Morreu nesta quarta-feira (23), aos 88 anos, Francisco Osvaldo Neves Dornelles. Parente de dois ex-presidentes brasileiros, Tancredo Neves e Getúlio Vargas, o político acumulou cargos de destaque em sua longa carreira: foi ministro da Fazenda e de mais duas pastas, senador da República, deputado federal e governador do Rio.
A informação foi confirmada pelo Hospital Pró-Cardíaco, em Botafogo, na Zona Sul, onde Dornelles estava internado desde o final de maio. A causa da morte ainda não foi divulgada.
Dornelles vivia e respirava política. A maior parte de suas quase nove décadas foi dedicada à vida pública.
Nasceu em Belo Horizonte e iniciou os estudos em São João Del Rei, também em Minas Gerais. Foi lá que aumentou a proximidade com o tio Tancredo Neves.
Ainda jovem, Dornelles se mudou com a família para o Rio de Janeiro. Foi na antiga capital federal que se formou em direito. Em seguida, especializou-se em finanças públicas na França e em tributação internacional na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos.
Na volta ao Brasil, dedicou-se à carreira acadêmica. A influência de parentes famosos, como Tancredo e o também ex-presidentes Getúlio Vargas, acabou determinando o futuro de Dornelles.
Foi secretário particular de Tancredo e exerceu dezenas de cargos públicos, ainda durante o governo militar. Foi secretário da Receita Federal, em 1979, se elegeu deputado federal cinco vezes seguidas, entre 1987 e 2003.
Dornelles fez parte da Assembleia Nacional Constituinte, ajudando a aprovar a Constituição Federal de 1988.
Foi ministro da Fazenda, em 1985, no primeiro governo civil, depois de mais de 20 anos de regime militar no país. Era o governo de José Sarney, que assumiu a presidência interinamente com a internação de Tancredo e, depois, definitivamente, com a morte do presidente.
Foi ainda ministro de Indústria, Comércio e do Turismo, e ministro do Trabalho e Emprego no governo de Fernando Henrique Cardoso.
Em 2006, foi eleito senador pelo Rio.
Dez anos depois, em março de 2016, como vice-governador do Rio, assumiu o governo interinamente por causa do afastamento do então governador Luiz Fernando Pezão, que sofria problemas de saúde à época.
Foi o primeiro governador a decretar estado de calamidade pública na área financeira do Rio. Faltavam apenas 49 dias para as Olimpíadas, e Dornelles declarou que a crise financeira nas contas públicas estaduais era a mais grave jamais vista.
“Eu tive um grande desafio quando Tancredo faleceu e eu assumi o Ministério da Fazenda numa conjuntura muito adversa. Mas, eu quero confessar pra você. Essa é a situação mais trágica do que nacional, estadual do que eu já vi em toda a minha carreira política.”
No fim de 2018, assumiu de novo o Governo do Rio, quando o então governador Luiz Fernando Pezão foi preso numa das fases da Lava Jato. Dornelles ficou 33 dias no cargo, até o fim do mandato.
Fonte: G1
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