Dia de Combate à Cefaleia

Neurologista destaca importância de identificar diferentes tipos de dor de cabeça para um tratamento eficaz

A neurologista Patrícia Schetinni frisou a importância de um estilo de vida saudável para o alcance de melhores resultados no tratamento.

Foto: Pixabay
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O Dia de Combate à Cefaleia é celebrado nesta sexta-feira (19). O objetivo da data é orientar a população sobre essa condição médica comum, mas muitas vezes subestimada. A cefaleia, ou dor de cabeça, é uma patologia muito frequente nos consultórios de neurologistas que afeta milhões de pessoas em todo o mundo e pode ter um impacto significativo na qualidade de vida.

Tipos de cefaleia

Ao Acorda Cidade, a médica neurologista Patrícia Schetinni informou que existem diversos tipos de cefaleia, sendo os mais comuns a enxaqueca, a cefaleia tensional e a cefaleia em salvas. Segundo Patrícia, há mais de 150 tipos de cefaleias e somente na avaliação médica especializada é possível analisar na história do paciente as características de cada tipo de dor.

Neurologista
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

Enxaqueca

A enxaqueca é uma forma comum de cefaleia que geralmente é acompanhada de sintomas adicionais, como náuseas, sensibilidade à luz e ao som, e em alguns casos, aura visual. Essas dores de cabeça podem durar de algumas horas a vários dias e têm um impacto significativo na qualidade de vida dos indivíduos afetados.

“O paciente com enxaqueca, por exemplo, existem alguns critérios diagnósticos de característica de dor muito compatível com o quadro, essa dor pode ser unilateral ou em todo o crânio, que chamamos de holocraniana, mas ela vem habitualmente acompanhada de outros sinais e sintomas muitos característicos da doença, por exemplo, náuseas, vômitos, sensibilidade à luz, sensibilidade ao barulho, uma dor incapacitante que pode levar de 4 até 72 horas e com um padrão de recorrência. Então essas características nos permitem direcionar um diagnóstico do paciente com dor de cabeça para um diagnóstico de enxaqueca”, exemplificou.

Cefaleia tensional

A cefaleia tensional é caracterizada por uma dor em pressão ou aperto na cabeça. Geralmente é causada pelo estresse, tensão muscular ou postura inadequada. Essa forma de cefaleia pode ser crônica ou episódica, com intensidade variável. Esse tipo de dor também é muito comum no dia a dia de avaliações, sinalizou a médica.

“É uma dor contínua, podendo ser também com as mesmas características de localização da enxaqueca, mas costumam durar por mais tempo e o paciente toma medicamento, mas não alivia. E tem a tendência de se manter o mesmo padrão sempre, mas não tem muita náusea, vômito, não tem sensibilidade à luz e ao barulho. Essas nuances das características da dor são extremamente importantes para que no ambiente do escritório possamos fazer essa diferenciação e tentar passar a terapêutica correta para esse paciente”, disse.

Cefaleia em salvas

A cefaleia em salvas é uma condição menos comum, porém extremamente intensa e debilitante. As dores são descritas como uma dor aguda e penetrante, geralmente localizada em um dos lados da cabeça, acompanhada de sintomas como vermelhidão nos olhos, lacrimejamento e congestão nasal.

Importância do diagnóstico

As dores de cabeça são classificadas em primária, nas quais englobam a enxaqueca, a cefaleia tensional, e secundárias que são aquelas ligadas à traumas cranianos, problemas e desordens psiquiátricas e ao abuso do uso de medicamentos analgésicos.

Conforme a neurologista, algumas pessoas são mais suscetíveis às dores de cabeça como as mulheres, devido a questões menstruais e a alterações hormonais.

“Se tratando de dor a cefaleia merece ser investigada e ter o tratamento correto. A gente orienta aos pacientes que sempre procurem o serviço especializado para o correto diagnóstico da patologia”.

Existem situações que fazem com que um paciente procure com mais urgência um serviço para o diagnóstico como:

  • Aquele paciente que nunca teve dor de cabeça e passa a ter com mais frequência;
  • Paciente que já tinha uma dor de cabeça, porém tem uma mudança súbita no padrão dessa dor;
  • Paciente que tenha uma dor de cabeça associada a um déficit neurológico, como uma perda visual, ou uma dormência nos membros, ou perda de força;
  • Aquele paciente que apresenta dor de cabeça associada a uma crise convulsiva.

“Esses são sinais de alerta que a gente precisa direcionar os pacientes com mais urgência para uma investigação mais precisa. Esses sinais podem estar associados a um princípio de AVC, mas também de um tumor cerebral ou de outras patologias intracranianas que precisam de intervenções mais precoces”, destacou.

Causas ou fatores desencadeantes

Os fatores exatos da cefaleia ainda não são completamente compreendidos. No entanto, o seu surgimento pode estar associado a:

  • Alterações nos neurotransmissores cerebrais, como a serotonina.
  • Disfunção dos vasos sanguíneos cerebrais.
  • Estresse emocional.
  • Alterações hormonais.
  • Má postura e tensão muscular.
  • Exposição a certos alimentos, bebidas ou aditivos.
  • Alterações climáticas, variações de pressão atmosférica, dentre outros.

Prevenção e tratamento

A prevenção correta só será realizada após o diagnóstico, frisou a médica. “A prevenção da enxaqueca, por exemplo, existe. A gente tem medicamentos específicos para fazer essa prevenção e existem medicações que são direcionadas ao tratamento específico da crise. Então o paciente precisa ter um diagnóstico correto para fazer o tratamento efetivo e a prevenção, evitando idas ao serviço de emergência”, indicou.

O café pode aumentar a dor de cabeça? A neurologista disse que não.

“Isso é muito individual. Os pacientes que tomam café de forma moderada eles não vão ter piora na dor de cabeça, enquanto outros que deixam às vezes de tomar o café podem piorar. No geral, a gente não indica o excesso de cafeína, porque vai fazer mal para a saúde cardiovascular. Mas existe muito essa conversa sobre o café e a dor de cabeça, eu costumo orientar que se o paciente tem o hábito de tomar café eu não vou retirar o café desse paciente, mas vou orientá-lo a usar de forma bem moderada”, explicou.

Prática de bons hábitos

Embora cada tipo de cefaleia tenha suas características específicas, existem algumas medidas gerais que podem ajudar a prevenir ou reduzir a frequência e a intensidade das crises:

Identificação de gatilhos: Manter um diário de dor de cabeça pode ajudar a identificar os fatores desencadeantes, como certos alimentos, estresse, alterações hormonais, falta de sono, entre outros. Evitar esses gatilhos pode ajudar a prevenir as crises.

Estilo de vida saudável: Ter uma alimentação balanceada, praticar exercícios regularmente, dormir bem e evitar hábitos prejudiciais, como consumo excessivo de álcool e tabagismo, podem contribuir para a redução das crises de cefaleia.

Gerenciamento do estresse: Aprender técnicas de relaxamento, como meditação, ioga e exercícios de respiração, podem ajudar.

“A gente precisa fazer bem o dever de casa que é a nossa base e a partir daí a gente pode tentar inserir a terapia. Nem tudo consegue se resolver com a medicação, às vezes eu posso estar tratando corretamente o paciente, porém esses outros fatores estão todos desalinhados. O paciente não dorme bem, tem uma péssima alimentação, tem péssimos hábitos de saúde no geral e a gente não consegue ter controle efetivo, e às vezes não é a medicação, mas a base, ou seja, não há a sustentação para que esse tratamento possa progredir”, concluiu.

Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade

Ouça a entrevista na íntegra:

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