A Seleção Brasileira de Maxibasketball venceu o XVl Campeonato Mundial, que aconteceu entre os dias 25 de agosto e 3 de setembro, na cidade de Mardel Plata, na Argentina. O feirense, Robson Estrela, estava entre os competidores na categoria 50+.
“Esse campeonato é parte do circuito promovido pela Federação Internacional de Basquetebol Amador que é a FIBA. A categoria é dividida a cada cinco anos. Então a partir dos 30 anos já é sênior, era a partir dos quarenta. Aí nos últimos anos acrescentou 30 e o 35, podendo o jogador que está mais velho jogar na categoria de baixo, mas o de baixo não pode jogar na categoria de cima”, explicou.
Robson, que tem 53 anos, começou a brincar ainda pequeno nas quadras do Centro Social Urbano (CSU), no bairro da Cidade Nova, em Feira de Santana. Aos 13 anos ele já participava de uma escolinha de esportes quando foi convidado para treinar no Feira Tênis Clube. Na época ele tinha 1,93, hoje, tem 1,95 de altura.
O atleta feirense disputa na categoria master desde 2012, acumulando uma série de troféus e campeonatos nacionais e internacionais. Este não é o primeiro torneio mundial em que Robson participou, ele também esteve em 2019, na Finlândia.
“Eu sou bicampeão brasileiro, um ano pela Bahia, outro ano pelo Maranhão. Campeão Norte e Nordeste atual deste ano, tenho bicampeonato Norte Nordeste, 3º lugar também brasileiro, dois terceiros lugares, um segundo lugar. Fui 3º lugar no universitário, na época era estudante da universidade e tenho campeonato infanto-juvenil também brasileiro como seleção baiana”, contou.
A primeira convocação para participar da seleção foi de uma liga mundial, em um campeonato que aconteceu em 2016 na Costa de Sauípe, onde concorreu como 45+. Robson venceu nesta e na categoria de baixo. A partir daí muitas outras indicações se abriram. Ele explica que para o Master, a Ababas, que é a Associação de Veteranos e Amigos do Basquetebol da Bahia e a Associação Feirense de Basquete (FB), atuam indicando por categorias.
O time brasileiro 50+ masculino embarcou em uma viagem de aproximadamente 24h até chegar a Argentina. Foram muitas dificuldades enfrentadas até a conquista, mas ele falou que o frio foi um dos maiores desafios durante o torneio.
“Lá nesse período é muito frio. Quando eu saí daqui estava 30 graus. Lá estava uns quatro graus, dois graus, chegamos a jogar com sensação térmica de dois, de zero. Então você joga com mais roupas, com blusa, para aquecer é difícil, o ginásio não tinha calefação, um ou outro era uma temperatura um pouco melhor, mas o frio ele atrapalha bastante porque você precisa aquecer mais, você precisa de mais tempo, então qualquer parada que você dá, para retomar realmente demora”, pontuou.
Outro atleta baiano que estava entre os competidores foi André Ratto, jogador da década de 90 que fez parte da história do basquete nacional. Robson comentou como é jogar com uma das lendas do esporte no país.
“O Ratto foi da seleção brasileira adulta na época. Jogou olimpíada, é o capitão do time, o cara que organiza o grupo, geralmente quando ele está no time, já facilita demais”, declarou.
No campeonato é possível participar mais de uma seleção do mesmo país. Do Brasil, participaram quatro. A equipe de Robson levou o time a disputar a clássica rivalidade mundial. A final do XVl Campeonato Mundial de MaxiBasketball aconteceu entre Brasil e Argentina.
“Nós jogamos todas as partidas, vencemos todas, os placares foram bem elásticos, o jogo mais difícil foi o jogo da final contra a Argentina. Jogamos contra duas seleções da Argentina. O primeiro jogo também, um time argentino foi bem forte, jogamos contra dois times do Brasil, pois tinham mais de uma seleção brasileira A, B, C e D e jogamos também contra o Peru, Sérvia”, contou.
O sonho de jogar em uma seleção chegou para Robson no tempo certo. Ao longo de sua carreira, atuou em times como São Paulo e Paraná, mas na época, não tinha condições para treinar em uma seleção.
“No período adulto não dava, não tinha condições de me envolver porque é muito difícil. Você tem que estar num time forte, tem que estar no circuito. Apesar de eu ter jogado no São Paulo, ter jogado no Paraná, mas não tinha a possibilidade de pegar uma seleção. Aí como Master a gente acaba se realizando”, explicou.
O atleta treina diariamente e conta como foi sua preparação para o mundial. “A parte física conta bastante quando você vai envelhecendo para manter o mesmo treino. Eu pedalo, faço musculação, treino na quadra, quase sempre bato minha bola, treino com a turma adulta e master, que treina aqui na quadra e também na Estação Cidadania. Então a gente tem uma preparação toda para chegar bem em um campeonato desse”, observou.
Robson disse que está realizado, não apenas pelo prêmio, mas por fazer parte da equipe e pelo reconhecimento que o esporte merece. Na perspectiva de professor e atleta, ele frisou que falta incentivo, principalmente para as escolas de base.
“A gente está buscando isso, na época que o Feira Tênis Clube existia, o clube mantinha. Eu mesmo joguei em São Paulo, quando eu voltei, eu era professor do clube, era contratado do clube para dar aula na escolinha. Geralmente o cara quando tem um talento ele vai embora porque quando ele joga fora ele ganha, ele é profissional. Aqui não. Aqui a gente está tentando resgatar isso”.
O professor mantém uma escolinha para crianças e adolescentes que já estão trilhando os caminhos que o basquete pode levar.
“Vamos participar do campeonato baiano depois de dez anos sem participar da federação. De base, acho que tem mais de 20 anos que Feira de Santana não participa. Eu estou em parceria com FSA Esporte Clube para começar a participar com o sub 16 e o sub 18 e aí a gente tentar mudar a realidade do esporte local, mas falta. A gente vai participar agora com o apoio de empresas parceiras, a gente não tem apoio público. Até o próprio espaço de treinar está difícil. Então a gente vai tentar uma conversa com a Secretaria de Cultura, Esporte e Lazer do Município, com a prefeitura para tentar ver se não consegue um horário para a gente manter os treinos da molecada. Mas aqui é tudo individual”, pontuou.
Agora campeão mundial, Estrela tem motivação de sobra para continuar lutando pelo esporte. Representando o basquete local, ele inspira gerações a praticarem, promovendo a saúde, o lazer, a esportividade, o respeito e a união entre os competidores.
“Como eu tenho um projeto de basquete, isso serve de motivação para molecada, olha, o professor com 50 anos e ainda joga, para muitos isso é legal, e lá no campeonato entre as coisas que eu mais gosto de ver são os jogadores de 70, 80 anos jogando, da categoria 70+, 80+, isso a gente carrega para vida toda”, finalizou.
Time Brasil 50+ masculino
Robson Estrela (Bahia)
André Ratto (Bahia) capitão
Marcelão (Rio)
Marcelo Maozão (Paraná)
Marcelo Pastre (Paraná)
Édson (para)
Felipe (Sp)
Carlos Brasília (Ceará)
Fábio Jarrão (Sp)
Monir (Mato Grosso)
Antônio Carlos (Minas)
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade
Siga o Acorda Cidade no Google Notícias e receba os principais destaques do dia. Participe também dos nossos grupos no WhatsApp e Telegram