Os filhos e as sementes

^{Acorda Cidade}

Sentindo o inexorável passar dos anos, os cabelos cada vez mais brancos, um rei procurou saber qual dos seus três filhos tinha as melhores condições de sucedê-lo e fazer feliz seu povo. Convocou-se e informou-lhes que faria uma longa viagem, entregando a cada um deles certa quantidade de sementes de trigo. No regresso, gostaria de receber as sementes de volta.

Em seu retorno, cada um dos filhos apressou-se em devolver as sementes. O primeiro deles entregou-as ao pai, exatamente as mesmas. Ele as trancara num cofre. Infelizmente essas sementes estão vencidas, não mais têm poder germinar, observou o rei. O segundo filho também devolveu as sementes, com uma explicação: ele as havia vendido, guardado o dinheiro, e agora comprara sementes da mesma espécie. Não são as mesmas sementes, disse o rei. Por fim, chegou o terceiro filho. Ele nada trazia consigo.Chamando o pai, abriu a janela e mostrou uma grande seara, ondulada pelo vento, ostentando espigas amadurecendo. A explicação era desnecessária: ele plantara as sementes.

Cada um de nós, ao longo da vida, recebe sementes. Alguns as escondem no cofre da omissão e tornam-se estéreis e inúteis. Outros as trocam no mercado do comodismo e do mais fácil. Não são as mesmas sementes. Há, porém, aqueles que abrem as mãos e as sementes se transformam em searas. Esses são os verdadeiramente inteligentes e percebem a lógica do Reino.