Saúde

Dia Mundial de Combate à Poliomielite: infectologista explica como doença é transmitida

Segundo o infectologista, a vacina não é recomenda para gestantes.

Crianças com idade entre 1 ano e menores de 5 são vacinadas no posto de saúde Heitor Beltrão, na Tijuca, zona norte do Rio, para receber a dose contra a pólio e contra o sarampo.
Foto: Tomás Silva/ Agência Brasil

Nesta terça-feira (24), é celebrado o Dia Mundial de Combate à Poliomielite, também conhecida como paralisia infantil.

A data faz menção ao nascimento de Jonas Salk, líder da primeira equipe que desenvolveu uma vacina contra a doença e busca conscientizar a população ao redor do mundo sobre os perigos da pólio e a importância da vacinação.

A reportagem do Acorda Cidade conversou com o médico infectologista Marcos Paulo Pereira, que explicou como a doença é transmitida.

Médico Infectologista
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

“A poliomielite, como é chamada, é provocada por um vírus, o poliovírus. A transmissão dela se dá por via oral, acontece com alimento, água contaminada, mas sempre transmitidas a partir de uma outra pessoa portadora do vírus. Isso pode acontecer inclusive por contato direto através de gotículas que podem passar diretamente para uma outra pessoa, é um vírus altamente transmissível, mas passível de prevenção através da vacinação, e esta é a grande questão atualmente que nós estamos muito preocupados. Então por exemplo, o portador do vírus leva este vírus para o ar, leva o vírus para a superfície através de gotículas na fala, na respiração, existe também o risco da transmissão fecal oral, porque o vírus é eliminado nas fezes, então qualquer coisa que tenha contato com essas fezes, até mesmo uma mão que não foi lavada depois de usar o banheiro, pode ter o vírus ali, e acabar passando para outra pessoa por contato direto”, explicou.

De acordo com o médico, a doença foi registrada pela última vez no Brasil, no ano de 1989.

“No Brasil não há registros de circulação desse vírus desde 1990, o último caso registrado de poliomielite no Brasil foi em 1989, isso graças a vacinação. Foi com altas taxas de vacinação, especialmente nas crianças que a gente conseguiu eliminar, a gente conseguiu erradicar a poliomielite, o vírus da pólio no Brasil, mas ele ainda está presente em alguns poucos países do mundo e na ausência da vacinação, corremos um sério risco de retorno deste vírus”, pontuou.

Ao Acorda Cidade, o infectologista explicou que todas as crianças devem receber as doses de reforço antes dos 5 anos de idade.

“O esquema é padronizado, a primeira dose é feita com dois meses de idade, então a criança toma a primeira dose com dois meses, a segunda dose com quatro meses, a terceira dose com seis meses de idade e depois disso, ela vai fazer reforço com 15 meses de idade, e depois com 4 anos. Todas as vacinas são feitas em crianças com menos de 5 anos de idade. É uma doença erradicada sim, mas a gente precisa ter vigilância, precisa ter o cuidado de reforçar as nossas campanhas de imunização, de conscientizar as pessoas sobre a importância das vacinas, porque a gente não está vendo essa doença mais a tantos anos, graças a vacinação, e no momento que a gente deixa de vacinar, a gente corre o sério risco de retorno de uma doença tão grave com sequelas muito importantes, com grandes impactos para a saúde pública, que é a poliomielite”, explicou.

O médico Marcos Paulo aproveitou para explicar que o sistema de imunização, é como da Covid-19, quanto mais crianças estiverem vacinadas, maior será a cobertura vacinal.

“O poliovírus é um vírus que ele só é capaz de transmitir a doença para aqueles indivíduos que ainda não tem um sistema imunológico desenvolvido, portanto para crianças, é um vírus particularmente agressivo. As crianças que não estão vacinadas, são aquelas que correm o risco, lembrando que quando se fala de imunização, existe um efeito de imunidade de rebanho. Eventualmente uma criança por algum problema mais grave de saúde, que não pode se vacinar, ela pela imunização das outras pessoas, ela acaba por tabela estando de certa forma protegida, então a vacinação não é importante somente para a proteção do indivíduo, mas para proteção da coletividade, quanto mais a gente vacina as pessoas, a gente consegue proteger toda a comunidade, mesmo aqueles indivíduos que não estão vacinados, pelo que a gente chama de bloqueio. Quando a gente vacina em massa, a gente consegue fazer um bloqueio para que o vírus não seja capaz de circular, se ele não vai circular, ele não vai ter como atingir aqueles que são suscetíveis, mesmo aqueles que porventura, não puderam se vacinar por algum problema de saúde”, enfatizou.

Segundo o infectologista, a vacina não é recomendada para gestantes.

“Não é um vírus que a gente tem a preocupação de transmissão durante a gestação, inclusive não é uma vacina que seja indicada para se fazer na gestante, é uma vacina indicada para se fazer na criança. Então a criança desde pequena com dois meses de idade, já começa o esquema vacinal contra a poliomielite e seguindo o esquema recomendado, as três doses do esquema padrão, do esquema básico, mais duas doses e a gente tem uma altíssima proteção para evitar a circulação do poliovírus causador da poliomielite”, concluiu.

Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade

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