“Queremos alertar sobre o que a gente tem de potencial turístico aqui, à disposição, apenas aguardando investimentos. Pode receber projetos nas áreas de pesca, turismo sustentável e lazer, ser transformado em um grande balneário. Basta as autoridades competentes, tanto Inema como Embasa, se unirem no sentido de despoluir”. A declaração é do presidente da Frente Parlamentar da Agricultura e Pesca da Câmara de Feira de Santana, vereador Jurandy Carvalho (PL), em referência a trecho do rio Jacuípe neste Município, alvo de uma expedição organizada pelo órgão legislativo, última sexta-feira. Além de mostrar o potencial turístico, a visita também objetivou a observação de problemas ambientais para que possa haver “cobrança de ações efetivas do poder público municipal e estadual quanto a degradação do leito do rio”. Várias autoridades, ambientalistas e profissionais de imprensa participaram do percurso.
Um dos maiores problemas de poluição ambiental é a canalização de esgoto sanitário na área do Jacuípe, a partir de vários riachos, o que deve ser combatido, conforme Jurandy, com a construção de contenções. O vereador sugere uma concentração de esforços em Feira e Riachão do Jacuípe, que são as duas principais cidades poluentes, segundo ele: “Esta semana, tiramos toneladas de lixo do ‘Três Riachos’ em um ação junto com a Prefeitura. O que mostra que essa situação pode ser contida, se houver um pouquinho de vontade do Município e do Estado”. Entende que, uma vez seja providenciado o bloqueio desses detritos, é possível “transformar esta área num grande terminal turístico, como acontece em Palmas (TO) e na Amazônia”. A “maior responsabilidade”, ele diz, seria do Governo Estadual, uma vez que apenas no entorno do lago estão situados 12 municípios.
Orientou tecnicamente a comitiva o especialista em Meio Ambiente e sustentabilidade e técnico em recursos hídricos, João Dias. Também presente, o presidente da Associação Ecológica do Buriti (organização não-governamental localizada no distrito de Humildes), engenheiro agrônomo Pedro Paulo Ferreira da Silva. Segundo Dias, o Lago de Pedra do Cavalo, com suas 81 ilhas, está abandonado: “não temos nada, nem do Governo do Estado, nem dos 12 municípios situados em volta. Não tem defeso, estudo da fauna do rio (peixe e crustáceo), já sumiram vários peixes e camarões”.
Ele adverte para a presença de um fenômeno conhecido como “mudança do sexo dos peixes”. Acontece, de acordo com o especialista, quando uma parte do princípio ativo do anticoncepcional comum e da pílula do dia seguinte, não absorvida pelo organismo, chega ao leito após excretado nas fezes ou urina da mulher. Organismos aquáticos como o caçote, rãs, cágados e peixes são atingidos e “podem ter o seu sexo convertido, sempre de macho para fêmea”. Seriam, ele diz, 22 riachos locais “jogando hormônio”, via Três Riachos, incluindo os da Baraúnas, Tanque da Nação, Feira IX e Tanque do Urubu. Por isso, arremata, ” queremos chamar a atenção das autoridades para ter um cuidado maior com a questão do esgoto sendo jogado em Feira”.
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