Censo 2022

BA tem maior população quilombola do país, 397.059 pessoas; Feira tem mais de 12 mil

Metade (5) dos 10 municípios brasileiros com mais quilombolas está na BA, liderados por Senhor do Bonfim (15.999 pessoas) e Salvador (15.897).

Foto: Jessica Cândido/Agência IBGE Notícias
Foto: Jessica Cândido/Agência IBGE Notícias

Em 2022, a Bahia era o estado com a maior população quilombola do país: 397.059 pessoas, que representavam 3 em cada 10 (29,9%) dos 1.327.802 quilombolas identificados pelo Censo Demográfico, no Brasil. Os dados foram divulgados hoje (27/) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Abaixo da Bahia estavam Maranhão (269.074 quilombolas ou 20,3% do total do Brasil) e Minas Gerais (135.310 ou 20,3% do nacional). Somando-se os cinco estados com os maiores contingentes de quilombolas, chegava-se a pouco mais de 3/4 de toda a população quilombola brasileira (76,46%).

Fonte: IBGE

Assim como ocorria com a população, segundo o Censo 2022, a Bahia também era o estado com o maior número de domicílios particulares permanentes ocupados em que ao menos uma pessoa era quilombola: 149.287. Eles representavam 3 em cada 10 domicílios quilombolas do Brasil (31,5% dos 473.970 identificados).

As pessoas autodeclaradas quilombolas eram 2,81% da população baiana. Essa proporção foi bem superior à verificada no Brasil como um todo, onde 0,65% de toda a população era quilombola, e a 2a mais elevada do país, menor apenas do que a do Maranhão, onde 3,97% da população eram quilombolas.

Fonte: IBGE

Dentre todos os domicílios ocupados na Bahia, 2,93% tinham ao menos um/a morador/a quilombola, também uma proporção bem acima da nacional (0,65%) e a segunda maior entre os estados, só abaixo do Maranhão (4,20%).

Metade (5) dos 10 municípios brasileiros com mais quilombolas estão na Bahia, liderados por Senhor do Bonfim (15.999 quilombolas)

Em 2022, foi verificada a presença de quilombolas em 7 de cada 10 municípios baianos: 308 das 417 cidades do estado (73,9% do total). No Brasil como um todo, foi verificada a presença quilombola em 1.696 municípios, 30,4% dos 5.570.

Metade (5) dos 10 municípios brasileiros com maior número de quilombolas estava na Bahia. Senhor do Bonfim, com 15.999 quilombolas, liderava o ranking nacional, seguido por Salvador (15.897) e Alcântara/MA (15.616). Campo Formoso (8o lugar, com 12.735 quilombolas), Feira de Santana (9o, com 12.190) e Vitória da Conquista (10o, com 12.057) eram as outras cidades da Bahia presentes no top-10.

Fonte: IBGE

Em termos percentuais, porém, só o município baiano de Bonito, com metade de sua população declarada quilombola (50,28% ou 7.967 pessoas) estava entre as 10 cidades brasileiras com maior proporção da população quilombola, ocupando o 5o lugar. Nacionalmente, Alcântara/MA (84,57%), Berilo/MG (58,37% ou 5.735 quilombolas) e Cavalcante/GO (57,08% ou 5.473 quilombolas) lideravam.

Na Bahia, abaixo de Bonito, os municípios com maiores proporções de quilombolas na população em geral eram Mulungu do Morro (38,49% ou 5.062 quilombolas), Filadélfia (35,46% ou 6.346), Antônio Cardoso (33,70% ou 3.756) e América Dourada (31,23% ou 4.727).

Líder nacional em termos absolutos, Senhor do Bonfim tinha 21,48% de sua população declarada quilombola, ocupando a posição de número 73 no Brasil e 18 na Bahia. Já em Salvador, o 2o maior contingente de quilombolas de todos os municípios e o maior entre as capitais do país representava apenas 0,66% de população total, posição número 205 na Bahia e 923 no Brasil, e uma proporção menor do que as de Macapá/AP (2,02% da população declarada quilombola) e São Luís/MA (0,80%).

Na Bahia, apenas 5,23% da população quilombola vivem em um dos 48 territórios oficialmente delimitados, 3o menor percentual do país

Embora abrigasse o maior número e a 2a maior proporção de quilombolas do país, a Bahia tinha, em 2022, o 3o menor percentual desses quilombolas vivendo em territórios oficialmente delimitados.

Das 397.059 pessoas que se declararam quilombolas no estado, 20.753 moravam nas 48 áreas em alguma etapa do processo de delimitação formal, o que correspondia a 5,23% do total de quilombolas baianos/as.

No Brasil como um todo, essa proporção chegava a 12,59%, e 167.002 quilombolas (de um total de 1,3 milhão) moravam em territórios delimitados.

O Pará tinha o maior número absoluto de quilombolas em territórios oficializados (44.533, que representavam 32,98% do total de quilombolas no estado). Em seguida vinha o Maranhão (29.044 ou 10,79% do total). A Bahia ficava em 3o lugar em termos absolutos, por ter o maior quantitativo de quilombolas do país.

Porém, em termos percentuais, Amazonas (com 45,43% dos quilombolas em territórios delimitados, ou 1.229), Sergipe (45,24% ou 12.724) e Mato Grosso do Sul (44,97% ou 1.145) lideravam, enquanto a Bahia só ficava acima de Alagoas (1,83% dos quilombolas em territórios delimitados ou 691) e Minas Gerais (3,38% ou 4.576).

Com quase 95,0% das pessoas autodeclaradas quilombolas morando em localidades não reconhecidas oficialmente, a Bahia tinha, em 2022, a maior população quilombola vivendo fora dos territórios delimitados: 376.306 pessoas.

Fonte: IBGE

Bom Jesus da Lapa era o município baiano com maior número absoluto de quilombolas vivendo em território delimitado (3.757 ou 49,18% do total). Nacionalmente, a cidade também se destacava, ficando na 5a posição, num ranking liderado por Alcântara/MA (9.868), Abaetetuba/PA (7.528) e Oriximiná/PA (4.830).

Na Bahia, abaixo de Bom Jesus da Lapa vinham Senhor do Bonfim (2.347 quilombolas em territórios, 14,67% do total), Malhada (2.151, ou 82,38%), Cachoeira (1.410 ou 20,22%) e Maragogipe (1.382 ou 23,79%).

Malhada era o município baiano com maior proporção de quilombolas vivendo em territórios formalizados (82,38%) e o mais bem posicionado nacionalmente, ocupando a 53a posição. Na Bahia, Sítio do Mato ficava em 2o lugar (54,62% ou 579 quilombolas em territórios) e Bom Jesus da Lapa vinha em 3o (49,18%).

Fonte: IBGE

Tijuaçu, no Norte da Bahia, é o território oficial com maior população quilombola do estado (2.865 pessoas) e 8º do país

Dentre os 48 territórios quilombolas em alguma etapa do processo de delimitação e titulação na Bahia, Tijuaçu é onde estava a maior população quilombola: 2.865 pessoas. Considerando todos os 494 territórios formalizados no país, Tijuaçu ocupava a 8a posição em população quilombola residente, num ranking liderado por Alcântara/MA (9.344 quilombolas), Alto Itacuruçá, Baixo Itacuruçá, Bom Remédio/PA (5.638) e Lagoas/PI (5.042).

O território de Tijuaçu fica entre os municípios de Senhor do Bonfim, Filadélfia e Antônio Gonçalves, a cerca de 450 km de Salvador.

Na Bahia, em número de quilombolas residentes, depois de Tijuaçu, vinham os territórios de Parateca e Pau D’arco, em Malhada (1.785 quilombolas); Rio das Rãs , em Bom Jesus da Lapa (1.564); Guerém Baixão do Guaí, Quizanga, Tabatinga, Guaruçú, Giral, em Maragogipe (1.274); e Ilha de Maré, em Salvador (1.170).

Nem todas as pessoas que residem nos territórios quilombolas são quilombolas. Na Bahia, os quilombolas representavam 92,46% de quem morava nas localidades reconhecidas oficialmente. Em 8 dos 48 territórios do estado, os quilombolas eram a totalidade dos moradores (100%): Caonge/Dendê/Engenho da Ponte e outras; Barra e Bananal; Riacho da Sacutiaba e Sacutiaba; Capão das Gamelas; Salamina Putumuju; Porto do Campo; Rio dos Macacos; e Mata do Sapê.

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Fonte: IBGE
Fonte: IBGE

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