Feira de Santana

Dia Nacional de Combate à Sífilis: mais de 250 casos já foram registrados em Feira de Santana somente neste ano

O principal vetor de transmissão é por meio da relação sexual, mas a doença também pode ser transmitida por transfusão de sangue.

Sífilis
Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

Neste sábado (21), é celebrado o Dia Nacional de Combate à Sífilis e à Sífilis Congênita. A data foi instituída por meio da Lei nº 13.430/2017, sempre lembrada no terceiro sábado do mês de outubro.

O dia tem como objetivo estimular a participação dos profissionais e gestores de saúde nas atividades comemorativas da data, principalmente enfatizar a importância do diagnóstico e do tratamento adequados da sífilis na gestante durante o pré-natal e da sífilis em ambos os sexos como doença sexualmente transmissível.

A reportagem do Acorda Cidade conversou com o médico urologista Eduardo Cerqueira, que explicou quais são os tipos da doença.

“A sífilis é uma doença que é bem prevalente, uma doença antiga, já tem até relatos bíblicos de casos de sífilis, então é uma doença que já está na população há muito tempo. Uma doença que tem várias formas de apresentação, então você tem a sífilis primária, a secundária, a sífilis latente, e você tem também este caso de sífilis congênita. O principal fator que favorece com que esta doença persista na nossa sociedade, é a sífilis latente, que é mais comum. A sífilis latente é aquela doença que a pessoa tem a sífilis, mas ela não sente nada, ela não tem nenhum sintoma, ela não apresenta nenhuma forma clínica da doença, então esta pessoa transmite a sífilis para outras pessoas, por muitas vezes, desconhecer que tem um problema e por isso que esta doença que é tão antiga e existe até hoje”, afirmou.

De janeiro até setembro deste ano, mais de 250 casos já foram registrados em Feira de Santana, segundo o médico.

Médico Urologista
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

“Em 2022, nós tivemos sífilis adquirida, 570 casos, e congênita foram 188 casos. Agora fazendo um comparativo com o ano de 2023, a gente teve até setembro deste ano, 256 casos de sífilis adquirida, 116 casos em gestantes. Dentro desses 116 casos, 42 chegaram a sífilis congênita com acometimento do feto, então a gente observa que houve uma redução importante de se contar aqui de janeiro até de setembro de 2022, foram 150 casos de sífilis congênita, e neste ano foram 42. Isso é uma resposta muito boa, mas o objetivo do município e de todo sistema de saúde é realmente zerar os casos de sífilis congênita, porque é que tem maior repercussão e mais drástica, vai deixar sequelas que vão comprometer a sociedade, a família e o próprio paciente”, declarou.

O médico urologista também enfatizou quais são os estágios da doença.

“A sífilis é uma doença infecciosa transmitida de forma sexual, então o paciente é contaminado pelo microrganismo causado pela sífilis e ela forma a doença. Geralmente ela começa como uma sífilis primária, e a sífilis primária é uma úlcera, uma pequena ferida de espectro limpo, ela não tem mau cheiro, não tem secreção e que dura em torno de uma semana. Cicatriza espontaneamente e na maioria das vezes, por cicatrizar rápido, o paciente observa, verifica se vai acontecer alguma coisa e de repente cicatrizou, pronto está tudo bem”, explicou.

Na maioria das vezes, segundo o médico, este paciente passa para a fase latente, quando ele não tem nenhum sintoma e está transmitindo, mas também tem a sífilis secundária. “O paciente tem lesões que aparecem pelo, corpo principalmente na palma da mão e na planta dos pés, geralmente como lesões mais escurecidas, que tem uma característica muito sugestiva de sífilis secundário.”

Já a sífilis terciária é uma doença extremamente rara, é muito difícil identificar porque exige que a pessoa tenha a doença por muitos anos, sem nenhum tipo de tratamento.

“Você pode ter uma acometimento cardíaco, uma acometimento do sistema nervoso central, mas realmente são casos que atualmente é muito difícil de se ver, e você tem a sífilis congênita, a mais dramática, que é quando o feto adquire a doença durante a gestação e pode ter problemas sérios levando a má-formação do feto, comprometimento neurológico, o parto prematuro ou o aborto, então são complicações mais graves que podem acontecer no quadro da sífilis congênita”, informou.

Transmissão

Ao Acorda Cidade, o médico Eduardo Cerqueira explicou que o principal vetor de transmissão é através do ato sexual, mas enfatizou que a doença também pode ser transmitida por transfusão de sangue.

“A principal forma de transmissão desta doença é via sexual, ela também pode ser transmitida por exemplo, em uma transfusão sanguínea, no compartilhamento de seringas, como outras doenças sexualmente transmissíveis, mas hoje, os bancos de sangue são munidos de testes potentes, é uma doença que os testes são fáceis de serem feitos, então esse tipo de transmissão é bem mais difícil”, disse.

Tratamento e cura

Segundo o médico urologista, o tratamento é feito à base de antibióticos e vai variar para cada paciente.

“A sífilis latente não tem sintomas, então o ideal é que a pessoa uma vez por ano, possa fazer o seu check-up. O médico pede a sorologia e identificando este problema, o paciente vai ser tratado, obviamente que pessoas que têm algum comportamento de risco, devem fazer esta sorologia com frequência maior, a cada três meses ou a cada seis meses por exemplo. Uma pessoa que é usuária de drogas, uma pessoa que é profissional do sexo, são pessoas que estão em grupos de risco e que deveriam fazer um acompanhamento mais frequente, porque adquirindo esse tipo de doença, pode ser tratada inclusive evitando uma disseminação grande na população”, destacou.

A sífilis tem cura em todas as suas formas, geralmente é um tratamento que é fácil porque a medicação que usa geralmente é a penicilina. “Você vai determinando a depender do tipo da doença, mas geralmente uma penicilina que é de fácil acesso bem disponível de baixo custo é muito eficiente para esta doença. O tratamento é fácil, a questão é que no caso da sífilis congênita, as más-formações que decorrerem daquilo ali vão ficar como sequelas e podem ser sequelas graves”, concluiu.

Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade

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