Durante os festejos juninos, a queima de fogos de artifícios está entre as tradições mais esperadas por pessoas de todas as idades. A diversão, no entanto, pode trazer diversos riscos para os animais de estimação, sobretudo os cães.
De acordo com o médico veterinário Tiago Zatti Nunes, em entrevista ao Acorda Cidade, por terem um ouvido sensível, o barulho dos fogos assusta os cães, e a reação dos pets muitas vezes elevam o risco de acidentes ou problemas graves de saúde.
“Na época junina é bem cultural no Nordeste a questão dos fogos, que além da beleza tem o barulho, que é uma coisa que incomoda muito nossos pets, pois têm uma audição muito sensível e eles não entendem que aquilo é uma diversão. Então eles têm uma resposta de medo, com tremores, pulos, e a gente pede muita atenção aos tutores neste momento para deixá-los em um ambiente mais calmo, mais tranquilo, para tentar minimizar esses desesperos com esse barulho, esses sustos”, orientou o especialista.
O profissional ressaltou que os ‘pais de pets’ também devem ter alguns cuidados com relação aos cães mais ‘destemidos’, os quais avançam para abocanhar os fogos.
“Por outro lado, existem pets que são mais destemidos e ao verem aquele barulho vão para cima. Então a gente vê acidentes muitas vezes de animais que pegam bombas que explodem na boca e têm que vir fazer a cirurgia reconstrutiva quando dá, e quando não dá correm até risco de ir a óbito, pelo fato de não entenderem que aquilo representam riscos para eles, partirem para cima e acabar abocanhando aqueles fogos”, destacou.
Por serem uma população mais numerosa, os cães acabam sendo os mais afetados pelo barulho dos fogos.
“A gente vê acidentes com animais que pulam de uma janela, pois se assustam, animais que vão para baixo de móveis ou pulam de cima de uma cama e machucam as patas. Tudo isso é uma resposta muito rápida, que ele não prevê o risco e acabam causando acidentes. Isso acontece tanto em junho como no período do Ano Novo, que também tem muitos fogos. Há um tempo peguei um animal que abocanhou uma bomba e esfacelou toda a mandíbula, e a gente teve que fazer a correção, infelizmente o cão ficou com a anatomia modificada, pois perdeu uma parte do queixo, e teve toda uma dificuldade para se alimentar depois, fora a estética que fica bem estranha”, relatou o médico Tiago Zatti.
Para prevenir situações adversas envolvendo os cães neste período do ano, o médico veterinário deu algumas orientações.
“O que a gente pode falar de prevenção é que se vai ter fogos, deixa o animal em um quarto que não dê para ele pular e não se acidentar. Se puder, coloca um tampão feito com uma bolinha de algodão dentro do ouvido para abafar o barulho. Quando você vê o animal com muito medo, a resposta do tutor é ir lá, pegar e abraçar ele, então o cão vai entender que está tendo um conforto e dá a impressão de que ele realmente precisa de um cuidado se ouvir um barulho, o que acaba aumentando o medo. Muitas vezes a gente acaba positivando o medo, por querer acalentar. Evitar também os alimentos, e no primeiro sintoma trazer ao veterinário”, informou.
O profissional salientou ainda que devido ao medo trazido pelo barulho dos fogos, os cães podem sofrer alterações neurológicas e até a morte.
“Devido ao medo, muitos animais têm alteração respiratória, infarto, distúrbios como crises de convulsão, elevação da temperatura e até algum quadro de síncope, desmaios, entre outras situações”, destacou.
Comidas típicas
Outra situação que traz riscos à saúde canina são os alimentos típicos da mesa de São João, que muitas vezes são ofertados aos pets por falta de entendimento ou eles comem por acidente.
“Os alimentos típicos dessa época, que o animalzinho pode comer por engano, como amendoim, bolo, canjica, mugunzá, podem levar às vezes a alguma infecção intestinal por eles não terem o costume de comer esses alimentos, que são gordurosos. Todos esses alimentos que têm muita manteiga, óleo, que contém muita gordura podem levar ao risco de desordens intestinais, e os animais podem precisar ficar internados, tomarem soro, antibiótico e causar preocupações no tutor. O bichinho também tem o estresse, pois precisam ficar no acompanhamento por causa do vômito e da diarreia”, alertou Tiago Zatti.
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade
Siga o Acorda Cidade no Google Notícias e receba os principais destaques do dia. Participe também dos nossos grupos no WhatsApp e Telegram