No dia 6 de janeiro deste ano, a vida de Thayse Barbosa e sua filha Ana Júlia, de 19 anos, foi marcada por um episódio dramático que mudaria para sempre o curso de suas trajetórias. Ana Júlia sofreu um mal súbito que resultou em uma trombose com embolia pulmonar maciça bilateral, levando-a a uma longa parada cardíaca. Atualmente, ela se encontra em estado vegetativo, recebendo cuidados em home care.
Thayse compartilhou a história de sua filha com o Acorda Cidade, destacando os desafios enfrentados desde o trágico acontecimento. Ana Júlia, antes cheia de sonhos e prestes a iniciar o curso de medicina veterinária, agora está acamada, dependendo de cuidados constantes. Ela respira por meio de uma traqueostomia, se alimenta por sonda e, apesar dos esforços da equipe de home care, enfrenta uma série de desafios diários.
A mãe de Ana Júlia revelou que, após quatro meses e meio de internação, a jovem foi transferida para o internamento domiciliar, onde profissionais de saúde, como técnicos, fonoaudiólogos e fisioterapeutas, prestam assistência. No entanto, a família enfrenta dificuldades financeiras para arcar com despesas como fraldas e medicamentos caros, essenciais para o tratamento da jovem.
“Ela acordou para urinar, caiu no meio da casa e até hoje não levantou. Ela não fala, não anda, só move mesmo a cabeça. Na época ela estava com 18 anos, atualmente ela está com 19 anos. De lá pra cá ela está em internamento domiciliar, com técnicos, fonoaudiólogos, fisioterapeutas que são por conta do home care. Mas outras coisas como fraldas, medicamentos que são muito caros, é por nossa conta”, disse.
Thayse destacou que está em uma batalha pela neuromodulação, buscando proporcionar a Ana Júlia a chance de recuperar algum movimento. No entanto, a obtenção de medicamentos necessários tem sido um desafio, com a mãe relatando a demora na liberação de remédios pelo sistema de saúde.
“Ela ficou quatro meses e 15 dias internada. E hoje estou com dificuldades de comprar os medicamentos como Valproato de Sódio, Lacosamida, Fluoxetina, são vários. Eu cheguei a ir na Dires, e eles pediram para escolhermos apenas um medicamento. Escolhemos o Levetiracetam, todos eles servem para controlar a convulsão. Tem mais de um mês que eles liberaram e nunca nos deram esse remédio. Ela gasta uma caixa com trinta comprimidos, o equivalente a sete dias e meio. Cada caixa do medicamento chega a custar mais de R$200, o home care é a nossa salvação. Fica uma técnica revezando a cada cinco horas, fisoterapeuta vem todos os dias, e a enfermeira e um médico uma vez no mês”, descreveu a mãe.
A situação é agravada pela necessidade de realizar exames periódicos, como ressonância magnética e tomografia, além da busca por auxílio junto ao Cadastro Único (CadÚnico) para obtenção de benefícios sociais. Thayse procurou o Centro de Referência de Assistência Social (Cras) em busca de apoio, mas enfrentou dificuldades devido a problemas no sistema. A obtenção do CadÚnico tornou-se crucial para acessar benefícios do INSS e garantir o suporte financeiro necessário.
“A gente foi no Cras para regularizar o Cad Único dela, fomos ao Cras do Caseb e lá me informaram que eu teria que aguardar porque estava fora do sistema e eles não teriam o que fazer. Demos entrada no INSS, mas dependemos realmente do Cras pra poder cadastrar o CadÚnico dela, o endereço, tudo, pra ver se eles liberam esse benefício”, explicou.
No meio desses desafios, a mãe da jovem destacou que surge um ponto de luz na forma do namorado de Ana Júlia, Guilherme, que tem sido um apoio inabalável para a família. Ele não apenas desempenhou um papel crucial nos primeiros socorros no dia do incidente, mas também continua a ser um cuidador dedicado, realizando tarefas diárias e proporcionando conforto emocional à Ana Júlia.
O fonoaudiólogo de Ana Júlia, Tarcízio César, compartilhou os desafios enfrentados no processo de reabilitação, enfatizando as dificuldades da jovem para engolir e a necessidade de retirar a traqueostomia para possibilitar a produção vocal e a alimentação adequada.
“O trabalho que a gente tem hoje é para ela conseguir engolir saliva para a gente conseguir desinsuflar para tentar tirar aquela traqueostomia. Com a traqueo do jeito que está ela não consegue ter produção vocal, nem falar nada, e aí ela se alimenta também pela via alternativa. Hoje o trabalho que a gente tem primordialmente é conseguir retirar essa cânula de traqueostomia para reabilitar essa deglutição dela. A Ana Júlia veio com muita bactéria colonizada, bactérias muito difíceis de controlar e a gente tenta usar os antibióticos para poder baixar um pouco essa quantidade de bactéria para conseguir trabalhar. Infelizmente, como são bactérias de contato, bactérias que são difíceis de matar, ela oscila muito”, relatou.
A história de Ana Júlia é uma jornada de superação, solidariedade e perseverança diante de adversidades. A família enfrenta desafios financeiros significativos, mas a força da comunidade pode fazer a diferença. Para aqueles que desejam contribuir, Thayse disponibilizou seu PIX (CPF: 015-741-78598), Banco do Brasil, como meio de receber doações.
Sobre o atendimento no Cras, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social de Feira de Santana (Sedeso) informou que o sistema havia caído, no entanto o problema foi sanado. Além disso, a secretaria afirmou que irá entrar em contato com a mãe da jovem para saber mais detalhes e buscar a resolução da situação.
Sobre o fornecimento dos medicamentos através da Dires, o órgão informou que apura a situação e que ainda não há data para o medicamento ser repassado.
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade
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