Feira de Santana

Coordenadora do Centro de Endemias alerta para aumento de casos de dengue em Feira de Santana

Conforme Cíntia Sacramento circulam em Feira de Santana dois sorotipos da doença e a população precisa cumprir medidas de prevenção, a fim de diminuir a propagação da dengue.

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Foto: Agência Brasil

O vírus dengue (DENV) é transmitido por meio da picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti e possui quatro sorotipos diferentes. De acordo com o Ministério da Saúde, o período do ano com maior transmissão da doença ocorre nos meses mais chuvosos de cada região, geralmente de novembro a maio.

O acúmulo de água parada contribui para a proliferação do mosquito e, consequentemente, maior disseminação da doença. Uma das principais medidas para conter a propagação da dengue é evitando água parada, já que os ovos do mosquito podem sobreviver por um ano no ambiente.

No último mês em Feira de Santana foram registradas 1.379 notificações, conforme a coordenadora do Centro de Endemias, Cíntia Sacramento, e desses números foram confirmados 183 casos, no entanto seguem sendo números significativos.

Coordenadora
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

“Porque no ano passado nós tivemos menos que isso no ano todo. A gente tá com esse número bem significativo desde o período de janeiro até início de maio. Segundo o Ministério da Saúde este é um ano epidêmico. De quatro a cinco anos eles deixam uma média de um ano epidêmico, porque nós temos a evolução do mosquito, tem também a resistência à inseticidas e nós temos agora novas variantes do vírus”, apontou.

Em Feira de Santana está circulando o sorotipo 1 e 2, com a presença do cosmopolita, uma linhagem nova do sorotipo 2 que ainda não há registro de pessoas acometidas.

“Os bairros de maiores índices são Campo Limpo, Feira X e também o Tomba. Essas são áreas maiores e próximas ao entroncamento, são áreas que possuem a presença de córregos nos bairros e a presença de outros fatores que somados favorecem esse aumento”, indicou.

Há também casos de Chikungunya e Zica, no entanto são os casos de dengue que chamam mais atenção. “Foram notificados 40 casos de Chikungunya, mas desses foram confirmados apenas oito, e no caso de Zica tivemos 5 notificações e confirmadas duas”.

O trabalho dos agentes de endemias está sendo intensificado nas residências.

“Estamos com a distribuição de capas para colocar em locais que tem tanques, tonéis e recipientes que perderam a capa. Estamos distribuindo panfletos e pedimos que aquelas pessoas que estão com casas fechadas, abandonadas, que liguem para o número 156 para os agentes de endemias fazerem uma vista”, orientou.

A coordenadora relatou a importância das pessoas abrirem as residências para os agentes examinarem. “Para que eles entrem, verifiquem, pois eles têm um olhar diferenciado para fazer a identificação dos focos”, garantiu.

Recomendações:

No dia a dia é importante que o morador verifique a sua residência para evitar o acúmulo de água.

  • Deve-se reduzir a infestação de mosquitos por meio da eliminação de criadouros;
  • Analisar se há água parada ou focos de mosquitos em calhas;
  • Manter os reservatórios e qualquer local que possa acumular água totalmente cobertos com telas/capas/tampas, impedindo que o mosquito coloque ovos;
  • Medidas de proteção individual para evitar picadas de mosquitos devem ser adotadas por viajantes e residentes em áreas de transmissão;
  • A proteção contra picadas de mosquito é necessária principalmente ao longo do dia, pois o Aedes aegypti pica principalmente durante o dia.

Público-alvo

A dengue pode acometer pessoas de todas as idades, no entanto existe um índice maior em crianças e adolescentes que não foram ainda picados pelo mosquito.

“A gente tem um índice maior e mais propício em crianças e adolescentes, porque eles não foram picados pela dengue. A dengue tem quatro sorotipos, e quando você é picado por aquele sorotipo você cria uma imunidade e não tem mais dengue por aquele sorotipo. Crianças e adolescentes que não foram ainda picados ficam mais suscetíveis”, sinalizou.

A dengue pode levar a morte. “Se não for feito a hidratação adequada, no tempo adequado ela pode levar ao óbito e é rápido”.

Os principais sintomas da dengue são:

  • Febre alta > 38°C;
  • Dor no corpo e articulações;
  • Dor atrás dos olhos;
  • Mal-estar;
  • Falta de apetite;
  • Dor de cabeça;
  • Manchas vermelhas no corpo.

Prevenção

O trabalho com os agentes de endemias já é uma forma de prevenção. “Mesmo que não leve à morte, a doença possui sequelas como a Chikungunya e a Zica, que trazem dores, febre e mal-estar”, elencou.

A cada mês os índices de dengue estão aumentando em Feira de Santana. “Em março tivemos um índice bem significativo e em abril e esperamos que neste mês e em junho esses índices diminuam. Vamos entrar no inverno, mas sabemos que o clima de Feira é bem diferenciado, então a gente tem chuvas e ao mesmo tempo sol, a temperatura alta favorece o desenvolvimento do mosquito. Então temos que ficar bastante atentos com as ações, a fim de evitar esse aumento”, alertou.

Mãe e filha foram picadas pelo mosquito

Ao Acorda Cidade, a auxiliar financeira, Leilane Batista Santana contou como foram os sintomas apresentados.

“No dia 21 de abril minha filha estava com febre de 39.9 e passou uma semana com essa febre, levei para emergência, porque a febre ia e voltava e eu estava dando Dipirona para ela. Eu levava ela para a emergência e ela estava sem dor de garganta e sem sintomas gripais. No dia 8 de maio, eu retornei com ela para a emergência para verificar, pois a febre tinha voltado novamente. Os profissionais fizeram exame de sangue e as plaquetas dela estavam normais e deu negativo para a dengue. Voltamos para casa e três dias depois minha filha já estava com dor nos membros e sem conseguir andar, aí a profissional pediu um outro exame específico e constatou que minha filha tinha tido uma Miosite e constatou que as plaquetas dela tinham elevado. Ela ficou quatro dias internada e no terceiro dia de internamento dela, eu comecei a sentir dor nas costas, na articulação, dor nas pernas e me sentindo muito fraca e sem vontade de comer, aí quando fui para a emergência e fizeram os testes as minhas plaquetas já estavam baixas e constataram a dengue. Eu fiz o uso de medicamentos, mas não fiquei internada”, descreveu.

O médico solicitou que Leilane tomasse bastante líquido.

“Ele falou para eu ir no dia seguinte para verificar novamente as minhas plaquetas, e caso estivessem mais baixas do que 50 ele iria solicitar o meu internamento para eu poder fazer o uso de medicamento lá e a reidratação, mas eu não precisei, porque no dia seguinte as minhas plaquetas já tinham subido um pouco. O médico orientou que eu fosse três dias seguidos para que ele pudesse fazer esse controle, mas graças a Deus eu não precisei ficar internada”, abordou.

Alguns dos sintomas sentidos por Leilane foram dores de cabeça e dor no corpo.

“Teve pessoas na rua que eu moro que também tiveram dengue, no entanto essas pessoas não precisaram ser hospitalizadas como eu e minha filha ficamos”.

A auxiliar financeira ressaltou ao Acorda Cidade que na sua casa não tem água parada, no entanto no fundo da sua casa tem uma residência que está praticamente abandonada, além de outra casa que possui piscina e está sem manutenção.

“Tem uma casa que faz fundo com a minha que está praticamente abandonada, está com placa de venda, mas está fechada, tem outra casa que possui piscina e está fechada. As pessoas têm que ter cuidado e denunciar, porque se não denunciar os órgãos responsáveis não poderão fazer a prevenção. E não está tudo bem, foi muito grave o que passamos. Os médicos falaram que se eu demorasse mais com a minha filha dentro de casa as articulações dela iriam ficar paralisadas, porque ela evoluiu para uma inflamação nos músculos devido a evolução para Miosite. Na minha casa não tem água parada, mas na casa do meu vizinho tem. As pessoas precisam ter consciência e empatia com o outro, o que eu não quero para mim eu não vou querer para o meu próximo. As pessoas precisam denunciar os locais com muito lixo e água parada para que possamos ficar bem”, concluiu a mãe.

Com informações do repórter Ed Santos e da jornalista Maylla Nunes do Acorda Cidade

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