Bicentenário da Independência

Independência da Bahia: desfile cívico-militar no distrito de Maria Quitéria homenageia heroína do 2 de Julho

A comemoração ocorre em várias cidades da Bahia e marca a vitória do povo baiano em 1823 na luta pela independência do domínio português.

Alunos da Escola Cívico Militar de Feira de Santana no desfile do 2 de julho
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

No dia 2 de Julho, Dia da Independência da Bahia, a cidade de Feira de Santana realiza um desfile cívico-militar em alusão à importante data histórica para o estado e o Brasil, que neste ano completa 200 anos. O local escolhido é o distrito de Maria Quitéria, que leva o nome da heroína que protagonizou um dos momentos mais marcantes da data.

Ela foi a primeira mulher a fazer parte do Exército Brasileiro e foi considerada a heroína da Independência, após vestir-se como homem e entrar nas Forças Armadas para lutar contra as tropas portuguesas.

Heroína maria Quitéria de jesus

A relação dela com Feira de Santana ocorre desde o seu nascimento. Maria Quitéria de Jesus nasceu na antiga São José das Itapororocas, povoado que ainda pertencia à Comarca de Cachoeira, e que posteriormente passou a pertencer a Feira de Santana. Hoje o distrito chama-se Maria Quitéria, em sua homenagem.

Militares do exército no Desfile civico-miliar em comememoração ao 2 de julho, dia da Independência da Bahia
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

A comemoração ocorre em várias cidades da Bahia e marca a vitória do povo baiano em 1823 na luta pela independência do domínio português, no ano seguinte ao da Independência do Brasil, em 7 de setembro de 1822

Em Feira de Santana, o desfile cívico-militar do distrito de Maria Quitéria é organizado pelo Instituto Histórico e Geográfico de Feira de Santana, que tem como presidente a professora Lia Célia Pires Leal.

Diversas instituições e grupos da cidade participam do desfile como escolas e entidades culturais. As ruas se enchem de cores, música e orgulho, enquanto os participantes marcham com bandeiras que representam a Bahia e seus símbolos.

Em entrevista ao Acorda Cidade, Célia Pires recordou que uma lei aprovada pela Câmara Municipal foi criada para realizar o evento anualmente no distrito.

Lia Célia Pires Leal é Presidente do Membros do instituto histórico e geográfico de feira de Santana
Lia Célia Pires Leal | Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

“O Dois de Julho é quando se deu a consolidação da independência do Brasil na Bahia, quando os portugueses foram expulsos definitivamente do território baiano. Esta data é marcante principalmente para os feirenses, porque foi aqui que a nossa heroína, Maria Quitéria de Jesus, se vestiu de homem, desobedeceu seus pais e foi lutar para a expulsão dos portugueses. Além de Maria Quitéria, a Bahia tem outras heroínas como Maria Filipa, Joana Angélica, e tem também João das Botas, que estão no panteão nacional em Brasília. Maria Quitéria, que é feirense, é a mais importante heroína para nós, e temos uma lei, que foi aprovada pela Câmara Municipal, para se realizar o desfile aqui no distrito. Foi uma ideia do Sr. Antônio Lajedinho e trabalhamos para conseguir fazer esse desfile. É de grande importância Feira de Santana ter uma grande heroína e valorizar essa heroína que tanto participou dessas guerras”, enfatizou.

O desfile cívico em Feira de Santana é um evento marcante que fortalece o sentimento de patriotismo e valoriza as conquistas históricas da Bahia. É uma manifestação de respeito e homenagem àqueles que lutaram pela independência. É também um momento de reflexão sobre os ideais de liberdade e justiça que devemos preservar.

Desfile civico-miliar em comememoração ao 2 de julho, dia da Independência da Bahia
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

O Instituto Histórico e Geográfico de Feira de Santana foi fundado em 21 de agosto de 2003, e realiza o desfile desde 2015.

“Então o instituto completará 20 anos neste ano e anualmente lançamos uma revista. Essa revista é distribuída para institutos, escolas, até mesmo fora do estado e é o nosso produto. Estamos na décima edição. Realizar este desfile é um trabalho muito grande. Conseguimos trazer a Aeronáutica pela segunda vez, policiais militares, também a Marinha, o Exército, e o Corpo de Bombeiros, todos no mesmo espaço para homenagear a grande heroína feirense”, concluiu.

Desfile civico-miliar em comememoração ao 2 de julho, dia da Independência da Bahia
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

Além de celebrar a história e a cultura baiana, o desfile cívico em Feira de Santana é uma oportunidade para ressaltar a importância da independência e da luta pelos direitos e valores democráticos. É um momento de união e reconhecimento daqueles que contribuíram para a construção da identidade e da liberdade do povo baiano.

Prefeito Colbert | Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

O prefeito de Feira de Santana Colbert Martins Filho destacou que o foco da comemoração da Independência da Bahia, em Feira de Santana, é Maria Quitéria, que protagonizou um dos momentos mais marcantes do 2 de julho.

“A homenagem que nós fazemos é para aquela que nasceu aqui, na freguesia de São José das Itapororocas, que é Maria Quitéria de Jesus Medeiros. A primeira militar mulher que efetivamente se alistou e lutou para que tivéssemos a independência consolidada. O 7 de setembro foi o grito da independência, Dom Pedro disse que o Brasil estava separado de Portugal e aí, os portugueses vieram para a Bahia e um ano depois, em 1823, nós lutamos em Cachoeira, na Ilha de Maré, Ilha de Itaparica e quem participou dessas lutas foi Maria Quitéria. Essa é uma homenagem à mulher que teve coragem, teve a fibra de ser a primeira mulher a lutar pela nossa independência. Em Salvador hoje, na comemoração, é dia do caboclo e da cabocla, não tem Maria Quitéria. Em Cachoeira, não tem Maria Quitéria. Naquela época, São José pertencia a Cachoeira, hoje, pertence à Feira de Santana”, declarou.

Capitão José Aderaldo Miranda
Capitão José Aderaldo Miranda | Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

O Capitão José Aderaldo Miranda, da Escola cívico-militar de Jaíba, também estava presente no desfile. Ele falou um pouco sobre a escola,

“A escola cívico-militar é a única escola desse modo no estado, localizada em Jaíba em Feira de Santana. Somos um grupo de oito militares, cuidamos da disciplina e dos valores e a escola conta também com sua tarefa normal, que é a direção, coordenação, gestores e professores, é um binômio. Cuidamos de uma parte e a direção de outra parte de modo que não houve nenhuma mudança substancial no que é ensinado, apenas agregou-se disciplina e valores. A escola existe há anos, mas como cívico-militar ela começou em 2020. É uma escola municipal, mantida pela prefeitura e por uma questão de audiência pública, os moradores de Jaíba solicitaram que a direção aceitasse o convênio do MEC, tornou-se cívico militar desde 2020 e existe uma participação intensa da comunidade. Nos índices do Ideb, mesmo onde há uma área de vulnerabilidade social, estamos acompanhando o crescimento, o avanço das crianças no sentido de formar um cidadão melhor”, informou o militar ao Acorda Cidade.

Alunos da Escola Cívico Militar de Feira de Santana no desfile do 2 de julho
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

“É uma escola comum. Temos alunos do 6º ao 9º ano, só que durante as disciplinas, tem-se uma aula de valores semanal, acolhimento, formatura, canta-se o hino, existe uma preparação, um recurso do MEC para que tivéssemos um laboratório de línguas, ciências, de informática, ou seja, os alunos têm um cuidado maior quanto aos outros da mesma rede. São 500 alunos, estamos com o propósito de mudar para um prédio novo que está sendo construído, uma obra bancada pela prefeitura em cerca de R$15 milhões e provavelmente a inauguração será em setembro”, concluiu.

Alunos da Escola Cívico Militar de Feira de Santana no desfile do 2 de julho
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

O operador de máquinas Hélio Pereira de Souza disse ao Acorda Cidade que participa há 43 anos do desfile cívico-militar em Maria Quitéria, quando o distrito ainda se chamava São José.

“Cheguei em 1979, sou de Serra Talhada, Pernambuco, e vim morar em Feira de Santana. Todo esse tempo acompanho o desfile. É uma maravilha a festa, é uma data importante não só para mim, como para toda a população.

Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

Quem também estava no desfile foi o Arcebispo metropolitano de Feira de Santana, Dom Zanoni Demettino Castro, que celebrou uma missa no evento.

“Esta história também é nossa. No registro histórico há uma coluna que veio lá do sertão da ressaca e quando chegou aqui já fragilizado, parecendo um farrapo, foi justamente esse povo que deu vitória ao povo baiano. Essa data marca a concretização da independência do Brasil, a realização que concretiza em terras baianas a luta contra o império português. Vemos o protagonismo de mulheres, negros e indígenas, na construção de um país diferente, fora do jogo do controle português. Creio que essa é a compreensão da construção da independência, quando nossa democracia foi muito fragilizada e houve uma luta pela construção da paz, da justiça, da democracia. Por isso, fazemos memória de Maria Quitéria que marca essa história e de todo o povo baiano”, declarou.

Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
Fanfarra do exército no Desfile civico-miliar em comememoração ao 2 de julho, dia da Independência da Bahia
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade

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