Muita gente vai se recordar de um trabalhador (a) que vinha até a sua casa pesar as crianças, conversar com idosos tentando entender as reais necessidades da comunidade. Estamos falando dos agentes comunitários de saúde (ACS) e os agentes de combate às endemias (ACE), que realizam ações educativas, coletivas e individuais para a promoção da saúde e da qualidade de vida das famílias, aproximando as pessoas aos serviços das unidades de saúde.
Neste 4 de outubro, Dia Nacional do Agente Comunitário de Saúde, instituído pela Lei Federal 11.585/2007, o Acorda Cidade conversou com a agente Sílvia Marcênio de Jesus para relembrar a importância desses profissionais, principalmente para as comunidades mais pobres do país.
“É um profissional que está na área e na microárea e ele conhece a sua comunidade. Ele cadastra, faz acompanhamento da gestante, do hipertenso, do diabético, da criança, do idoso e faz todas as orientações para que eles procurem as unidades de saúde, as PSFs e UBSs. Ele é o elo com o posto de saúde. O agente comunitário é a porta de entrada do SUS”, declarou.
Na década de 90 o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (Pacs) nasceu com objetivo de consolidar o Sistema único de Saúde (SUS) nos municípios do país. Na época, as periferias do Brasil eram assoladas pela fome e pelas doenças. Foi pensando no trabalho de prevenção, orientação, educação em saúde e acompanhamento das famílias que estavam em situação de vulnerabilidade social, que os ACSs e os ACEs fortaleceram o vínculo com as comunidades brasileirinhas erradicando enfermidades.
Há 24 anos, Sílvia tem a responsabilidade de conviver com algumas famílias da sua microárea, no Posto do Subaé, que também é o bairro onde mora. Ela e as colegas, visitam escolas, praças e realizam ações com a participação da comunidade. Para ela, sua principal função é visitar as famílias mensalmente.
“Acompanhar e orientar, as pessoas diabéticas, a dieta, a medicação, para o exercício das atividades físicas. O hipertenso também, a gestante a gente orienta para o planejamento familiar, o momento do pré-natal para fazer os exames, todo o acompanhamento com a enfermeira”, explicou.
Segundo ela, a atuação dos agentes é imprescindível pois trabalha com a saúde preventiva, ajudando a obstruir os hospitais e as unidades hospitalares.
“A saúde preventiva também tem um papel no impacto financeiro, o trabalho preventivo tira as pessoas de irem aos hospitais, diminui as filas hospitalares e também as doenças”, afirmou.
Percebendo a importância do levantamento de dados que o agente de saúde realiza, dos problemas sociais e das dificuldades que a população enfrenta, Sílvia explica que um dos maiores desafios é não ver a continuidade desse trabalho sendo revertido em informações para geração de políticas públicas.
Este ano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a lei 14.536, de 2023, que regulamentou as profissões dos agentes como profissionais de saúde, o que permite que as categorias acumulem até dois cargos públicos. Essa iniciativa é vista como importante para a promoção da qualidade de vida dos servidores e da valorização do serviço prestado.
Apesar disso, Sílvia enfatiza que o trabalhador ainda enfrenta vulnerabilidades e que ainda há muito pela frente quando se pensa na capacitação do profissional da área.
“O trabalhador também é comunidade, ele está vulnerável. Ele é um sujeito que está ali vulnerável com os problemas desde a falta de qualificação, porque a gente precisa ser qualificado para oferecer qualidade, precisa de fardamento, da educação continuada, porque a saúde é dinâmica, então cada dia muda alguma coisa. Precisamos trazer algo novo para estar oferecendo um serviço de qualidade para as famílias e, no entanto, a gente não tem essa educação continuada”, declarou.
Para além do trabalho prestado, o agente em algum momento, faz parte da rotina das famílias, seja orientando sobre saúde ou sobre outros serviços públicos que as pessoas podem necessitar. Eles ajudam no combate da violência contra a mulher, contra o abuso infantil, dentre tantas outras problemáticas que geralmente as pessoas preferem não intervir.
“Os moradores já conhecem a gente e abrem as portas. O agente não tá ali só para falar de saúde, ele é psicólogo, advogado, conselheiro, torna-se pai, mãe, professor, a gente fala de tudo quando vai fazer a visita”, pontuou.
Diversas ações são organizadas pelos agentes, tanto nos postos, quanto em áreas públicas da comunidade, que levam mais saúde, lazer e promoção da qualidade de vida das pessoas.
“No dia a dia com a nossa comunidade em conjunto com a nossa enfermeira, realizamos o Outubro Rosa, o Dia dos Pais, fazemos atividades no Novembro Azul, no Dia das Crianças. Então são essas coisas que a gente vai orientando, que eles percebem o quanto alguém se importam com eles, isso para mim é gratificante”, concluiu.
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade
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