A Delta não está falida. Tem R$ 4,7 bilhões em contratos em execução e R$ 450 milhões para receber de obras já concluídas, dos quais cerca de R$ 300 milhões deveriam ter sido pagos no mês passado pelo governo do Estado do Rio.
É o que afirma Carlos Alberto Verdini, que substituiu Fernando Cavendish na presidência do Conselho de Administração da construtora, investigada pela Polícia Federal por suposta relação ilícita com o empresário goiano Carlos Cachoeira.
"Não é questão de atraso [do Rio]. Acho que é problema de caixa do governo", disse Verdini, 65, à Folha. A assessoria do governo estadual disse que precisa de mais tempo para levantar valores devidos à Delta.
No Rio, a Delta deixará as obras do Maracanã e da via expressa Transcarioca, mas Verdini afirmou que continua executando todos os demais 200 contratos, 130 deles para o Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes).
A empresa não seria facilmente substituída, disse: "Em muitas obras teria que ser feita nova licitação, com preços mais caros. O processo é demorado, o prejuízo seria grande. E quero saber como fica a responsabilidade social. Quem vai assumir o ônus de pôr 30 mil funcionários na rua?".
Verdini está na Delta há nove anos e era diretor comercial. Antes, trabalhou 13 anos para a Queiroz Galvão e 14 para a Camargo Corrêa. Não quis comentar a possibilidade de venda da empresa, negociada por Cavendish: "Não é decisão minha".