Feira de Santana

Idoso morre no HGCA e família é comunicada 12 horas depois

Em entrevista ao Acorda Cidade, ela relatou sobre a negligência, os constrangimentos e o choque que levou com toda a situação. 

Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

O idoso José César de Medeiros, de 78 anos, faleceu no Hospital Geral Clériston Andrade (HGCA), por volta das 20h33 da última quarta-feira (23), mas a família só teve conhecimento do falecimento, 12 horas após o ocorrido. A família só descobriu sobre o falecimento através da filha de José, que trabalha no hospital.

A mulher não quis se identificar e contou que o pai havia falecido, quando chegou ao hospital, por volta das 8h30 da manhã para trabalhar e não o encontrou em seu leito. Em entrevista ao Acorda Cidade, ela relatou a situação. 

“Ele faleceu era 20h33 da noite e não fui informada. Eu tive ciência por volta de 8h40 da manhã, então já haviam se passado 12 horas desde o falecimento. O corpo só foi liberado ao meio-dia”, contou. 

Segundo ela, seu pai tinha indicação de transferência para UTI, por isso, foi até a recepção da estabilização, do setor que ele estava, ontem (24) para saber detalhes. 

“Ainda que estivesse sido transferido, eu estranhei porque o hospital não comunicou, é uma prática do hospital comunicar, quando o paciente está em enfermarias, clínicas, quando o paciente está em um setor fechado e vai ser transferido para um aberto, o hospital comunica um familiar para ir a unidade acompanhar, isso é obrigatório por lei para pacientes acima de 60 anos. No caso dele eu não precisaria acompanhar, porque era para outro setor fechado” explicou. 

Ainda de acordo com a filha, uma colega se apresentou como gerente do setor, mas ela soube que não era verídico. Ela relatou que essa mesma funcionária passou as informações sobre o falecimento de José de modo totalmente desumano.

“Em tom de deboche, ela disse assim: ‘Oxe, você não está sabendo? Como assim?’. Uma outra colega que estava do lado sinalizou para ela não falar e eu entendi. Questionei: meu pai faleceu? E ela acenou com a cabeça em concordância, aí eu já desmontei. Como assim meu pai faleceu e ninguém me falou? Peguei o telefone, mas não tinha mensagem, não tinha nada”, disse a filha ao Acorda Cidade. 

Ao questionar quando seu pai faleceu, ela foi informada que disseram que o óbito foi comunicado a Leonardo, um suposto parente que não estava nos contatos deixados pela família no hospital e então, ela buscou mais esclarecimentos da equipe.

“Eu tenho um sobrinho que se chama Leonardo, mas o telefone dele não estava nos contatos. Não teriam como entrar em contato com ele, essa informação não bate. Estou no hospital todos os dias, eles têm meu número, mas ninguém avisou nada”. 

José deu entrada no hospital no dia 17 de agosto à noite. Após a filha descobrir o óbito no dia seguinte, outra funcionária pediu para informar a família, mas ela mesmo optou por dar a notícia a partir daquele momento. 

A filha procurou o setor do hospital para saber, qual o prazo eles têm para dizer a família quando o paciente vem a óbito e foi informada que a equipe de enfermagem do setor que o idoso veio a óbito, no caso a estabilização, teria que ter informado. Se ele faleceu no dia anterior às 20h33, imediatamente, eles teriam que encaminhar um email ao setor de Serviço Social, informando o nome, a causa da morte e o horário, e esse setor de imediato, informaria a família em até três contatos, se não conseguissem, tentariam outras maneiras. 

Ela questionou a funcionária do setor de Serviço Social sobre quantas tentativas eles realizaram para ela, já que ela era o contato da ficha do paciente. 

“Quantas vezes ligaram? E ela respondeu que nenhuma, dizendo que: ‘a gente acabou de receber o e-mail aqui agora’. Era 8h51 da manhã, eu já tinha o choque de não ver meu pai no leito, do constrangimento do deboche de uma funcionária e estava ali sem saber, perdida. Ainda não tinha sido comunicada, nem acolhida porque é um procedimento padrão do hospital. O Serviço Social recebe o e-mail do setor, eles entram em contato com a família, a família vai até a unidade, é acolhida pela psicóloga e em seguida é atendida pelo médico que dá a causa da morte e a declaração de óbito, no meu caso não houve nada disso. Eu só fiquei sabendo porque estava lá trabalhando, se não estivesse, provavelmente só saberíamos, quando sentissem falta que nenhum familiar foi retirar o corpo”, concluiu a filha. 

Foto: Arquivo Pessoal

José foi sepultado ontem (25), às 9h30 no Cemitério Piedade, em Feira de Santana. Viúvo, ele deixa quatro filhos, entre eles o radialista Edilson Vieira, e 17 netos.

O que diz o HGCA:

O Hospital Geral Clériston Andrade (HGCA) lamenta profundamente o ocorrido envolvendo o falecimento do Sr. José César de Medeiros e as circunstâncias que a família envolveu após o ocorrido. Nossa instituição compartilha o luto e a consternação dos familiares neste momento difícil.

Esclarecemos que o episódio relatado não está de acordo com os padrões de atendimento e cuidado que defendemos. Reconhecemos a gravidade da situação e afirmamos que isso não reflete nossa rotina de cuidados. A Direção do HGCA está empenhada em esclarecer os fatos e garantir a justiça devidamente aplicada.

Diante disso, informamos que será instaurada uma sindicância interna para investigar o ocorrido com profundidade. Queremos garantir que os responsáveis por tais atitudes sejam identificados e responsabilizados no rigor da lei. Reforçamos nosso compromisso com a segurança, bem-estar e dignidade dos pacientes e seus familiares.

Nossos sentimentos com a família enlutada, e estaremos empenhados em adotar medidas para que situações como essa não voltem a acontecer. Agradecemos a compreensão de todos neste momento delicado.

Direção do Hospital Geral Clériston Andrade (HGCA)

Siga o Acorda Cidade no Google Notícias e receba os principais destaques do dia. Participe também dos nossos grupos no WhatsApp e Telegram

Inscrever-se
Notificar de
guest
18 Comentários
mais recentes
mais antigos Mais votado
Feedbacks embutidos
Ver todos os comentários
Geovane

Aconteceu 02/09/23 hoje esse mesmo problema,faleceu as 5:00 da manha e a família só soube na hora da visita15:00

Camila

Como a palavra de Deus fala, o amor de muitos esfriarão já estamos vivendo isso esse é mais um exemplo de como o ser humano Esta cada dia pior em relação ao outro.

Eliete

Descaso, é pouco o ser humano trata o outro como se fosse um lixo.

TAMIRES

Que horror, isso foi desumano!
As pessoas estão cada vez mais frias umas com as outras não tem mais empatia e nem sensibilidade com a dor do outro.

Carla Nunes da t

Tudo que acontece nesse hospital beira o absurdo.
Fevereiro meu pai veio a óbito nesse *** chamado Clériston , foi colocar um simples catéter pra fazer hemodiálise e o senhor doutor chamado *** que fez o procedimento, procedimento esse que meu pai deu uma parada cardíaca e precisou de uma UTI , que só veio depois de eu ameaçar retirá-lo de lá e acionar uma UTI móvel para que ele fosse pra um hospital particular , depois disso apareceu uma UTI rapidamente, será que pq no hospital particular iriam descobrir algum procedimento feito de forma errada ? Isso infelizmente não vou saber , pois até os advogados não fazem muita questão do caso alegando que a demora em um processo contra o estado não vale a pena , infelizmente meu pai morreu ,não posso provar nada , só peço a todos vcs que tenham seus familiares pensem bastante antes de levá-los pra esse hospital onde a negligência, omissão e falta de ética sempre falam mais alto

Robson Oliveira Souza

Um paciente pai de uma funcionaria….Imagine só.
Não pode se identificar pois a mesma pode receber uma punição ***.

Enfermagem por "amor"

Falta de profissionalismo,respeito e empatia com a família que perde um parente ,não importa se é idoso,jovem,criança ou quem quer que seja.Quando escolheu cuidar de vidas precisava pensar que horas como essa iriam acontecer.Por isso que o Brasil não anda e não é culpa de politico é o próprio Brasileiro que não quer absolutamente nda.

Filho

Não vai ficar assim, meu pai não é cachorro para ter que passar por isso, aliás, nem com um cachorro devem agir dessa forma. Além de processo em cima do estado essa péssima funcionária também vai pagar pelo seu deboche, pelo seu descaso.

Josie

EMPATIA!! ser que no lugar do coração há uma pedra batendo?

Eustaquio

Ja aconteceu igual a este ,tive meu irmão internado ai no Clériston do dia 25/06/2016 até o dia 01/07/2016 , internado com problemas Renais ficou na Sala vermelha , faleceu no dia 01/06/2016 as 23:15 hrs numa 6 feira ,nao nos Comunicaram a nenhum Familiar ,mesmo tendo outro irmão o mais velho ja trabalhando ai no Setor deTomogragia a mais de 30 anos e jem o comunicaram seu falecimento ,o mesmo so veio a saber na manhã do dia seguinte um Sábado ja se passando mais 8 horas e ele do soube porque o procurou também no Leito ,o jogaram num Saco preto e o colocarem no Necrotério no Chão ja ao lado de mais uns 6 corpos ,para eles Clériston já deve ser Normal Fazerem isto por falta de Humanidade e por falta de punição

Revoltado

Irresponsabilidade com a vida e desrespeito a familia por parte de todos envolvidos a saude publica está assim deploravel âmbito nacional!
Mas esse caso em feira é triste pq a filha ser humilhada por pessoas internas com arrogancia pq na maioria das vxs e assim mesmo se acham no direito de humilhar o proximo, pq ela so queria saber do pai e vim uma noticia absurda por parte do hospital isso mostra a negligência!
Me solidarizo com ela nada mas triste doq que perdo um pai ou mae e da forma q foi pior ainda!, eu se fosse o governador pediria exoneração de toda cupula responsavel principalmente dessa arrogante q a tratou de forma grosseira, sr secretario(a) instaure uma sindicancia interna pq deve ter muito mais casos semelhantes ou piores.

Erick

que a devida justiça seja feita! e que os responsáveis paguem pelos atos

Alguém

VIVA O SUS! SUS É VIDA!

Alguém realmente acha que haverá algum tipo de ação concreta quanto a isto? O “SERVIDÔ” que fez a besteira não será demitido. No máximo, levará um tapinha na mão, e tudo ficará na mesma – o povo sendo tratado pior que animal enquanto certos políticos marqueteiros se colocam como grandes defensores dos usuários do açougue com cara de hospital.

Patriota

SE isto acontece com parentes, pai da funcionária em atividade, e agem com descaso e “deboche”, imagine com “conhecidos” ou estranhos que é maioria. O Hospital realmente não tem culpa do comportamento de “certos” funcionários más, cabe apurar e punir se efetivo, ou mandar embora se é “apadrinhado” de algum político. SE agiu assim…deve ter “costa quente”. Lamentável. Que sirva de exemplo pra muitos “que debocham da vida alheia”.

Binha

Infelizmente è um fato corriqueiro, acredite. Eu convivo com a rotina do Hgca desde 2008, qndo meu pai foi internado/operado e faleceu pà. A rotina dos funcionários sempre foram essas, de deboche e descaso. Pouquíssimos agem com profissionalismo, e estes mesmos n vigam no emprego prq os colegas atravessam a perna. No ano de 2015 tive mais um desprazer em ter um parente internado, parente esse q era funcionário do hospital, resultado? Toda hora entravam no setor da estabilização para ver o prontuário e saber o diagnóstico, o povo là se preocupa em fofocar mais doq trabalhar, e como se isso não bastasse o profissional que deveria acolher a família O PSICÓLOGO foi o responsável por contar o diagnóstico sem autorização mèdica, sem minha autorização, devastando mais ainda a família. Essa nota técnica do hgca não quer dizer nada, isso è corriqueiro do dia a dia hà anos e eles não fazem exatamente nada, o hospital tem funcionários e direção que se portam como se estivessem em casa, na rua, num puxadinho fofocando da vida alheia.

Maycon lyra

Se o paciente é idoso e não estava em leito fechado, n teria q ter um acompanhante?

Indignada

O paciente estava na Estabilização, que é um setor fechado. Por isso não podia ficar acompanhante… inclusive acho que o hospital tinha que rever isso, porque deixar nossos entes debilitados a mercê de pessoas sem nenhuma sensibilidade

Fernanda

O paciente que faleceu estava na ESTABILIZAÇÃO que é também conhecida como Semi UTI. Lá não podem ficar acompanhantes.