Na manhã desta segunda-feira (30), foi realizada mais uma manifestação reclamando sobre os serviços da Empresa Baiana de Saneamento e Água (Embasa), por conta da falta de água. Moradores da comunidade Lagoa das Pedras, no distrito de Jaíba em Feira de Santana, protestaram contra o desabastecimento na região que dura aproximadamente três meses. Eles cobram uma solução por parte da empresa.
Marluce Cerqueira, moradora do distrito há 37 anos, contou que a água chega em algumas residências com pouca frequência, mas que o desabastecimento na região é geral, por isso algumas casas estão sem água há dois meses e outras que já vão fazer três meses.
“Estava caindo até algum pingo, mas agora nos últimos meses não tá caindo nada”, relatou.
Outra moradora, chamada Meire, também reforçou a falta de água e os problemas que a população tem enfrentado nesse período. Ela mora há seis anos em Jaíba e disse que nunca presenciou uma situação como está agora.
“Aqui praticamente, como a amiga falou, três meses sem água. Não cai água mesmo, há uns 15 dias, que não cai uma gota mais, nem uma na torneira, no chão, nada. Então a gente precisa de uma solução, precisa de uma ajuda, porque não dá para permanecer nesse calor como está, sem água, com crianças, bebê, idosos, pessoas acamadas. Então a gente precisa de uma solução urgente da Embasa porque a gente paga pelo serviço todo mês, vem o recibo, eles vêm cobrar, a gente paga. Se a gente não pagar, eles ainda são capazes de cortar a água mesmo sem ter água”, explicou.
A representante da associação comunitária de moradores, Maria José Cerqueira Santana, vive há mais de 50 anos na comunidade, ela confirmou que sempre faltou água no distrito.
“ Nossa comunidade aqui, sempre faltou água, a gente não tem esse direito de tomar um banho, de chuveiro”, lamentou
Maria ainda relatou que é uma falta de respeito com a zona rural, não somente com Jaíba, mas todos os distritos que também vem enfrentando há meses o desabastecimento. Ela falou como os moradores estão lidando com a situação.
“A gente para aparar um pouco de água tem que estar levantando de madrugada, três, quatro horas da manhã, as torneiras tem que dormir ligadas para poder ter água e agora realmente está difícil que nem isso é possível. Eu estou aí com a minha mãe operada, acamada, sem água para nada, o pior, um sofrimento terrível, com um calor desses, só Deus na causa. A gente pede respeito para a zona rural, a gente sabe que é um descaso que eles fazem. A gente quer nossa água, porque a gente paga nossos recibos. E essa falta de respeito está demais aqui para nossa comunidade, não só a nossa comunidade, mas todos os distritos, é falta de respeito”, declarou.
Mais relatos
Há 90 dias sem água regular nas torneiras, Jailson Soares, morador há oito anos, também reforça a insatisfação com a Embasa. Segundo ele, os recibos chegam normalmente, inclusive o recibo do próximo já chegou.
“Aqui é uma zona rural, onde se desenvolve normalmente um sistema de produção, seja no cultivo da lavoura, seja na criação de pequenos animais. Isso tudo de caráter de subsistência. Então é necessário para que mantenha o sistema em funcionamento, que tenha água. E realmente nós não dispomos de água há 90 dias. Você compromete todo o sistema, porque água é vida. Se não tem água, não existe vida. Não é uma dúvida. Se não tem água, não existe vida. Então nós observamos a lavoura secando, os animais sofrendo e eu reitero ainda o seguinte, que apesar de 90 dias sem cair água nas torneiras, em toda a comunidade, todos os recibos chegaram”, relatou.
Jailson ainda destacou que além do sofrimento com a falta de água, a empresa registrou 14 metros cúbicos de consumo, totalizando R$ 97,71, sem que, em momento nenhum durante esse período, caísse água nas torneiras.
Segundo Francisca de Oliveira Sena, o carro pipa que ajudaria neste momento de abastecimento também não está chegando para a comunidade.
“Se não tiver água, não tem café. E a pia de roupa desse tamanho, na torneira não tem água e o recibo já chegou. E aí vai fazer o que para lavar e cozinhar? Não posso fazer nada. Nada de carro pipa, não está chegando”, disse.
Ainda conforme os moradores, a solicitação do carro pipa já foi feita para a Embasa diversas vezes, mas até o momento não houve nenhum retorno concreto.
Adriana de Andrade Ferreira contou que todo ano, quando vai chegando em meados de outubro para frente, eles começam a sofrer com desabastecimento, mas dessa vez, a falta de água chegou ainda mais cedo.
“Essa situação não é algo desse ano. Já é coisa que nós viemos sofrendo há anos. Sempre quando chega o mês de outubro até o final de janeiro é três, quatro meses que a gente passa aqui sem água. E com isso aí, a gente vê o descaso dos órgãos públicos, porque a Embasa é uma empresa que faz o que quer e a população é que sofre. Cadê o Ministério Público? Cadê o Procon para poder resolver essa situação? Então é uma empresa que faz o que quer e não tem uma fiscalização dos órgãos públicos para poder manter o serviço dela. Porque se ela presta um serviço, ela tem que manter”, questionou.
O que diz a Embasa
Ao Acorda Cidade a Embasa enviou o seguinte esclarecimento:
Em resposta à matéria intitulada “Moradores do distrito de Jaíba realizam manifestação contra a falta de água: Respeito pela zona rural”, informamos que as equipes da Embasa estão verificando o fator que pode ter prejudicando o abastecimento na localidade de Lagoa das Pedras. Solicitamos, se possível, que seja enviado o número de matrícula dos imóveis dos moradores citados na matéria, para verificação in loco.
Cabe ressaltar que o volume de água potável fornecido pela Embasa é calculado com base no uso para consumo e abastecimento humano e não para cultivo de lavouras e criação de animais, como foi mencionado por um dos moradores entrevistados. Para tais finalidades (agricultura e pecuária), devem ser adotadas outras fontes de água, que não da rede pública de abastecimento, para não prejudicar o fornecimento de água para os moradores vizinhos.
Casos de desabastecimento e solicitações de carro-pipa podem ser feitas à Embasa por meio do telefone 0800 0555 195 ou do WhatsApp 71 9717 0999.
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Com informações do repórter Paulo José do Acorda Cidade
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