Superação

'Irmãe': conheça a história da jovem que aos 15 anos passou a cuidar dos irmãos após morte dos pais

Como mensagem à todas as mães, Maíra salientou que por mais que seja dolorosa uma missão, Deus sempre capacita o ser humano.

Foto: Arquivo Pessoal
Foto: Arquivo Pessoal

Celebrado sempre no segundo domingo do mês de maio, o Dia das Mães é uma data que não passa em branco de maneira nenhuma. Seja pelo carinho, pelo afeto, pelas vendas que aquecem o comércio das cidades, o amor prevalece por aquela que sempre faz o melhor pelo bem do filho.

Ser mãe não significa apenas dar à luz, mas conduzir para toda a vida. Ser mãe, não é só criar um filho, mas é aprender a amar, respeitar e orientar.

A assistente administrativa Maíra Neves, hoje com 22 anos, se tornou mãe aos 15, após um trágico acidente tirar a vida dos pais, Elton João Barbosa Neves e Maria Ionara Crispim Neves, no ano de 2015 em uma viagem para Fortaleza.

Elton João Barbosa Neves (pai) e Maria Ionara Crispim Neves (mãe) | Foto: Arquivo Pessoal

Ao Acorda Cidade, Maíra relembrou os momentos de pânico vivenciados após o acidente.

Família reunida em última viagem à Fortaleza em 2015 | Foto: Arquivo Pessoal

“Meus pais trabalhavam viajando, então a gente sempre estava unido, eram todos viajando juntos e infelizmente em uma viagem para Fortaleza, no estado do Ceará, aconteceu um acidente e que foi uma fatalidade. Estávamos nós cinco, minha mãe faleceu no momento do acidente, meu pai passou três dias em coma e faleceu. Meu irmão teve traumatismo craniano, passou um tempo em recuperação, eu fiquei mais estável, porém passei um mês ali ainda em recuperação, só minha irmã Isabelly que não teve nada, graças a Deus. Eu não sei como foi que aconteceu este acidente, no momento estava dormindo e quando eu acordei, já estava no hospital e tinha levado pontos. Era uma viagem para Fortaleza, íamos passar o Natal lá e era o aniversário do meu pai, o acidente foi no dia 21 de dezembro de 2015 e meu pai completaria idade nova no dia 22”, lembrou.

Na época, toda família de Maíra residia em Aracaju, capital do estado de Sergipe. Após o acidente, Maíra junto com os irmãos, Elton João Barbosa Neves Júnior, hoje com 21 anos e Isabelly Crispim Neves, de 9, passaram a morar em Itaberaba, interior da Bahia, junto com a família materna.

“Quando teve a liberação do corpo da minha mãe, fomos para Itaberaba onde aconteceu o sepultamento e também onde passei a morar durante 1 ano com minhas tias maternas. Meu irmão ainda estava hospitalizado, mas quando teve alta, passou a morar em Feira de Santana, junto com minha avó paterna, pois ele precisava fazer alguns procedimentos médicos. Cerca de três dias depois do acidente, meu pai que estava em coma também faleceu e foi sepultado em Feira. Quando meu irmão melhorou, ele também foi morar em Itaberaba, só que depois decidimos vim morar em Feira, não tinha mais como ficar lá porque a minha tia já tinha três filhos, e ainda ter a responsabilidade de mais três sobrinhos, ficaria pesado e aqui já tinha a casa da minha vó, ela que morava sozinha em uma casa grande, nós já tínhamos algumas amizades, uma cidade maior, oportunidade de emprego e assim aconteceu. Alguns meses já morando aqui em Feira, eu tive o meu primeiro estágio na Rádio Sociedade, lembro que foi no dia 17 de dezembro de 2017 e meu irmão também conseguiu um estágio em outro local”, disse.

Atualmente, Maíra Neves já está casada e reside com o esposo e os dois irmãos. Ao Acorda Cidade, ela contou os desafios que ainda são encontrados.

Foto: Arquivo Pessoal

“Hoje eu resido na minha casa com meu esposo e meus dois irmãos, já tenho a guarda da minha irmã, meu irmão já está de maior, então eu fiquei com Isabelly que está sobre a minha responsabilidade. Posso dizer que foi uma missão muito desafiadora e tem sido um desafio diário. Na época com 15 anos, com uma irmã de 2 anos e meio, foi uma missão muito difícil. Hoje em dia está sendo um pouco mais fácil, ela já está maiorzinha, já tem 9 anos de idade, já tem a independência dela nas atividades diárias, eu continuo tendo o suporte da minha avó nos períodos da tarde, minha irmã fica na casa dela enquanto eu trabalho e depois vou buscar. Eu digo que tenho sido ‘irmãe’, dizem que o conceito da palavra é que por via de regra, é destinada a irmã mais velha e tem que ser um conceito de forma positiva, lugar de mãe e pai, ninguém ocupa, mas eu estou nesta missão tentando dar o meu melhor por eles”, enfatizou.

Apresentação de Dia das Mães em 2016, após o acidente. | Foto: Arquivo Pessoal

Desde o acidente, todo período de Dia das Mães, Maíra é homenageada na escola da irmã. Segundo ela, este é um momento de grande emoção na vida delas.

Foto: Arquivo Pessoal

“Desde o primeiro Dia das Mães sem a nossa mãe, eu tenho acompanhado ela nas homenagens do Dia das Mães. Minha tia não podia comparecer porque trabalhava, minha avó já era uma pessoa mais de idade, às vezes não podia comparecer, então sempre eu comparecia nestas datas e tem sido um momento muito emocionante tanto para mim, quanto para Isabelly. Logo no início era mais difícil, hoje em dia acredito que ela já tenha um certo entendimento do que significa aquela data para ela, de ver os colegas dela tendo uma mãe, e ela me ter como estar referência na vida dela, isso é muito gratificante”, destacou.

Como mensagem à todas as mães, Maíra salientou que por mais que seja dolorosa uma missão, Deus sempre capacita o ser humano.

“A mensagem que eu tenho para dar neste dia tão importante, é que por mais dolorosa que seja, por mais difícil que seja esta missão de ser mãe, Deus nos capacita. Naquele momento de dor eu achei que eu não fosse suportar esta missão, foi um momento que eu pensei e agora? O que é que eu faço? E por vezes eu tive que ser forte. A gente sabe que por mais inesperada que seja, por mais que não seja planejada, a gente acha que não vai dar conta, mas Deus nos capacita diariamente”, concluiu.

Com informações da jornalista Maylla Nunes do Acorda Cidade

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