Base Comunitária de Segurança

Operação conjunta pretende fazer ocupações em bairros de Feira de Santana

O comandante Adelmario Xavier falou em entrevista sobre seus projetos para melhorar a segurança pública em Feira de Santana.

Daniela Cardoso

 
No dia 20 de junho o Comando do Policiamento Regional Leste (CPRL) passou do coronel Hélio Gondim para o comandante Adelmário Xavier, que ocupava o cargo de subcomandante e esteve na manhã desta quinta-feira (5) no programa Acorda Cidade. No quandro Sala do Povo, Adelmário onde falou sobre seus projetos para melhorar a segurança pública em Feira de Santana. Confira abaixo a entrevista na íntegra.
 
Acorda Cidade – Do dia que o senhor tomou posse até hoje quais foram as primeiras impressões?
 
Adelmario Xavier – A impressão que eu tenho é a que eu sempre tive, porque eu ocupava anteriormente o cargo de subcomandante do CPRL. A gente sabe que Feira e região é uma área muito grande. Nós temos 19 comandos, é uma média de 4 milhões de habitantes e 4.200 policiais sob o nosso comando. Isso é complicado, é difícil, então é uma luta a cada dia e nesse contexto estamos trabalhando e aguardando as melhorias que irão chegar. Esperamos fazer um bom trabalho.
 
AC – Quais os projetos que o senhor pretende implantar para melhorar a segurança pública na cidade?
 
Adelmario Xavier – A gente tem em Feira de Santana quatro comandos que são mini batalhões. O que eles dispõem no momento não é o suficiente ainda para cuidar da sua área, então o CPRL age apoiando. Temos o Ceto que é uma companhia especial nossa e a gente apóia as companhias independentes dependendo da necessidade deles. Já tivemos reuniões com a Polícia Civil no sentido de a gente dividir a cidade em termos de apoio, principalmente nos finais de semana. Então isso já está acertado para nenhuma área ficar descoberta. Queremos também fortalecer a nossa companhia e temos várias operações remuneradas. Por exemplo, o policial está de folga e nós colocamos ele para trabalhar de forma remunerada, com isso esperamos dar um retorno imediato de segurança a comunidade.
 
AC – A maioria dos crimes registrados na cidade tem ligação com o tráfico de drogas. Como o senhor vai enfrentar esse problema?
 
Adelmario Xavier – Tem que ser investigado. Eu sei e as pessoas que trabalham na área sabem que o tráfico de drogas é responsável por grande parte dos homicídios que acontecem em Feira. Isso se dar em duas formas: o usuário de drogas é dependente e sabe que se comprar a droga e não pagar vai morrer, mas ele compra e para pagar ele tenta assaltar. Quando ele assalta pode matar a vítima. Quando ele não consegue o assalto, ele morre. A segunda forma é a briga entre os traficantes. Eles não perdoam em hipótese nenhuma ‘quebrança’, como eles chamam. Tem o grande e o médio traficante que distribui. Se o médio não pagar o grande, ele vai morrer. Existe ainda a disputa por espaço. Esse é o retrato e temos um levantamento garantindo que 80% dos crimes em Feira de Santana têm relação com drogas.
 
AC – Tem locais em Feira de Santana que a polícia tem dificuldade de entrar?
 
Adelmario Xavier – Eu posso lhe garantir que Polícia Militar entra em qualquer lugar. O que existe na verdade são locais que precisamos redobrar os cuidados.
 
AC – Quando será instalada as Bases Comunitárias de Segurança em Feira de Santana?
 
Adelmario Xavier – Temos duas em vista que é a da Rua Nova e do George Américo. Há dois dias tiveram técnicos aqui e eu quero crer que essa instalação seja feita em breve. Duas construções terão que ser feitas, mas não posso dizer, por que não sei bem como é. A tendência é que funcione ainda este ano.
 
AC – O que será feito nas bases comunitárias dos bairros que foram desativadas?
 
Adelmario Xavier – No passado as pessoas procuravam o módulo, pediam o apoio e o policial dizia que não podia ir, porque só tinham dois, sendo que um não podia ir sozinho e os dois não podiam ir juntos, porque a base não podia ficar sozinha. Esses módulos quando foram criados tinham a concepção de funcionar com uma viatura e um efetivo de no mínimo doze homens, mas não foi possível e por isso houve a mudança para as rondas nos bairros, que ainda não estão funcionando como a gente esperava, devido a carência de efetivo.
 
AC – Tem como fazer um pacote emergencial para os bairros em conjunto com as polícias Civil e Rodoviária?
 
Adelmario Xavier – Já estamos tratando sobre esse assunto e pretendemos fazer ocupações. O policial tem que trabalhar 40 horas por semana e geralmente ele não consegue completar, então ele fica com a complementação de carga horária e a gente tem uma média de 50 a 60 policiais nesse serviço de complementação. Com esse pessoal e mais um efetivo ordinário pretendemos fazer a operação. Já estamos fazendo levantamentos dos bairros que vamos iniciar e vamos entrar sem avisar. 
 
AC – O senhor acha que é possível minimizar o clima se insegurança que vive a cidade?
 
Adelmario Xavier – Com certeza, até porque a minha missão é essa e eu tenho que cumprir. A gente sabe que é difícil, pois a cidade é grande. A insegurança não é só em Feira e sim no Brasil e em várias partes do mundo. Para se ter uma idéia eu tive em Paris e em um trabalho de estudo eu perguntei quantos homicídios são registrados no local. A polícia me disse que é em média 100 homicídios por ano no país. Lá não existe garagem, os carros dormem na rua, mas lá todo mundo trabalha, tem estudo, saúde. Então a diferença está aí. 
 
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