Feira de Santana

Conselho Municipal de Direitos do Idoso luta por uma delegacia especializada em Feira de Santana

A coordenadora do Convivência Domingos Micarone, Irene Ramos de Azevedo frisou a importância de garantir direitos e proteção aos idosos.

Foto: Arquivo Pessoal
Foto: Arquivo Pessoal

O Centro de Convivência Domingos Micarone, localizada no bairro da Cidade Nova, em Feira de Santana, faz parte do Instituto Antônio Gasparini (IAG), que conta com a coordenação de Irene Ramos de Azevedo Brito, defensora dos direitos dos idosos na região. Além disso, Irene também assume a presidência do Conselho Municipal de Direitos da Pessoa Idosa (CMDPI), ampliando sua atuação em prol dessa parcela da população.

Como presidente do Conselho Municipal de Direitos da Pessoa Idosa, ela tem lutado pela implantação de uma delegacia especializada para os idosos em Feira de Santana. Através de um ofício enviado ao governador, o Conselho expressou a necessidade dessa estrutura, que facilitaria a denúncia de casos de violência contra os idosos. Irene acredita que a existência de uma delegacia exclusiva para esse público poderia encorajá-los a denunciar com mais segurança, promovendo a proteção e a defesa de seus direitos.

Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

“Ainda é muito difícil o idoso denunciar o seu amor, ou seja, aquela pessoa que está dentro de cas. Com uma delegacia própria para ele, eu acredito que ele poderia se sentir mais favórável a ir e fazer a denúncia, pois não é uma delegacia qualquer, é uma delegacia específica para ele. Nós já conversamos neste ano com a Promotora de Justiça da pessoa idosa em Feira de Santana, conversamos com delegados, e eles estão sensíveis ao atendiemtno desse público. Fomos ao Governo do Estado, discursamos na Assembleia tentando sensibiizar a classe política e agora enviamos ao governador, ele foi sensível, nos respondeu e disse que já enviou para o secretário de Segurança Pública e acho que como sociedade nós temos que tentar”, considerou.

Violência contra idosos

A questão da violência contra idosos em Feira de Santana é uma preocupação constante. Segundo Irene, muitos idosos só conseguem falar sobre o assunto quando a violência atinge um patamar extremo, e não há um abrigo público adequado para receber essas denúncias. Ela destacou o trabalho realizado pelo Núcleo de Direito Humanos, que busca sensibilizar as famílias, mas reconhece a necessidade de uma delegacia especializada. Irene sonha até com a criação de uma ronda semelhante à Maria da Penha, que visita os idosos assistidos, oferecendo um suporte contínuo.

“Quando o idoso parte para falar sobre a violência é porque ela já chegou a um patamar extremo e você não tem um abrigo público para falar, o núcleo de Direito Humanos faz um trabalho muito bom de tentar sensibilizar a família, mas não pode tirar o idoso daquele lugar. A gente tenta acompanhar, o Cras, o Creas, os coordenadores sofrem intimidação pelas famílias, então há necessidade de uma delegacia, e eu sonho até com a necessidade de uma ronda, como a da Maria da Penha, que visita as mulheres que são assistidas, seria bom se tivêssmeos uma ronda para assistir esses idosos”, desejou.

Dados estatísticos reforçam a importância de ações concretas, Feira de Santana possui uma população idosa de 12%, e o número de denúncias de violência contra idosos triplicou em relação ao ano anterior, conforme indicado por Irene. O Conselho do Idoso tem observado também que 99% dos atendimentos envolvem conflitos familiares, segundo a coordenadora a presença de profissionais especializados dentro das delegacias, com um olhar diferenciado para os idosos, seria fundamental para lidar com essa questão delicada. Muitos idosos têm dificuldade em se relacionar com o que estão enfrentando e possuem medo de provocarem consequências negativas para seus familiares.

Foto: Arquivo Pessoal

“O idoso tem dificuldade às vezes de falar o que tá acontecendo. Eu atendo idosos que sofrem de violência e quando eles terminam de contar sobre sua situção eles perguntam: ‘Mas você não vai mandar prender minha filha/filho não, ‘né’?. Então o idoso precisa ter alguém que possua um olhar diferenciado para ele”, compartilhou.

Ao Acorda Cidadem Irene lembrou que pensar em uma delegacia especializada para idosos é também pensar no futuro de todos. Com o envelhecimento da população, que estima-se alcançar 50% em 2050, é essencial garantir que os direitos dos idosos sejam protegidos e que eles possam viver com autonomia.

“A resposta positiva do governador, que encaminhou o pedido ao Secretário de Segurança Pública, é um sinal de que as demandas estão sendo consideradas, mas é necessário sensibilizar cada vez mais o poder público e a sociedade civil para essa causa”.

Dona Irene frisou que o olhar diferenciado do governador para Feira de Santana é um passo importante nessa jornada. Enviado em 7 de junho, o ofício já recebeu resposta, e agora cabe acompanhar a tramitação junto ao Secretário de Segurança Pública.

“E nós temos que sensibilizar cada dia mais o poder público e a sociedade civil para termos um olhar diferente para a pessoa idosa. Chegamos a um ponto em que o futuro é envelhecer com dignidade”,

Centro de Convivência

O Centro de Convivência Domingos Micarone tem como objetivo principal empoderar os idosos, oferecendo um ambiente acolhedor e diversas atividades para promover saúde e bem-estar. Irene destacou que muitos idosos chegam ao centro pensando que estão enfrentando problemas de saúde mental, como o início do Alzheimer ou demência, quando na verdade estão apenas sofrendo com a solidão e a tristeza. O Centro de Convivência se propõe a mudar essa realidade, fortalecendo os idosos e proporcionando-lhes uma vida mais saudável.

Foto: Arquivo Pessoal

Atendimentos

Atualmente, o centro conta com 182 idosos cadastrados, que participam de diversas oficinas, como Reiki, dança circular, dança terapia, coral, atividade física e oficina da memória. Além disso, profissionais voluntários, incluindo psicólogos, atendem às necessidades emocionais dos participantes. Em entrevista ao Acorda Cidade, a coordenadora disse que todas as atividades são oferecidas de forma gratuita, bastando ser idoso para participar. O foco está em situação de vulnerabilidade social, mas o atendimento se estende a qualquer idoso que necessite.

Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade

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