Saúde

Em Feira de Santana, secretária de Saúde do Estado explica principais desafios na regulação e superlotação da UPA Estadual

Atualmente, 14 pacientes aguardam na regulação em Feira de Santana.

UPA Estadual e HGCA
Fotos: Ney Silva e Paulo José/ Acorda Cidade

A secretária de Saúde do Estado da Bahia (Sesab), Roberta Santana, esteve em Feira de Santana nesta segunda-feira (22) com o governador Jerônimo Rodrigues, para inaugurar e autorizar investimentos na área da saúde, para o município. Em entrevista ao vivo no Acorda Cidade, ela foi questionada sobre diversos assuntos, entre eles o do Sistema de Regulação, criado para gerir vagas hospitalares e outras necessidades de pacientes dentro do Sistema Único de Saúde (SUS), utilizando critérios internacionalmente estabelecidos.

Devido a grande demanda de pacientes, zerar a fila do sistema é um desafio do Governo do Estado na transferência para unidades especializadas. Contudo, a secretária informou que o número de pacientes à espera vem diminuindo.

Secretária Estadual de Saúde (Sesab)
Foto: Iasmin Santos/ Acorda Cidade

A secretária também destacou a ampliação de novas cirurgias eletivas no Hospital Geral Clériston Andrade (HGCA), em Feira de Santana.

“Não tem tabu para falar sobre a regulação, temos encarado de frente, 24h por dia e essa é a pauta prioritária do governador. Temos conquistas nesta trajetória de um ano, só para ter ideia em números, em Feira de Santana mais de dez mil pacientes foram transferidos neste um ano. Falávamos há pouco sobre a grande incidência da ortopedia, no vascular e na clínica médica. São as três especialidades que mais demandam da regulação”, declarou.

“Ampliamos em 22% o número de cirurgias ortopédicas no HGCA. De neuro, foram 43% a ampliação de cirurgias. Nesse quesito de evolução, quando nós assumimos, o número de pacientes que aguardavam a regulação em todo o estado era de 2235 pacientes. Hoje, esse número está entre 1500 a 1600 pacientes. 50% desses pacientes são regulados em até 48h, então precisamos aprimorar este percentual para que a gente trabalhe no tempo e é o que muitas vezes, angustia a família. Todo mundo tem um familiar em que a gente quer que prontamente ele seja atendido”, destacou.

Entre os maiores pedidos de regulação no município, estão os pacientes que precisam de atendimentos específicos em ortopedia em decorrência de acidentes de trânsito. A secretária aproveitou para fazer um apelo à população diante dessas ocorrências.

“Ortopedia lidera, em decorrência dos acidentes de trânsito, e principalmente com motos. Temos o relatório desse ano que informa as entradas de urgência e emergência no Clériston Andrade, que são pacientes trazidos pelo Samu direto para a unidade hospitalar e temos atendido. Precisamos de conscientização aos acidentes de trânsito para que as pessoas tenham responsabilidade, porque isso realmente a gente não controla, é uma causa externa e a gente precisa falar”.

Regiões

Atualmente, 14 pacientes aguardam na regulação em Feira de Santana. A unidade hospitalar de referência, o Hospital Geral Clériston Andrade, também atua na regulação de pacientes de diversos municípios da região.

“Toda a região macro leste, Itaberaba por exemplo, Serrinha, Ipirá, todos esses vêm para o Clériston Andrade, mas 28% desses pacientes que dão entrada são de Feira de Santana. Também é importante ressaltar o trabalho dos municípios no atendimento primário, não é só trabalho do Governo do Estado, é cada um com a sua competência”, frisou Roberta Santana.

Serviços

A fim de melhorar a saúde geral no município, mas principalmente reduzir as ocorrências na ortopedia, a Sesab também investiu nos serviços contratualizados através da Santa Casa de Misericórdia, ou popularmente, o Hospital Dom Pedro de Alcântara.

Roberta Santana destacou ainda que R$124 milhões foram investidos através da parceria com redes privadas para garantir o atendimento de saúde aos pacientes que chegam pela regulação. Ela completou ainda que o Hospital Ortopédico, que será inaugurado em março, na capital baiana, também pretende reduzir esta fila de regulação.

“Só em serviços contratualizados hoje temos R$124 milhões com a iniciativa privada, com a rede privada e filantrópica em Feira de Santana. R$124 milhões aportados em hemodinâmica na Santa Casa, ortopedia, tudo isso está sendo feito pelo Dom Pedro. Temos um fórum de regulação que acontece entre Município, Estado e Ministério Público. Na última reunião, houve registro das secretárias, tanto de Salvador como de Feira de Santana, de que já percebem a melhoria no processo regulatório. Fizemos uma apresentação no fórum desses dados de redução da regulação e todos os municípios já comprovaram. É um investimento grande, tivemos a maior execução dos últimos tempos em investimentos e vemos evoluindo. Temos pacientes com situações complicadas, como os de mão que são especialidades específicas que levam 12 dias aguardando a regulação, mas o que temos procurado é onde a gente pode reduzir esse tempo. Ortopedia também temos esse desafio, mas em 1º de março, vamos inaugurar o Hospital Ortopédico em Salvador. Vamos tentar ao máximo reduzir essa fila de regulação ortopédica”.

UPA Estadual

UPA do HGCA
Foto: Paulo José/Acorda Cidade

Além da fila de regulação, um dos maiores obstáculos para a evolução da saúde no município é a superlotação da Unidade de Pronto Atendimento do Estado, localizada ao lado do HGCA, em que popularmente é chamada de UPA do Clériston.

Sobre este assunto, Roberta Santana disse que junto ao governo busca medidas para garantir o atendimento desses pacientes que recorrem à unidade, além de evidenciar a responsabilidade do município em garantir atendimento básico de saúde aos pacientes.

“Estive lá ontem. A UPA do Clériston, como é chamada, é a única UPA que recebe ortotrauma. Então, é onde tem ortopedista, cirurgião, é uma UPA que se as outras estivessem funcionando e atendendo perfeitamente clínica médica, seria mais fácil. Não tenho problema em falar, fui ontem e estava superlotado, a gente atende todos, mas é claro que queremos atender com todo conforto e comodidade, não quero chegar e ver a situação que encontrei ontem. Mas, sem dúvidas, precisamos falar da obrigação do município na prerrogativa legal que precisa ser reconhecida. São 24 leitos de observação e tinham mais de 40 pessoas dentro da UPA. Sentamos, mapeamos e estamos montando estratégias de definição de um cirurgião para fazer o reforço no atendimento e poder dar vazão aos pacientes. O pedido do governador é que ninguém saia sem atendimento. O tempo tem demorado, mas estamos atendendo”.

A secretária de Saúde finalizou ainda lamentando a dificuldade da prefeitura de Feira de Santana em arcar com o consórcio das UPAs. Segundo ela, desde o mês de junho do ano passado, não foram pagos os valores contratuais para o funcionamento dessas unidades.

“O único município inadimplente hoje é Feira de Santana no pagamento do consórcio. A gente pautou, o município pagou, mas de junho para cá, não houve mais repasse do município. A gente não suspende o funcionamento, mas não é justo, a lógica do funcionamento é 50% estado e 50% município. Todos os 29 municípios pagam, mas Feira de Santana, não. Vou ligar para a secretária e pedir que honre, não é justo, temos funcionamentos que precisam ser respeitados”, concluiu.

Leia também: Casa da Gestante, Bebê e Puérpera é inaugurada em Feira de Santana

Ouça a entrevista na íntegra:

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