilita a aplicação, e está presente em muitos cosméticos. Pode ser mais indicado para uso diário”, esclarece.
Já o filtro físico ou mineral contém minerais como óxido de zinco ou dióxido de titânio, que refletem a luz UV, agindo como uma barreira física na superfície da pele. Sua proteção é imediata, assim que é aplicado, e é mais indicado para peles sensíveis.
“Esse tipo de filtro é vantajoso para atividades ao ar livre ou exposição solar por períodos prolongados por ser mais duradouro, não se degrada tão rapidamente quanto alguns filtros químicos”, afirma.
Para garantir a eficácia e a segurança do filtro solar, a docente alerta para observar a data de validade no rótulo e substituí-lo regularmente.
“Ao longo do tempo, os ingredientes ativos dos filtros solares podem degradar, perdendo sua capacidade de proteção contra os raios UV e sua resistência à água, o que aumenta a probabilidade de sofrer queimaduras solares, envelhecimento precoce da pele e outros danos, como reações alérgicas ou desconforto cutâneo. Lembre-se de armazenar o filtro solar longe de calor excessivo e luz solar direta, o que pode acelerar a degradação dos ingredientes ativos. Alterações na textura, cor e odor sugerem que o produto está vencido e, portanto, sua formulação não está em boas condições de uso”, finaliza.
Cores e texturas diferentes
Nas últimas décadas os fotoprotetores evoluíram, e hoje é possível encontrar nas prateleiras uma gama variada para diferentes tipos e tons de pele, ocasiões e necessidades. Uma das opções é o filtro solar com cor, que oferece uma cobertura adicional de proteção contra a luz visível – presente em lâmpadas, smartphones, tablets e outros equipamentos eletrônicos –, e ajuda ainda a uniformizar o tom da pele.
“Sua composição costuma ter ingredientes físicos, como óxido de zinco ou dióxido de titânio, que agem como barreiras e refletem a luz UV”, descreve Francielli Brito.
Em relação às texturas, a professora da Estácio diz que cremes e loções são mais simples de aplicar em grandes áreas da pele, fornecem uma cobertura uniforme.
“Algumas pessoas podem achar sua absorção mais demorada em comparação às versões aerossol e spray, que alcançam áreas mais difíceis e secam rapidamente, porém exigem atenção na quantidade a ser aplicada para garantir uma cobertura suficiente”, disse.
Outra alternativa prática são espumas e mousses, de textura leve e fácil de espalhar. “Assim como aerossóis, é importante aplicar uma quantidade suficiente para obter a proteção desejada”, acrescenta.
A especialista lembra que é importante fazer o teste de contato antes de comprar o filtro solar para verificar se atenderá às expectativas e evitar reações alérgicas, especialmente em quem tem histórico de sensibilidade a dermocosméticos.
“Os princípios ativos oxibenzona e octinoxato são os mais prováveis de causar alergias, embora seja uma situação rara de acontecer. O primeiro pode provocar irritação e erupções cutâneas, e o octinoxato, vermelhidão, prurido (coceira) e erupções cutâneas. Quem tem sensibilidade a um dos compostos, deve escolher fórmulas livres de um ou outro”, comenta.
Em caso de reação alérgica, a profissional aconselha a lavar a área afetada com água morna e sabonete neutro para remoção do produto, interromper seu uso imediatamente e consultar um médico dermatologista, que poderá prescrever antialérgicos tópicos a depender do quadro clínico.
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