A Fundação Hospitalar de Feira de Santana promoveu na tarde desta terça-feira (17), no auditório da Secretaria Municipal de Saúde, uma palestra sobre o combate a sífilis congênita.
A programação faz parte da campanha Outubro Verde, mês dedicado à conscientização sobre a doença que afeta gravemente a saúde de recém-nascidos e crianças.
Profissionais da Atenção Básica e hospitalar, incluindo enfermeiros e médicos, participaram do evento.
A palestra foi mediada por Andrea Alencar, médica ginecologista, diretora médica do Hospital da Mulher e integrante do Comitê de Investigação de Transmissão Vertical em Feira de Santana e Valterney Morais, enfermeiro e vice-presidente do Comitê Municipal de Investigação de Transmissão de Sífilis e HIV de Feira de Santana.
Ao Acorda Cidade, a médica destacou que este é um mês dedicado para mostrar a realidade e as formas de tratamento, bem como a importância de se combater a doença.
“O Outubro Verde é um mês de conscientização para a prevenção de sífilis congênita, que é aquela doença que é transmitida de mãe para o feto ou durante o parto para o recém-nascido. É um mês que a gente procura mostrar a realidade, mostrar as formas de prevenção, as formas de tratamento e a importância de se combater essa doença. A gestante portadora de sífilis, durante a gestação através de via transplacentária ou durante o parto, passa para o feto ou recém-nascido, a bactéria. Este feto que foi acometido, pode ir a óbito intra-útero, este recém-nascido pode já nascer com características de sífilis, onde ele vai ter doença hepática, doença esplênica que é no baço, ele pode ter alterações ósseas, neurológicas, inclusive alterações osteomusculares, então é uma doença bastante grave quando esta mãe não é tratada de forma adequada na gestação”, explicou.
De acordo com Andrea Alencar, a a sífilis vem crescendo gradativamente ao longo dos anos em todo o Brasil.
“A sífilis vem infelizmente crescendo a cada ano, não só na Bahia mas no mundo inteiro. A nossa intenção de fazer este alerta em relação a sífilis congênita, é justamente convidar estes profissionais da atenção básica, que é a porta de entrada para esta gestante, para que elas sejam diagnosticadas e tratadas de forma adequada a fim de evitar complicações na gestação. Eu considero que o principal desafio é a gente fazer o tratamento adequado, fazer o tratamento das parcerias, que são os parceiros sexuais destas mulheres, que muitas vezes se negam a se tratar, e assim, eles recontaminam a sua parceira levando a problemas sérios durante a gestação. Nosso objetivo é também fazer com que o aconselhamento seja colocado em prática para evitar a reinfecção, e para evitar a contaminação de novas parcerias, além de quebrar esta cadeia de contaminação que é tão comum na doença sexual”, declarou.
Tratamento
Segundo a diretora médica, o tratamento pode ser feito a base de antibiótico ou pela própria prevenção com o uso de preservativos.
“O tratamento da sífilis é feito através do uso da penicilina benzatina, que é um antibiótico que deve ser prescrito na gestação sem nenhum problema. Ele é feito principalmente de forma preventiva, mas também, através do uso do preservativo, então a prevenção é a principal arma que a gente tem de combate às doenças sexuais”, disse.
Comparando com o HIV, a médica informou que a sífilis está possui uma curva de crescimento muito acentuada.
“Em relação ao HIV, o que vem acontecendo é uma estabilidade dos casos, a gente observa pelo boletim epidemiológico de 2022, não só na Bahia mas no Brasil como um todo, que o HIV vem se mantendo em uma curva de crescimento não ascendente. Já a sífilis, infelizmente vem se comportando de forma contrária, vem havendo uma curva crescente de crescimento da doença, não só da sífilis adquirida, que é aquela nas pessoas de modo em geral, como na sífilis congênita, e isso vem acontecendo pelas curvas de crescimento. A gente observa nos boletins epidemiológicos que o crescimento vem sendo muito grande, não só aqui na Bahia como eu já falei, mas no mundo como um todo. Infelizmente é uma doença desde o Século XV, foi quando houve a primeira epidemia de sífilis, e observe que nós, já no Século XXI, ainda estamos falando de ascensão de uma doença que tem cura, então o que é que está acontecendo? É o comportamento inadequado das pessoas em relação à prevenção”, destacou.
Ainda segundo a diretora médica Andrea Alencar, atualmente não existe um grupo específico de risco.
“Hoje a gente fala na verdade em grupos de um modo em geral, pois não existe um grupo específico, mas o que a gente entende como principal grupo de risco, são as múltiplas parcerias, ou seja, quanto mais parceiro sexual a pessoa tem, mais submetido a risco de doenças sexuais ela vai estar. Homens que fazem sexo com homens, eles também são classificados como um grupo de risco maior, e todas as pessoas que não fazem testagem para a IST que são as Infecções Sexuais Transmissíveis, o Ministério da Saúde coloca como obrigatoriedade, todo o paciente abaixo de 30 anos testar doenças sexualmente transmissíveis anualmente, e estes testes são disponibilizados no centro de referência”, concluiu.
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade
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