Feira de Santana

Santa Casa diz que tem condições para atender cirurgias de cabeça e pescoço, mas é preciso financiamento público

Ontem (28), o vídeo de um dentista viralizou em Feira, onde ele denuncia a suspensão das cirurgias de cabeça e pescoço realizadas SUS. Entenda.

HDPA
Foto: Divulgação/Assessoria

O vídeo do dentista, especialista em patologia oral e estomatologia, Márcio Campos, viralizou na última terça (28), onde ele denuncia a suspensão das cirurgias de tratamento dos cânceres nas regiões da cabeça e pescoço realizadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em Feira de Santana. Segundo o doutor, há dois meses o problema vem ocorrendo, sobrecarregando a rede que já existe em Salvador. Na cidade, o único procedimento que está sendo fornecido é o relacionado à tireoide. 

Ao Acorda Cidade, o provedor da Santa Casa de Misericórdia de Feira de Santana, Rodrigo Matos deu mais esclarecimentos sobre o que ele mesmo chamou de “retrocesso na saúde pública”, referente as suspensões de procedimentos essenciais para o tratamento e prevenção dos cânceres de boca, faringe e laringe. Ele também agradeceu a denúncia do doutor Márcio que trouxe visibilidade para a problemática. 

Dr. Rodrigo Matos
Foto: Divulgação/Assessoria

“É imprescindível que quando a gente fale de câncer, a gente precise de uma atenção especial dos órgãos públicos para poder resolver de forma efetiva cada situação. A Santa Casa, o Dom Pedro são habilitados com o Unacon (Unidade de Alta Complexidade em Oncologia), no imaginário da população pode parecer que ser uma unidade de alta complexidade, ela tem a obrigação de atender a todos os tipos de câncer e isso não é bem assim. A Unacon é feita para atender cânceres mais prevalentes que são o de colo de útero, cólon, que é o intestino e também mama e próstata”, colocou. 

Atualmente a Santa Casa possui uma habilitação em alta complexidade registrada pelo Ministério da Saúde, que obrigatoriamente a coloca como responsável pela realização desses cânceres prevalentes. 

Apesar disso, Rodrigo Matos confirmou que a Unacon tem a possibilidade de atender mais especialidades, como câncer gástrico e os tumores de cabeça e pescoço. Mas para isso, é necessário financiamento para acolher todos os pacientes da região da segunda maior cidade do estado. 

“A oncologia de Feira hoje é financiada 100% pelo governo federal, vários repasses para o fundo municipal de saúde através da Secretaria Municipal de Saúde (SMS). Isso é repassado para a Santa Casa para fazer a assistência oncológica. O que a população de Feira precisa é de um cofinanciamento tripartite, até porque a constituição coloca que o financiamento da saúde para que a gente possa ampliar essa assistência de cabeça e pescoço”, pontuou. 

O administrador ainda colocou que é inadmissível que com a estrutura que o município possui, cirurgias como as que foram suspensas, agora sejam realizadas somente em Salvador.  

De acordo com Rodrigo, em 30 de agosto foi encaminhado um ofício para a SMS, solicitando a ampliação e atender de forma integral as cirurgias de cabeça e pescoço, mas há três meses não há retorno. 

“Como não tivemos respostas, protocolamos também na Secretaria Estadual de Saúde, solicitando o apoio de algo que é de responsabilidade do ente público e que a gente entende que temos equipe técnica para fazer, combustão do ponto de vista da unidade hospitalar e que há uma necessidade da população ser tratada que é do governo do Estado e estamos nos colocando como braço amigo para que a gente possa executar isso. A gente quer, pode, tem toda condição de atender de forma ampliada essa população para ela não precisar sair de Feira de Santana para enfrentar fila no Aristides Maltez”, explicou. 

Rodrigo Matos ainda reforçou que o cofinanciamento é necessário para que, além do que já está pré-estabelecido pelos cânceres que a Santa Casa deve atender, que esses outros procedimentos realizados a parte também continuem a ser disponibilizados para a população da região. 

Além disso, o médico colocou a Santa Casa à disposição dos órgãos públicos para chegar a uma solução que seja benéfica principalmente para a população. Ele também esclareceu porque as esferas municipais e estaduais devem tomar partido para resolver a situação. 

“Colocar no teto (o dinheiro) do município referente às ações de oncologia, inclusive, parece que saiu uma portaria nova para o incremento de 5 milhões em oncologia para 2023. Então, quem trata desse financiamento as ações de oncologia é o município, mas isso não impede que os outros entes públicos, o estado entrem nesse bolo para objetivamente ofertar uma ação de saúde que atenda na integralidade a população, que no final das contas, é ela que não pode ficar no meio disso aí, sem assistência”, reforçou. 

Rodrigo Matos ainda pontuou que a Santa Casa atua na execução das ações de saúde, mas para isso é necessário estabilidade e obviamente o equilíbrio financeiro para prover os serviços. 

“No final das contas, a gente precisa desse cofinanciamento e a gente está à disposição, para sentar, conversar, dialogar. Precisamos desse retorno para saber até onde a gente consegue ir. Me solidarizo ao professor, que, na verdade, é uma voz que está representando uma série de pessoas que estão neste momento sofrendo por não terem o atendimento dentro de Feira de Santana, podendo ter, porque tem a Santa Casa, com toda condição logística e técnica de prover esse atendimento”, finalizou. 

A reportagem do Acorda Cidade entrou em contato com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e a pasta informou que a suspensão foi feita pela Santa Casa de Misericórdia. Segundo a SMS, um ofício foi enviado, mas não explicou de forma clara qual o apoio que a instituição necessita da prefeitura.

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