Feira de Santana

Após mortes por afogamento, professor de natação dá dicas de como evitar acidentes em ambientes aquáticos

Em casos de afogamento, os primeiros socorros podem contribuir com eventuais desastres.

crianças em piscina
Foto: Joel Rodrigues/Agência Brasília

Com a chegada do verão, das férias e dos momentos de lazer seja na piscina ou na praia, o cuidado de crianças em relação à proteção deve ser ainda maior.

Somente nos últimos dias, na Bahia, três crianças morreram vítimas de afogamento, duas delas em Feira de Santana, e uma em Itabuna, no sul do estado.

Visando essa prevenção de afogamento em crianças e adultos, o Acorda Cidade conversou com o professor de natação, Rodrigo Araújo, para trazer dicas de evitar acidentes aquáticos neste período do ano.

À princípio, uma das dicas cruciais para aproveitar o momento de lazer com segurança, é a fiscalização dos responsáveis.

Professor de Natação
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

“Algumas medidas de prevenção que os pais e responsáveis precisam tomar para evitar afogamentos de crianças menores, é ter fiscalização. Independente se a criança ela saiba ou não nadar, ela precisa de fiscalização. 100% dos casos de afogamento que acontecem é por falta de fiscalização de um adulto responsável. Por mais que o adulto fale que só virou alguns segundos, às vezes, se esquece também de fiscalizar porque está com a atenção no celular, no tablet, está utilizando bebida alcoólica, batendo papo com amigos, familiares. Então, essa atenção deve ser 100% para a criança onde existe ambiente aquático. A criança, mesmo ela sabendo nadar, pode chegar um momento que ela vá tentar atravessar a piscina e chegue na metade dela, e ela se canse, assim, ela não vai conseguir sair daquela situação, então isso pode gerar um afogamento”, disse.

As brincadeiras na piscina também podem gerar diversos tipos de afogamento. Outra dica que vale para a vida, é aprender a nadar. De acordo com o professor, seja adulto ou criança, frequentar aulas de natação, nunca é tarde.

“Então, a fiscalização da criança é super importante, mas colocar a criança na sala de aula de natação o mais cedo possível também é importante. O recomendado são a partir dos seis meses de vida em diante, para começar a estimulação aquática, independente se você for adulto, e também não sabe nadar, nunca é tarde. Também é importante fazer as aulas de natação para poder evitar qualquer tipo de incidente. Os principais sinais de alerta que indicam que uma criança pode estar em perigo de afogamento, são brincadeiras de mau gosto, de empurrar o colega, o primo, o familiar, o irmão na piscina, essas brincadeiras de empurrar, brincadeira de subir no outro, de tentar brincar de derrubar, isso pode gerar um trauma na cabeça, batendo a cabeça na borda e gerar consequentemente um afogamento, aquelas brincadeiras de segurar mãos e pés, balançar o outro e jogar. Isso pode gerar também um trauma, pancada na borda e consequentemente um afogamento, águas abertas, rio, mar, lagos, represas”, explicou.

Um afogamento pode ser classificado em diversos graus, em que podem ocorrer, até mesmo, uma parada cardiorrespiratória. Por isso, além da fiscalização, a educação no ambiente aquático também é um componente favorável na prevenção de acidentes.

“Nunca se pode tentar ensinar uma criança a nadar, jogando-a no meio do rio e fazendo ela tentar voltar de qualquer maneira. Isso aí é uma coisa que foi utilizada lá nos nossos antepassados. Não é cabível mais a gente fazer esse tipo de situação hoje, além de que poder gerar um trauma na criança. Pode também acontecer dela vir a se afogar. Existem vários graus de afogamento. Então, uma criança ela pode sofrer, mesmo que seja o grau 1, que é o grau mais simples, sofrer um grau de afogamento. Isso gera um trauma muito complicado e pode ser irreversível lá na frente. Esses sinais de alerta são muito importantes para que a gente possa ficar atento. Uma outra coisa é ensinar a criança a não brincar de que está fingindo se afogar. Isso pode ser levado como uma brincadeira e quando for uma situação séria? Ensinar a criança de que isso não é permitido, não é legal fazer esse tipo de brincadeira, é de suma importância, já que quando acontecer realmente, alguém pode pensar que é uma brincadeira e não ir lá salvar”, frisou.

Objetos de segurança

As boias são divertidas, mas não são muito confiáveis quando o assunto é a total segurança. O objeto, segundo Rodrigo Araújo, pode trazer uma falsa segurança, já que podem virar dentro d’água, causando acidentes.

“Não se confiar 100% em boias. As boias dão uma falsa sensação de segurança, elas podem se soltar. A criança pode virar para um lado ou para o outro, não conseguir voltar, pode gerar um momento de desespero e ela engolir água, isso pode gerar também um processo de afogamento. Então, as boias não são 100% confiáveis. Mesmo com boia, precisa estar atento às crianças. Existem boias que precisam ser evitadas mesmo, como aquelas boias redondas que as crianças colocam as pernas dentro de dois buraquinhos, aquelas que se virar, para desvirar de novo só com a ajuda de alguém. Então, essa supervisão é crucial, é indispensável para que a gente possa evitar que essas crianças sofram um afogamento”.

O que fazer em casos de afogamento

Em casos de afogamento, os primeiros socorros podem contribuir com eventuais desastres. O professor de natação também aproveitou para deixar orientações nestes casos. Confira:

-Frequentar ambientes que possuam salva-vidas (São pessoas especializadas para o salvamento de vítimas de afogamento);
-Nunca tentar entrar em águas profundas e com correnteza para salvar alguém (O ideal é pedir o socorro);
-Em caso de afogamento, além de gritar socorro, encontrar objetos, à exemplo de toalhas, cordas ou galhos para que a vítima consiga segurar (Não entrar na água para tentar salvar a vítima, pois também pode correr o risco de afogamento);
-Solicitar apoio médico (Para avaliação e auxílio no salvamento como massagens cardíacas e respiração boca a boca);

Rodrigo Araújo finalizou reforçando o alerta de cuidados para quem deseja aproveitar o verão de uma forma refrescante, mas principalmente, segura.

“Tomem cuidado no verão, não ingiram muita bebida alcoólica para poder entrar na água. É a mesma coisa que dirigir, direção e álcool não combinam, a mesma coisa, ingerir álcool não combina com piscina, com água aberta, os reflexos serão diminuídos. Evitem entrar na água, também, depois de ter ingerido uma alimentação, o processo do lanche mais pesado, pode gerar congestão, você pode vomitar no meio da água, vir uma onda, ou a correnteza estar um pouco mais puxada e você não conseguir respirar. Evitar também mergulhar de cabeça nas piscinas, você pode não perceber que aquela piscina é muito rasa e sofrer um trauma, alguma pancada na cabeça. A mesma coisa em águas abertas, você pode chocar a cabeça com um banco de areia, com um recife, uma pedra e gerar aí um processo muito mais complicado. Essas são algumas dicas aí que eu deixo para todos e que possam ser repassados para os seus familiares e amigos”, finalizou.

Com informações da jornalista Iasmin Santos do Acorda Cidade

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