A cinomose canina é uma doença causada por um vírus, que afeta cães. Altamente contagiosa, costuma acometer cães que ainda não terminaram o esquema vacinal, ao exemplo de filhotes ou que não costumam receber o reforço anual da vacina múltipla.
Em entrevista ao Acorda Cidade, o médico veterinário Tiago Zatti explicou como funciona o processo da transmissão de um animal para o outro, além dos sintomas causados.
“Este é um vírus específico do cão, até então a gente não conseguiu ver relatos isso no modo felino, mas provavelmente por alguma dificuldade do vírus infectar as células do gato, como tem doenças que acontecem apenas no ser humano, tem doenças que acontecem apenas nos animais, e no caso da cinomose, só acontecem nos cães. Como todo vírus, a principal transmissão é o ambiente, o contato com o animal doente, um ambiente onde o animal doente passou, urinou, espirrou, caiu alguma secreção do olho dele, então o animalzinho cheira e acaba tendo esse contato, além da transmissão. A cinomose tem duas fases, a fase inicial onde começa como qualquer virose, febre, secreção ocular no cão, secreção nasal, diarreia, um vômito, e a partir daí ela vai evoluindo e chega na fase neurológica, que é a fase mais fácil de visualização quando o cão começa a ter tremores, começa a balançar a cabeça, tremor de musculatura, começa a ranger os dentes ou bater os dentes, começa a ter convulsões, já não consegue mais andar, anda cambaleando ou se arrastando pelo chão, é a fase neurológica, a fase mais avançada da doença”, explicou.
Tratamento
De acordo com o médico veterinário, quanto mais cedo for identificado que o animal está apresentando alguma diferença, o ideal é que o mesmo seja encaminhado para uma unidade.
“Quanto mais cedo o diagnóstico, melhor o prognóstico. O prognóstico é a chance de recuperar este animal, então se tem um diagnóstico precoce, a gente tem uma chance maior de salvar ele porque a cinomose tem cura, não são todas, a maior parte a gente acaba perdendo. Esse tratamento é demorado, algumas vezes você faz em casa, algumas vezes há a necessidade de internar o animal. A internação tem o valor agregado, um valor mais alto porque tem que ter todo um acompanhamento e o profissional que está manuseando este animal, portador da doença, tem que estar paramentado com luvas, com jaleco, com proteção para os pés, para não transmitir aos outros animais”, disse.
O SUS disponibiliza este tipo de vacina contra a cinomose?
Segundo Tiago Zatti, por se tratar de uma doença que não é transmitida para o ser humano, o Sistema Único de Saúde (SUS) não disponibiliza.
“Infelizmente é uma vacina que não é fornecida, e aí que muita gente se passa quando a gente pergunta se o animal é vacinado e todo mundo responde que sim. ‘Eu levei na campanha’, mas na campanha só existe a vacinação contra raiva que é uma doença que passa para o ser humano, como a cinomose não passa para o ser humano, o poder público não tem interesse de fornecer esta vacina para a sociedade como um todo, então só de forma particular. É uma vacina onerosa, porque aqui no Brasil a gente não tem uma vacina específica para cinomose, existe uma vacina que abrange várias doenças, dentre elas a cinomose que a gente chama de vacinas múltiplas. Algumas pegam sete doenças, oito doenças, outras 10 doenças, só para cinomose não tem. A gente tem que montar esse protocolo e acaba sendo uma vacina onerosa principalmente as importadas, variando de R$ 80 a R$ 100. Mas se pararmos para analisar, uma consulta hoje é equivalente a este valor, então você previne uma consulta porque você aplicou a vacina, além de não correr o risco de perder o seu animal, custo com tratamentos, então é mais barato prevenir do que remediar”, destacou.
O médico veterinário aproveitou para alertar à população feirense sobre os surtos que são registrados em Feira de Santana.
“Feira de Santana já vem sofrendo há alguns anos sobre os surtos de cinomose. A gente começa a ver animais tanto filhotes, como adultos pegando esta doença, a gente começa a se assustar quando esta demanda surge de uma hora para outra e por ser uma doença muito agressiva, o índice de perda é alta. A gente acaba sofrendo também, além da dor do paciente com a perda do tutor, do filhote, a gente tem que ter muito cuidado ao adquirir esse filhote, de cuidar desse animal”, concluiu.
Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade
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