Sentir a dor do outro é um paradoxo para a humanidade. Então pense em uma dor que os olhos não veem, mas o corpo todo sente, assim é a fibromialgia. Atenta aos direitos e à necessidade de políticas públicas voltadas para essa população, a deputada estadual Maria Del Carmen (PT) promove o I Fórum Sobre Fibromialgia na Bahia, no dia 25 de maio, às 14h, no Plenarinho da Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA), alinhada às Comissões de Saúde da Mulher e de Saúde e Saneamento e apoio das associações dos municípios de Salvador (Afibs), Lauro de Freitas (Fibrolauro) e Candeias (Asfifac), Associação Nacional (Anfibro) e dos Coletivos de Pessoas com Fibromialgia de Camaçari e Simões Filho.
O objetivo do Fórum é discutir a situação da fibromialgia no Estado, buscar apoio para a implantação de políticas públicas que garantam os direitos das pessoas com fibromialgia na Bahia. O público alvo são as pessoas com fibromialgia, familiares, apoiadores, profissionais de saúde, autoridades públicas e pesquisadores da temática.
Del Carmen é autora do Projeto de Lei nº 23.996/2020, que tramita na Casa Legislativa e propõe a criação do Programa de Cuidados para Pessoas com Fibromialgia para facilitar o acesso a serviços de diagnóstico e tratamento da síndrome, melhorando consequentemente a qualidade de vida de quem convive com a doença. A aprovação da proposição, que é aguardada pelas pessoas com fibromialgia, prevê ampliação do acesso e qualificação do atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS), além do estímulo à pesquisa científica, contemplando estudos epidemiológicos para dimensionar a magnitude e as características da doença no Estado, em consonância com as políticas públicas vigentes em nível nacional.
Lei estadual sugerida pela parlamentar petista e aprovada em Plenário institui o 12 de maio como o Dia de Conscientização Sobre Fibromialgia na Bahia. Em 2021, o Congresso Nacional aprovou e o Governo Federal instituiu o 12 de maio como Dia Nacional de Conscientização e Enfrentamento à Fibromialgia.
Hipersensibilidade à dor
Cientificamente denominada como síndrome fibromiálgica (FM), a fibromialgia é uma enfermidade reumática dolorosa, multifatorial, crônica com episódios de dor incapacitante que duram mais de três meses, sem causa definida, se manifesta ou existe sozinha, tem associação com sensibilidade excessiva, sensação de cansaço, sono não reparador, depressão, ansiedade, alterações de memória e dos hábitos intestinais.
A FM é caracterizada por intensas e crônicas dores musculares e nos tecidos fibrosos (tendões, ligamentos) e acomete mais de 4 milhões de pessoas, no Brasil, com prevalência entre as mulheres, que correspondem a 95% dos fibromiálgicos. Distúrbios do humor como ansiedade e depressão, alterações da concentração e de memória são alguns fatores que acometem os doentes.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a fibromialgia está associada ao sofrimento significativo e perda da capacidade funcional. Para a presidente da Associação de Pessoas com Fibromialgia de Salvador (Afibs), Silvia Ribeiro, o evento é de grande importância para alertar as autoridades sobre o sério problema de saúde pública que é a fibromialgia. “Nos movimentamos para que haja visibilidade à nossa dor e para que sejam adotadas medidas de cuidado integral, prevenção ao agravamento do quadro e redução do risco de incapacidade funcional”, ressalta Ribeiro, diagnosticada com fibromialgia em 2015, com histórico de dor desde 2010, que impactaram sua qualidade de vida, com reiterados atendimentos médicos, dores incessantes, dificuldade de diagnóstico e afastamento funcional.
Diagnóstico, tratamento multidisciplinar, restrições e qualidade de vida
O diagnóstico é essencialmente clínico, de acordo com os sintomas informados pelos pacientes nas consultas médicas, tais como a identificação de pontos dolorosos sob pressão, também chamados de tender-points. Não existe um exame específico para sua descoberta, de forma que o diagnóstico resulta dos sintomas e sinais reconhecidos nos pacientes, bem como da realização de distintos exames que são utilizados para excluir doenças que possuem sintomas semelhantes à fibromialgia.
Ainda não há cura para a fibromialgia, sendo o tratamento parte fundamental para que não se dê a progressão da doença que, embora não seja fatal, implica severas restrições à existência digna dos pacientes, sendo pacífico que eles possuem uma queda significativa na qualidade de vida, impactando negativamente nos aspectos social, profissional e afetivo de sua vida. O tratamento ideal é visto de forma integral com equipe multidisciplinar: médico, nutricionista, psicólogo, psiquiatra, educador físico, alimentação equilibrada e saudável.
Alteração da percepção da sensação de dor
Mesmo sem comprovação definitiva, a hipótese mais plausível é de que pacientes com FM apresentam alteração da percepção da sensação de dor, tais resultados são baseados em estudos complexos com o cérebro dos pacientes em funcionamento, e também porque pacientes com FM apresentam outras evidências de sensibilidade do corpo, como no intestino ou na bexiga.
Estudos científicos apontam que após um gatilho, como uma dor localizada maltratada, um trauma físico ou uma doença grave alguns pacientes desenvolvem condições como sono alterado, problemas de humor e concentração. Pertinentemente causados pela dor crônica, e não ao contrário.
A FM acomete 2,5% da população mundial, sem diferenças entre nacionalidades ou condições socioeconômicas. Afeta mais mulheres do que homens e aparece entre 30 a 50 anos de idade, contudo, a literatura médica mostra que existem pacientes mais jovens e mais velhos.
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