Neste domingo, 22 de outubro, é celebrado o Dia Internacional de Atenção à Gagueira, uma data que tem como objetivo, informar as pessoas sobre o que é a gagueira e como ajudar a tratar esta disfunção da fluência da fala.
Um dos aspectos que mais chamam a atenção da gagueira, é a dificuldade que o cérebro tem de finalizar o som de uma palavra e começar a próxima logo em seguida, fazendo com que as pessoas tenham dificuldades para se expressar, demorem para completar uma frase, repetindo muitas vezes as mesmas sílabas.
A reportagem do Acorda Cidade conversou com a fonoaudióloga, Denise Hamburgo, que destacou como a disfunção pode afastar muitas pessoas da sociedade.
“A gagueira é uma condição da comunicação que afeta a fluência da fala, então pode ser por um bloqueio, pode ser por uma repetição ou prolongamentos das palavras e sílabas. Antigamente, a gagueira era percebida como uma maneira negativa, era muito estigmatizada, então era de um nível social que as pessoas teriam que conversar e achavam que aquelas outras pessoas, eram inferiores pelo fato da gagueira, inclusive enxergavam essas pessoas como deficientes. Diante disso, as pessoas sofriam muito, não era bem vista antigamente, era como uma discriminação. Hoje a gagueira tem tratamento e deve ser acompanhada por um profissional, responsável por esse tipo de disfluência, então quem tem a gagueira ou conhece, que possam buscar um profissional para que seja avaliado e iniciar este tratamento”, pontuou.
Segundo Denise Hamburgo, atualmente com o avanço das tecnologias, já é possível utilizar um aparelho, fazendo com que a fala seja mais fluente.
“Antigamente pouco se falava em tratamento, afinal, a gagueira não era bem vista. Mas desde o Século XX, que temos observado muitos avanços com relação aos tratamentos da gagueira, inclusive temos um aparelho que chamamos de feedback, como um aparelho auditivo em que a pessoa escuta a própria voz, e dessa forma, essa pessoa consegue ter uma fala mais fluente, mas claro que existem outros métodos, vai depender de cada paciente”, explicou.
Desafios
Ao Acorda Cidade, a fonoaudióloga destacou a baixa autoestima que muitas pessoas possuem, por serem gagas.
“A gagueira impacta muito na qualidade de vida de muitas pessoas, porque por exemplo, a voz pode ser um instrumento de trabalho para muita gente, então para essas pessoas que gaguejam, isso se torna mais difícil, então um dos principais desafios é a baixa autoestima, a pessoa se frustra, tem vergonha de ficar conversando com outras pessoas, não se sente capaz. A ansiedade também é um desafio, principalmente se for conversar em público, além disso, ainda surgem piadas inapropriadas e infelizmente, a gagueira não é muito compreendida por todos”, disse.
A criança já nasce com gagueira?
Segundo Denise Hamburgo, não. Esta é uma condição que é desenvolvida ao longo do tempo.
“A gagueira tem múltiplos fatores que podem acontecer, um deles é o fator genético, eu costumo dizer que a criança ela tem um desenvolvimento da linguagem, então desde os zero anos, a gente já estimula a linguagem daquela criança, porém possa ser que em algum momento a partir dos dois anos, que a criança possa vir adquirir uma gagueira. A gente chama de gagueira do desenvolvimento, a que acontece dos dois aos cinco anos de idade, então pode ocorrer neste período, mas a criança ela não nasce com a gagueira, ela pode ter uma pré-disposição para isso, então tem um tratamento e em relação ao adulto, é uma gagueira tardia, que é uma gagueira neurogênica que pode ter tido algum trauma, algum AVC, e a pessoa vem a desenvolver essa gagueira”, destacou a especialista em entrevista ao Acorda Cidade.
Quando a pessoa canta, gagueja?
De acordo com a fonoaudióloga, não, pois já existe um pensamento sendo processado no cérebro desta pessoa.
“As pessoas com gagueira não costumam gaguejar durante o canto, isso porque a parte do cérebro que é processada a fala espontânea, é diferente do que é processada quando está cantando. Então com o canto, vem o quê? Vem o ritmo, vem a melodia, vem a letra já preexistente, a pessoa não vai parar e pensar no que vai dizer, não vai elaborar aquela ideia, aquela fala, ela não vai ter muitas dificuldades nisso já que são partes do cérebro diferentes”, concluiu.
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade
Siga o Acorda Cidade no Google Notícias e receba os principais destaques do dia. Participe também dos nossos grupos no WhatsApp e Telegram