Determinação

Após ficarem órfãs, irmãs feirenses buscam apoio para concluir curso de Medicina

Vitória Stefanny e Evelin Vitória são estudantes da UFTM e Ufba, respectivamente.

Estudantes de Medicina
Foto: Divulgação

Naturais de Feira de Santana, as irmãs Vitória Stefanny Souza Barbosa, 24 anos e Evelin Valéria Souza Barbosa, de 22, são estudantes do curso de Medicina.

Atualmente Vitória está cursando o 6º semestre na Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), estado de Minas Gerais e Evelin no 4º semestre na Universidade Federal da Bahia (Ufba), em Salvador.

Com uma longa trajetória de estudos, desde a época do ensino médio no Colégio Estadual José Ferreira Pinto, Evelin contou à reportagem do Acorda Cidade que ela e a irmã, sempre enfrentaram as barreiras para obterem uma vaga no curso de Medicina, mas que fosse em universidade pública.

“Desde a infância quisemos fazer Medicina, inicialmente era apenas um sonho, mas depois a gente foi vendo que realmente nós gostávamos da área da saúde, e a gente via que o estudo era a porta que nos levaria até o curso e também que modificaria também a nossa situação. Nós somos de família humilde, nós sempre tivemos dificuldades como questões financeiras, falta de recursos, mas a gente não viu isso como um obstáculo para poder conseguir o que a gente queria, então nossos pais também sempre se empenharam e nos incentivaram aos estudos a leitura”, contou.

No ano de 2015, Reginaldo pai das estudantes faleceu aos 37 anos, e as dificuldades aumentaram.

“Durante o período escolar, eu e minha irmã sempre nos interessamos pelos projetos promovidos pela escola, como Novembro Negro, projetos de produção literária, de música, nós sempre nos interessamos, e infelizmente no ano de 2015, o meu pai faleceu. Com isso, foi um momento muito difícil para nossa família, a partir disso, a minha mãe se tornou pensionista do meu pai, era pouco o que ela recebia, apenas um salário mínimo e ela sempre complementava a renda com outras atividades, ela tinha habilidade com artesanato, então ela fazia pintura em tecido, vendia panos de prato, corte e costura, ela sempre tentava complementar a renda. Ultimamente ela estava vendendo tempero caseiro com o intuito de nos ajudar. No ano de 2017 a minha irmã Vitória completou o ensino médio e eu no ano de 2018”, explicou.

Foto: Arquivo Pessoal | As irmãs ao lado da mãe que faleceu neste ano de 2023

Ainda no período da pandemia, as irmãs Vitória e Evelin foram aprovadas no curso de Medicina.

Ao Acorda Cidade, Evelin contou que a partir deste momento, a situação foi ficando estreita, pois a irmã precisou morar em Minas Gerais.

“A partir de 2020 minha irmã fez a prova e passou na Universidade Federal do Triângulo Mineiro, logo depois eu consegui primeiramente uma bolsa 100% através do ProUni na FTC em Salvador, mas meu objetivo sempre foi estudar em universidade pública. Eu passei logo depois na Uefs, mas sempre quis estudar na Ufba, foi quando em 2021 eu passei na Universidade Federal da Bahia. A partir daí, começaram a aumentar as nossas dificuldades porque minha irmã precisou se mudar para Minas Gerais, mas sempre houve pessoas amigas nos ajudando”, informou.

Foto: Arquivo Pessoal | Evelin contou que a perda da mãe impactou muito a vida dela e da irmã

Neste ano, a mãe das estudantes, Jucimara faleceu aos 41 anos de vida, e toda da renda proveniente da pensão, foi deixada de ser paga.

“Durante esses 8 anos de falecimento do meu pai, nossa mãe nos deu todo o incentivo, todo o aporte para que a gente conseguisse estudar. Ela lutava com a gente para realizar os nossos sonhos que já estavam se tornando uma realidade, foi quando infelizmente agora em 2023, ela descobriu que estava doente, e em 22 de setembro ela infelizmente faleceu. Eu não consegui retornar ao curso, eu e minha irmã estamos com os cursos trancados deste o segundo semestre de 2023 e com falecimento dela, a gente não conseguiu manter a pensão, então a gente ficou realmente sem renda. Foi por conta disso que a gente precisou mobilizar os recursos para que a gente possa retornar no início de 2024 e concluir a nossa graduação. Estudar medicina para a gente sempre foi no sonho distante, mas aos poucos com garra, com determinação, a gente começou a ver que poderia ser uma possibilidade, uma realidade para a gente. Este é um sonho da família, a nossa família passou por muita coisa para a gente conseguir, então nós iremos retornar em 2024 aos nossos estudos, a gente não vai desistir, nós seguiremos em frente”, concluiu.

Ao Acorda Cidade, Evelin contou que muitos professores do Colégio Estadual José Ferreira Pinto souberam da situação e promoveram rifas em prol das irmãs.

Foto: Arquivo Pessoal
Edvane Ramos Rodrigues
Edvane Ramos Rodrigues | Foto: Arquivo Pessoal

Edvane Ramos é uma das professoras que leciona no Colégio. Ela contou que conhece toda a trajetória das meninas, desde o ensino fundamental.

“Eu conheço e acompanhei Vitória e Evelin Valéria desde as primeiras séries. Vitória desde a 2ª série até o 3º ano do ensino médio, ela foi minha aluna. Nestes anos a acompanhei sempre de perto. Evelin Valéria nos dois últimos anos do ensino médio também muito de perto, fui amiga de seus pais, irmãos em Cristo, pois somos evangélicos, e tínhamos uma proximidade. Como alunas, sempre foram impecáveis, dedicadas, determinadas, inteligentes, independente da situação social, tinham o foco, um objetivo e conseguiram alcançar este objetivo. Quero parabenizar estas meninas pela garra, por alcançarem seus objetivos, independente das circunstâncias que não são as que desejamos, mas é que nós temos e elas conseguem superar tudo isso, e se manter no propósito, se manter como exemplo, não desistir, mas perseverar naquilo que elas sempre desejaram. Nós somos felizes por fazer parte da vida de Vitória e Evelin Valéria, que elas continuem sendo exemplos para outras meninas da sua idade, para as outras pessoas independente da idade, no foco, na determinação e na fé”, concluiu.

Quem quiser colaborar com as irmãs o PIX delas é o número de celular:

PIX:

(75) 98897-9689 – Evelin Valéria Souza Barbosa

(75) 98874-8261 – Vitória Stefanny Souza Barbosa

Com informações da jornalista Iasmim Santos do Acorda Cidade

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