Feira de Santana

Prefeito Colbert Martins critica suspensão de cirurgias no HDPA: "decisão insensível, Santa Casa é filantrópica, não paga impostos"

Segundo o gestor, a unidade hospitalar recebe emendas parlamenteares e não pode afastar nenhum tipo de tratamento contra o câncer.

Escola do Sítio Novo
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

A suspensão de cirurgias para o tratamento do câncer de cabeça e pescoço em Feira de Santana, ainda é um assunto que segue em discussão.

Após o vídeo do especialista em patologia oral, mestre e doutor, Márcio Campos viralizar nas redes sociais, chamando a atenção da sociedade feirense, sobre a suspensão dos procedimentos cirúrgicos, a direção da Santa Casa de Misericórdia do Hospital Dom Pedro de Alcântara (HDPA), se pronunciou informando que a Unidade de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon), tem a possibilidade de atender mais especialidades, mas para isso, é necessário financiamento para acolher todos os pacientes.

Diante desta afirmação, a secretária municipal de Saúde, Cristiane Campos afirmou que a Santa Casa não comunicou a prefeitura sobre a suspensão, e declarou que se o problema é questão financeira, é necessário que a direção demonstre os valores para que haja planejamento por parte do município.

O prefeito Colbert Martins participou do Programa Acorda Cidade, pela Rádio Sociedade News FM 102.1, na manhã desta quinta-feira (30). Segundo ele, a unidade hospitalar não pode suspender esses tipos de procedimentos cirúrgicos, pois afeta a vida de homens e mulheres.

“O Dom Pedro não pode suspender uma cirurgia desse tipo, porque afeta a vida de homens e mulheres, famílias e crianças, não é uma atitude responsável tomada por um médico suspender cirurgias, o Dom Pedro recebe uma grande quantidade de emendas parlamentares públicas, não cabe ao Dom Pedro, afastar nenhuma possibilidade de tratamento neste momento. Eu acho que é uma decisão insensível, a Santa Casa não paga imposto para contratação de pessoas, exatamente para ser filantrópica, por que que o Emec não recebe nenhuma emenda parlamentar? Por que que a Santa Emília não recebe? Porque não é uma instituição filantrópica, e ela [Santa Casa] deve ser filantrópica, se não for, vira um hospital comum e aí vai ter que pagar os impostos”, declarou.

De acordo com o prefeito, todo recurso financeiro destinado para a Santa Casa de Misericórdia, é enviado diretamente do Ministério da Saúde.

“O dinheiro que a prefeitura recebe, são R$ 42.840.000 até agora, são recursos repassados de Brasília, é um trabalho direto do governo federal e nós repassamos para o Dom Pedro. Não há repasses de recursos para o município, nem recursos estaduais. Então esse dinheiro vem de Brasília, são em torno de 3, 4 milhões de reais por mês e nós fazemos o repasse para a Unacon, que é uma entidade vinculada ao Hospital Dom Pedro de Alcântara, portanto estes recursos que chegam, vão ser repassados para eles fazerem as atenções específicas que dizem respeito ao câncer, e repito, é um programa federal do Ministério da Saúde”, afirmou.

Ao Acorda Cidade, o prefeito informou que estava em reunião com a ministra da Saúde, Nísia Trindade, em Brasília, fazendo parte da Frente Nacional dos Prefeitos. Segundo ele, a tabela do Sistema Único de Saúde (SUS), precisa ser atualizada.

“É preciso mudar a tabela do SUS, não é uma questão de recursos para tratamento de cirurgia de cabeça e pescoço, diagnosticado com câncer, se tem uma cirurgia de fígado para fazer, uma cirurgia de estômago, uma cirurgia de pele, próstata, o que seja, tem que ser tratado. Não é uma questão especificamente de tratamento de câncer de cabeça e pescoço, então o câncer em qualquer circunstância, nós vamos ter que fazer esse tipo de tratamento. A tabela está defasada no SUS, isso não é de agora e este atraso está provocando problemas graves e o que é que ela [ministra] está se comprometendo com todos os prefeitos que lá estavam, é ver a fórmula de se fazer correções na tabela, para poder permitir que todas as ações de tratamento do câncer prossigam”, explicou.

Ainda de acordo com o prefeito, cerca de 72 municípios da Bahia, são compactuados com a Unacon.

“Nós estávamos discutindo em Brasília, a melhora da tabela, querer tirar recursos do município, mas não é apenas Feira não, são 72 municípios que são pactuados com a Unacon. Eu vou fazer uma reunião na próxima semana, vou chamar todos esses prefeitos para poder a gente mostrar o rosto de todo mundo, porque o problema que tem aqui, tem na cidade de Tanquinho, tem na cidade de Riachão do Jacuípe, Antônio Cardoso, tem em Serrinha, tem em Santa Bárbara, tem todos os lugares, não é somente em Feira de Santana porque esta responsabilidade é do governo federal, tratamento de câncer como outros tratamentos de alta complexidade, é de responsabilidade do governo federal, portanto, nós queremos é resolver, e a pergunta é: a questão é de cabeça e pescoço para fazer cirurgias, mas se for necessário uma cirurgia de rim, não vai ser resolvido? Cirurgia de estômago, não se resolve? Cirurgia de pele, não se resolve? Não é um tratamento específico de câncer de alta complexidade, é de todas as áreas, é uma questão que deve ser tratada como um todo no tratamento de câncer”, concluiu.

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