Feira de Santana

Câmara Municipal discute a resistência do forró autêntico em todo o Brasil, principalmente no Nordeste

O cantor Del Feliz relembrou do fato que aconteceu neste ano com o forrozeiro Flávio José, que teve o tempo reduzido para outras bandas.

Foto: Câmara Municipal de Feira de Santana
Foto: Ascom/Câmara

O tradicional forró autêntico, o forró raiz, que muito é visto com o triângulo, zabumba e a sanfona, foi discutido na Câmara Municipal de Feira de Santana na manhã desta terça-feira (24).

O coordenador municipal do Fórum Nacional do Forró Raiz de Campina Grande, no estado da Paraíba, Alfranque Amaral da Silva, está em Feira de Santana para participar da Conferência Municipal de Cultura. Antes, ele passou na Casa da Cidadania, para destacar a luta que está sendo feita para manter as tradições nordestinas. O responsável por trazê-lo a Feira de Santana foi o coordenador municipal do Fórum Nacional do Forró de Raiz, Carlos Mattheus.

Ao Acorda Cidade, Alfranque informou sobre os projetos que estão realizados para disseminar a cultura nas escolas e sociedade como um todo.

Alfranque Amaral da Silva
Foto: Paulo José/Acorda Cidade

“O que me traz hoje aqui, é a conferência Municipal de Cultura, onde eu vou palestrar as políticas públicas que estamos defendendo junto ao Fórum Nacional do Forró. O edital Arte na Bagagem do governo do estado da Paraíba está patrocinando esta minha vinda, que seria uma palestra mas eu transformei, porque nós temos a missão de levar esta nossa luta diante do fortalecimento e de trazer as políticas públicas para a nossa sociedade, inclusive eu fiquei muito feliz com o resultado da tribuna, já nos foi garantido ao protocolo da Lei Mestre Baio do Acordeom, que é a lei do patrimônio vivo no qual aprovada, vai ter 15 premiações para os mestres de cultura no valor de dois salários mínimos vitalício, então isso vai ser de grande importância para a disseminação da nossa cultura nas escolas, na sociedade como um todo”, informou.

Segundo Alfranque Amaral, faltam projetos e disseminação da cultura.

“A importância está em a gente trazer o conhecimento das políticas públicas por trás das leis para o recurso chegar no fazedor de cultura, porque é impressionante dizer que em 32 anos de Lei Rouanet, nunca na história desse país, nunca se chegou a 20% do montante de recursos na cultura, então é como se a gente tivesse todos os anos mais de 80% dos palcos vazios por falta de projetos, por falta de disseminação deste conhecimento, por falta de entendimento, tanto dos empresários quanto dos fazedores de cultura e isso não pode continuar. A cultura é muito lucrativa, a gente mostrou ali agora que para cada real investido, por exemplo no São João de Campina Grande, volta em torno de R$ 60 em cada real investido e a festa rende 600 milhões”, pontuou.

Quem também esteve presente na Câmara Municipal, foi o cantor e compositor Del Feliz. Natural da cidade de Riachão do Jacuípe, ele agradeceu pela receptividade na Casa da Cidadania.

Del Feliz
Foto: Paulo José/Acorda Cidade

“Vim para Feira de Santana para falar de cultura é simbólico, para mim é muito importante porque, primeiro que Feira de Santana me acolheu. Desde 2009 eu tive uma história de fato muito bonita aqui enquanto cantor, enquanto cidadão, morei em Feira de Santana por um bom tempo, boa parte da minha família mora aqui em Feira de Santana, eu tenho um carinho muito grande por esta cidade, tenho muitos amigos, uma relação sentimental muito especial e falar de cultura sempre é pertinente. Eu estou nesta tocada, na luta para que o forró se torne patrimônio, primeiro na luta pelo título de patrimônio cultural do Brasil que nós conseguimos e agora patrimônio da humanidade que nos leva para dezenas de países nesta luta pela cultura já há muito tempo, e agora com essa incumbência que é super pertinente e que é bom achar portas abertas aqui em Feira de Santana para isso”, afirmou.

Del Feliz também comentou sobre a falta de espaço para o forró tradicional.

“Essa é uma discussão que já vem há muito tempo. São João é a nossa festa mais importante, mais completa, é a festa que envolve tudo, que nos representa a nossa comida, a nossa bebida, a nossa dança, a nossa música, o nosso jeito de se vestir, a nossa fé, é uma festa completa e de repente a gente vê uma distorção, principalmente depois que a festa deixou de ser uma festa nas casas e ganhou as grandes praças e palcos espetacularizados. Claro que o que eu acredito que faz desta festa, uma festa viável, inclusive economicamente, e aí transcendendo a questão sentimental e da representatividade e da cultura, que é muito importante. Por si só já seria muito importante, mas a festa só tem sentido, só vai atrair pessoas de qualquer canto do mundo, se ela for autêntica, ela não deve ser descaracterizada, mas esta é uma questão muito complexa que cabe ao povo, a nós artistas fazendo a nossa parte de construir a boa música, de dar a manutenção a isso que Luiz Gonzaga construiu”, pontuou.

O cantor também relembrou do fato que aconteceu neste ano com o forrozeiro Flávio José, que teve o tempo reduzido para outras bandas.

“Flávio é um amigo querido e esta não foi a primeira vez que isso aconteceu. Nós temos aí várias festas, inclusive que se propagam como festa da tradição do São João, e você quando vai ver a grade, não tem uma atração de forró. Quando coloca o pessoal, manda reduzir o horário do forrozeiro, às vezes é pior, porque às vezes o prefeito faz um outro palco, faz um coreto, um palco pequeno sem estrutura nenhuma, feio, desarrumado, com o som ruim e coloca um forrozeiro lá praticamente expulsando da festa, diz que está incluindo, mas é está expulsando porque no grande palco ele está colocando outras coisas, tem um monte de distorções”, concluiu.

Com informações do repórter Paulo José do Acorda Cidade

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