Censo 2022

Bahia passa a ter a 2ª maior população indígena do país: mais de 200 mil

Salvador, Porto Seguro (17.771 pessoas) e Ilhéus (12.974) foram os municípios baianos com maiores populações indígenas em 2022.

Kiriris de Barreiras-BA | Foto: TV Câmara
Kiriris de Barreiras-BA | Foto: TV Câmara

Os dados dos primeiros resultados do Questionário do Universo do Censo Demográfico 2022 para a população indígena foram divulgados hoje (07) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Segundo a pesquisa, em 2022, a Bahia foi o estado com a segunda maior população indígena do país: 229.103 pessoas, que representavam 13,5% dos 1.693.535 indígenas identificados pelo Censo Demográfico no Brasil. A Bahia ficava abaixo apenas do Amazonas, onde 490.854 pessoas se declararam ou se consideraram indígenas, representando 29,0% do total recenseado nacionalmente.

Fonte: IBGE

Os 27 estados brasileiros tinham a presença de população indígena em 2022, mas os 5 com maiores contingentes (Amazonas, Bahia, Mato Grosso do Sul, Pernambuco e Roraima) concentravam 6 em cada 10 indígenas brasileiros (61,3% do total).

Frente ao Censo 2010, quando somava 60.120 pessoas, a população indígena na Bahia quase quadruplicou. Cresceu 281,08%, o que representou mais 168.983 pessoas se declarando ou se considerando indígenas em 12 anos.

Foi o segundo maior aumento absoluto do país, abaixo do registrado no Amazonas (+ 307.340 indígenas em 12 anos), e, também, o segundo maior crescimento em termos percentuais, só menor do que o do Rio Grande do Norte (+351,48%). Apenas dois estados viram sua população indígena diminuir entre 2010 e 2022: Sergipe (menos 513 pessoas ou -9,83%) e Distrito Federal (menos 315 ou -5,14%).

No Brasil como um todo, os 1.693.535 indígenas recenseados em 2022 representaram um crescimento de 88,82% nessa população, que era de 896.917 indígenas em 2010.

Foto: IBGE

O aumento do número de indígenas é resultado não apenas de componentes demográficas (nascimentos, mortes e migração), mas também da ampliação da aplicação da segunda pergunta sobre identificação indígena em diversas localidades fora das Terras oficialmente delimitadas; e de aprimoramentos na metodologia de abordagem e coleta e no monitoramento do trabalho de campo dos recenseadores.

Segundo o Censo 2022, a Bahia também era o estado com o segundo maior número de domicílios particulares permanentes ocupados em que ao menos uma pessoa se declarou ou se considerou indígena: 121.166. Esse total representava cerca de 1 em cada 5 domicílios indígenas do Brasil, ou 19,2% dos 630.041 identificados no país, e era menor apenas do que o do Amazonas (132.925).

As pessoas indígenas eram 1,62% de toda a população baiana. Essa proporção foi o dobro verificada no Brasil como um todo, onde 0,83% da população era indígena, e a quinta mais elevada do país, num ranking liderado por Roraima (15,29% da população indígena), Amazonas (12,45%) e Mato Grosso do Sul (4,22%).

A proporção de população que era indígena na Bahia também mostrou crescimento expressivo frente a 2010, quando era 0,43%, apenas a 14ª entre os 27 estados. No Brasil como um todo, essa proporção era de 0,47%, no Censo 2010.

Foto: IBGE

Dentre todos os domicílios ocupados na Bahia, 2,28% tinham ao menos um/a morador/a indígena, também uma proporção bem acima da nacional (0,87%).

Salvador é o 4º município e a 2ª capital do Brasil com mais indígenas: 27.740

Em 2022, foi encontrada ao menos uma pessoa indígena em 411 dos 417 municípios da Bahia, ou 98,6% do total. Não tinham nenhum/a indígena apenas Cordeiro, Malhada, Piripá, São José do Jacuípe, Saubara e Sebastião Laranjeiras.

Houve uma ampliação da presença indígena no estado frente a 2010, quando ela havia sido constatada em 391 municípios, ou 93,8% do total.

No Brasil como um todo, foi recenseada população indígena em 4.832 municípios, ou 86,8% do total. O número também cresceu frente a 2010, quando havia indígenas residindo em 4.480 municípios (80,4% do total).

Os 3 municípios com mais indígenas na Bahia estão entre os 25 maiores do Brasil.

Fonte: IBGE

Salvador, com 27.740 pessoas indígenas em 2022, o maior contingente do estado, era o quarto município e a segunda capital com mais indígenas no país. Ficava atrás de três cidades amazonenses: Manaus (71.713 indígenas), São Gabriel da Cachoeira (48.256) e Tabatinga (34.497).

A população indígena soteropolitana também praticamente quadruplicou frente a 2010, quando somava 7.563 pessoas. O aumento de 266,79% no período representou mais 20.177 indígenas na capital baiana, em 12 anos. Foi o segundo maior aumento da população indígena ente as capitais, em termos absolutos e percentuais.

Porto Seguro, com 17.771 indígenas, era o 2º município com mais indígenas na Bahia e ocupava a 14ª posição nacional; e Ilhéus, com 12.974 indígenas, tinha a 3ª maior população indígena do estado e ficava em 21ª lugar no ranking brasileiro.

Pataxos da Aldeia Cahy. Terra Indigena-Comexatiba em Prado-BA | Foto: IBGE

Na Bahia, houve mudanças na lista dos dez municípios com maiores populações indígenas, entre 2010 e 2022. Salvador e Porto Seguro ficaram com as duas primeiras posições em ambos os Censos, e Prado também sustentou o 7º lugar.

Santa Cruz Cabrália cedeu a 3ª posição para Ilhéus, caindo para 4ª lugar; Feira de Santana subiu da 10ªa para a 6ª posição; e Eunápolis, Paulo Afonso, Lauro de Freitas e Camaçari estrearam no top-10, no Censo 2022. Por outro lado, Pau Brasil, Banzaê, Itaju do Colônia e Glória deixaram esse ranking.

Fonte: IBGE

6 de cada 10 indígenas na Bahia e 8 de cada 10 em Salvador não se declararam no quesito cor ou raça, mas informaram se considerar indígenas

No Censo 2022, a Bahia foi o estado que teve a maior proporção de pessoas indígenas que não se declararam como tais ao responder ao quesito de cor ou raça, e sim na pergunta de cobertura (adicional): “Você se considera indígena?”.

Este foi o caso de 6 em cada 10 indígenas baianas/os: 63,61% ou 145.734 dos 229.103 indígenas do estado. No Brasil como um todo, a proporção de indígenas que se identificaram na pergunta de cobertura, ou seja, disseram que se consideravam como tais, foi menos da metade do visto na Bahia: 27,58%, ou 467.097 indígenas.

Indígenas em contexto urbano (Salvador) | Foto: Heitor Montes

Salvador também foi a capital que liderou em proporção de indígenas que não se identificaram na pergunta sobre cor ou raça, mas na de cobertura. Foi o caso de 8 em cada 10 indígenas soteropolitanas/os (84,15% ou 23.344 dos 27.740 do município).

A importância da pergunta de cobertura na Bahia se refletiu também no fato de que, dos 71 municípios brasileiros com até 90,0% da população indígena captada por meio dela (que se consideravam indígenas), 49 (69,01%) eram baianos. O estado tinha ainda 2 dos 8 municípios brasileiros em que toda a população indígena recenseada se identificou na segunda pergunta: Condeúba e Teodoro Sampaio.

Na Bahia, Pau Brasil se manteve com a maior proporção de indígenas na população (34,54%), seguido por Banzaê (25,52%) e Rodelas (24,80%)

A Bahia não tinha nenhum município entre os dez com maior proporção de população total que se declarou ou se considerou indígena. O ranking nacional era liderado por Uiramutã/RR (96,60% de indígenas na população total), Santa Isabel do Rio Negro/AM (96,17%) e São Gabriel da Cachoeira/AM (93,17%).

O município baiano com maior proporção de indígenas no total da população, em 2022, era Pau Brasil, onde 1 em cada 3 habitantes era indígena (34,54% de todos os moradores, o que representava 3.236 indígenas). Ele ocupava a 44ª posição no Brasil.

Em 2º lugar vinha Banzaê, com 1 em cada 4 habitantes indígena (25,51% ou 3.050 indígenas, 66º no ranking nacional). Rodelas ficava na 3ª posição, também com 1 em cada 4 habitantes indígena (24,80%, ou 2.556 indígenas, 71ª posição no Brasil).

liderança indígena em Monte Santo, Mario Katrimbo | Foto: Fernando Abreu Santos

Em relação a 2010, também houve mudanças entre os dez municípios baianos com maior proporção de população indígena. Pau Brasil manteve a liderança, com aumento da participação dos indígenas na população em geral. O mesmo ocorreu com Santa Cruz Cabrália, que sustentou o 4º lugar, com alta no percentual de indígenas.

Os municípios de Banzaê, Rodelas e Abaré subiram posições. Este último teve ganhos absoluto e relativo tão importantes, que superou Porto Seguro, Prado e Glória, passando da 9ª para a 6ª colocação. Também com aumento expressivo, Camacan estreou no ranking, na 10ª posição (havia sido o 17o em 2010).

Em Salvador, 1,15% de população total se declarou ou considerou indígena. O percentual aumentou significativamente frente a 2010, quando era de 0,28%. Com isso, a cidade tinha, em 2022, o 4º maior percentual de indígenas entre as capitais, só abaixo de Boa Vista/RR (4,94%), Manaus/AM (3,48%) e Campo Grande/MS (2,05%).

Fonte: IBGE

Na Bahia, 7,51% da população indígena viviam nas 21 Terras Indígenas oficialmente delimitadas, 5o menor percentual do país

A Bahia tinha, em 2022, o 5º menor percentual de população indígena vivendo nas 21 Terras Indígenas oficialmente delimitadas no estado, isto é, aquelas que, em 31 de julho, estavam na situação fundiária de declaradas, homologadas, regularizadas ou encaminhadas como reservas indígenas.

Das 229.103 pessoas que se declararam ou se consideraram indígenas no estado, 17.211 residiam em Terras Indígenas, o que correspondia a 7,51% do total.

No Brasil como um todo, essa proporção chegava a 36,73%, e 622.066 indígenas (de um total de 1,7 milhão) moravam nas 573 Terras oficialmente delimitadas.

O Amazonas tinha o maior número absoluto de indígenas em Terras delimitadas (149.074). Em seguida vinham Roraima (71.412) e Mato Grosso do Sul (68.534). Em termos percentuais, Mato Grosso (com 77,39% dos indígenas em Terras delimitadas), Tocantins (75,98%) e Roraima (73,38%) lideravam, enquanto Piauí (1,58%), Goiás (1,76%) e Rio de Janeiro (3,18%) tinham as menores proporções.

Na Bahia, a população indígena em Terras oficialmente delimitadas estava concentradas em 13 municípios, capitaneados, em termos absolutos, por Porto Seguro (5.117 indígenas em terras delimitadas), Santa Cruz Cabrália (2.654) e Banzaê (2.625). Este último município liderava em proporção de indígenas em Terras delimitadas (86,07%), seguido por Itaju do Colônia (83,41%) e Glória (61,01%).

Fonte: IBGE

Mesmo com 4 novas Terras delimitadas, entre 2010 e 2022, população indígena nessas áreas, na BA, teve o menor crescimento do país: 2,34%

Entre 2010 e 2022, foram delimitadas quatro novas Terras Indígenas na Bahia. Ainda assim, no período, o número de indígenas que viviam nessas áreas oficializadas cresceu apenas 2,34%, passando de 16.817 para 17.211, o que representou mais 394 indígenas em Terras delimitadas, em 12 anos.

Foi o menor crescimento entre os estados que tiveram altas, só acima da queda registrada no Rio Grande do Sul (-13,92%). No Brasil como um todo, considerando a criação ou rebaixamento das Terras Indígenas delimitadas, entre 2010 e 2022, a população indígena nessas áreas cresceu 20,23%, de 517.383 para 622.022.

Considerando apenas as Terras que existiam em 2010 e 2022, o crescimento demográfico de indígenas em áreas formalizadas na Bahia foi ainda menor: apenas 1,71% em 12 anos – também o avanço mais tímido entre os estados. No Brasil como um todo, houve um incremento de 16,01% nessa comparação compatibilizada.

Em 2022, as Terras de Barra Velha (com 3.448 indígenas), Caramuru/Paraguassu (3.022), ambas no Sul, e Kiriri (2.539), no Nordeste do estado, eram as que tinham as maiores populações indígenas na Bahia.

Nacionalmente, as Terras mais populosas em 2022 eram Yanomami AM/RR (27.152 indígenas), Raposa Serra do Sol/ RR (26.176) e Évare I/AM (20.177).

A tabela a seguir traz os totais de população para as Terras Indígenas da Bahia, segundo os Censos de 2010 e 2022. As marcadas de azul tiveram os maiores aumentos absolutos de população; em vermelho estão aquelas com quedas mais intensas; em verde estão as que existiam em 2010, mas para as quais não se conseguiram informações na época; e de cinza são as criadas depois de 2010.

Fonte: IBGE

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